Com a saída iminente anunciada nos principais veículos do País, a ministra Nísia Trindade anunciou a produção a partir do ano que vem de vacina nacional contra a dengue. Foto: José Cruz/Agência Brasi
Vacina da dengue 100% nacional e de dose única já no ano que vem. É o que prevê um acordo anunciado nesta terça-feira (25) pelo governo federal. A produção será do Instituto Butantan em parceria com a empresa WuXi Biologics.
A ideia é produzir 60 milhões de doses anuais dentro do Programa Nacional de Imunizações para 2026 e 2027. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, explica que a meta é vacinar todo o público alvo.
"Será uma vacina em dose única e válida para os quatro sorotipos. Esperamos em dois anos poder vacinar toda a população elegível", disse Nísia.
Idosos, por enquanto, ficam de fora porque ainda precisam ser feitos testes quanto a segurança da imunização dessa população. O acordo também prevê recursos de R$ 68 milhões para estudos clínicos que vão ampliar a faixa etária da vacinação contra a chikungunya.
O acordo assinado no Palácio do Planalto prevê, ainda, a produção da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório e a incorporação dela ao SUS. A parceria é do Butantan com a farmacêutica Pfizer. Vão ser oito milhões de doses por ano contra essa doença, que é responsável por 80% das internações de crianças pequenas, como explicou Nísia Trindade.
Vai ter vacina também contra a Influenza H5N8: 30 milhões de doses por ano. O presidente Lula não discursou no evento, mas o vice-presidente, Geraldo Alckmin, aproveitou para fazer uma linha do tempo das epidemias e surtos de doenças respiratórias que o mundo enfrentou nos últimos anos, deixando bem claro que a vacina representa um grande avanço para o país.
Outro termo assinado foi para aumentar a produção nacional da insulina Glargina, que poderá chegar a 70 milhões de unidades por ano ao final do projeto. O primeiro fornecimento já ocorre no segundo semestre. Uma parceria para o desenvolvimento de uma vacina contra a gripe aviária também foi assinada.
O Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, foi contemplado em três dos quatro projetos anunciados nesta terça (25) pelo governo federal durante evento em Brasília (DF). As parcerias aprovadas visam alavancar o desenvolvimento e a produção de vacinas contra a dengue, gripe aviária e vírus sincicial respiratório no Brasil, no âmbito dos editais do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) e de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), do Ministério da Saúde. Estiveram presentes o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, e o diretor-executivo da Fundação Butantan, Saulo Nacif.
Uma das PDPs é uma colaboração inédita entre o Butantan e a Pfizer para a produção da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), causador de bronquiolite e pneumonia em recém-nascidos. A transferência da tecnologia permitirá a produção de 8 milhões de doses por ano, destinadas às gestantes, e poderá evitar 28 mil internações anualmente. O VSR é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e por 40% dos casos de pneumonia em bebês menores de 2 anos, segundo o Ministério da Saúde.
Para a vacina da dengue Butantan-DV – a primeira de dose única contra a doença e que se encontra em validação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – será estabelecida uma parceria com empresa privada para ampliar as capacidades de produção, por meio do PDIL. A expectativa é disponibilizar, a partir de 2026, 60 milhões de doses da vacina por ano no Sistema Único de Saúde (SUS), em caso de aprovação da Anvisa. Entre 2023 e 2024, o Brasil viveu um aumento de 300% nos casos de dengue.
Já o imunizante contra a gripe aviária H5N8, em desenvolvimento pelo Butantan e atualmente na primeira etapa de estudo, representa uma preparação para uma possível pandemia. A partir do PDIL entre o Instituto e o Ministério da Saúde, será garantido um estoque estratégico da vacina e, em caso de emergência sanitária, haverá capacidade para imunizar a população. A influenza aviária tem gerado preocupação com os recentes casos reportados em humanos no mundo. Nos Estados Unidos, em 2024, mais de 60 casos foram registrados. Até o momento, o Brasil não registrou a doença em pessoas.
Fonte: Butantan e RadioAgência Nacional