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'Leitura atenta revela que não tem nada ali' afirma Moro

Ministro se pronunciou nesta segunda-feira sobre matéria do The Intercept Brasil

Por Jonas Feliciano em 10/06/2019 às 18:47:41

Foto: José Cruz/Agência Brasil/Divulgação

No último domingo (9), uma matéria publicada pelo veículo The Intercept Brasil pôs em cheque a credibilidade de integrantes da Operação Lava-Jato. A divulgação de mensagens trocadas entre o atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da república, Dartan Dallagnol, revelaram uma possível proximidade entre os dois durante as investigações da força tarefa.

Apesar dos fatos expostos na reportagem dos jornalistas Glenn Greenwald, Rafael Moro Martins e Alexandre de Santi, em seu perfil oficial no Twitter, Moro acusou a matéria de sensacionalista.

"Muito barulho por conta de publicação por site de supostas mensagens obtidas por meios criminosos de celulares de procuradores da Lava Jato. Leitura atenta revela que não tem nada ali apesar das matérias sensacionalistas. Abaixo nota", escreveu o ex-juiz.

Em nota oficial, o atual Ministro da Justiça também lamentou a postura do The Intercept Brasil.

"Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.

Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer ? anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato", concluiu Moro.

Ainda de acordo com o Intercept, os arquivos exclusivos também revelaram uma discussão dos procuradores sobre formas de inviabilizar uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, que já havia sido autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, pois segundo Dallagnol, em suas palavras, ela "pode eleger o Haddad" ou permitir a "volta do PT" ao poder.

No domingo, em seu perfil no Twitter, Dallagnol sugeriu que os fatos estavam fora do contexto.

"A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do "hacker" para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato", publicou.

Nesta segunda (10), Dallagnol voltou a postar sobre o assunto em sua rede social.

"Os procuradores da Lava Jato não vão se dobrar à invasão imoral e ilegal, à extorsão ou à tentativa de expor e deturpar suas vidas pessoais e profissionais", escreveu.

Polêmica

Durante toda a segunda-feira, o conteúdo das matérias jornalísticas publicadas pelo Intercept foram assunto nas redes sociais. No Twitter, as hashtags #Morocriminoso e #Euapoioalavajato dominaram os trending topics.

Em nota, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) manifestou-se sobre a citação do Intercept.

"Diante desse fato, é importante esclarecer pontos da atuação institucional da Ajufe, que há quase cinco décadas representa a magistratura federal brasileira.

A Ajufe tem entre seus princípios pugnar pelo fortalecimento do Poder Judiciário e de seus integrantes, atuar pelo aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito e pela consolidação dos direitos humanos. A entidade também prioriza a defesa institucional da carreira e a preservação das prerrogativas de seus associados, assim como toda associação ou órgão de representação de classe".

Em outro trecho do comunicado, a associação de juízes ressaltou a necessidade de esclarecimentos.

"As informações divulgadas pelo site precisam ser esclarecidas com maior profundidade, razão pela qual a Ajufe aguarda serenamente que o conteúdo do que foi noticiado e os vazamentos que lhe deram origem sejam devida e rigorosamente apurados.

A Ajufe confia na honestidade, lisura, seriedade, capacidade técnica e no comprometimento dos Magistrados Federais com a justiça e com a aplicação correta da lei. Seremos incansáveis na defesa da atuação de nossos associados", concluiu a nota.

O Partido dos Trabalhadores também emitiu uma nota oficial sobre as revelações das reportagens. No texto, o PT listou algumas possíveis arbitrariedades cometidas na Operação Lava-Jato:

"1) A Força-Tarefa da Lava Jato mentiu sobre o tríplex do Guarujá, pois Deltan Dallagnol reconhece que nunca teve provas de que pertenceria a Lula;

2) A Força-Tarefa mentiu deliberadamente ao estabelecer uma falsa ligação entre o tríplex e os contratos da OAS com a Petrobrás, outro crime confessado por Dallagnol;

3) Sergio Moro cometeu deliberadamente um crime ao vazar diálogos de Lula com a ex-presidenta Dilma, o que foi planejado com a Força Tarefa;

4) Sergio Moro mentiu para o STF ao pedir "escusas" pelo grampo de Lula e Dilma, do qual ele se vangloria em mensagem a Dallagnol;

5) A Lava Jato atuou para impedir a eleição candidato do PT,Fernando Haddad, como está claro nas mensagens para impedir a entrevista de Lula em setembro de 2018", afirmou um trecho do comunicado.

Silêncio

Em suas redes, o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a polêmica envolvendo o Ministro da Justiça. A reportagem do Portal Eu,Rio! procurou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar um posicionamento da autarquia sobre a polêmica, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

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