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Só falta a sanção de Lula

Pessoas com autismo terão direito a acompanhamento alimentar pelo SUS

Projeto de lei prevê terapia nutricional conduzida por profissional habilitado, com protocolos clínicos estabelecidos pelas autoridades de Saúde


Relator diz que a maioria possui dieta restrita de baixo valor nutricional e alta densidade energética. Foto: Divulgação/Câmara de Jaraguá do Sul

Pessoas com autismo deverão ter acompanhamento alimentar no SUS. É o que determina projeto de lei aprovado pelo Plenário do Senado nesta quarta-feira (2). A terapia nutricional será conduzida por profissional da saúde habilitado.

O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (2), Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma mudança na Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, uma lei de 2012, para incluir cuidados relacionados à alimentação. O PL 4.262/2020 prevê a adoção de medidas de promoção e de proteção sob o ponto de vista nutricional por profissional de saúde legalmente habilitado e que siga protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas estabelecidas pela autoridade competente.

O PL 4.262/2020 segue agora para sanção da Presidência da República. As autoras da matéria são a ex-deputada Aline Gurgel (AP) e a deputada Maria Rosas (Republicanos-SP). O voto do relator no Senado, senador Flávio Arns (PSB-PR), foi lido no Plenário pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

— O projeto garante que os profissionais de saúde realizem avaliações criteriosas dos riscos nutricionais — alergia, intolerância, aversão a determinados alimentos —, além do ônus financeiro desses tratamentos para as famílias e para o poder público, especialmente porque os hábitos alimentares inadequados, o sedentarismo e o uso de medicação podem levar ao aumento do peso e, consequentemente, a um prejuízo à população — leu Paim.

Ouça no Podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Senado sobre o acompanhamento alimentar e a terapia nutricional dos autistas pelo Sistema Único de Saúde.



A senadora Dra. Eudócia (PL-AL), que é médica, explicou que as crianças e adolescentes autistas possuem uma seletividade alimentar, ou seja, tendem a comer os mesmos poucos alimentos. A senadora Zenaide Maia (PSD-RN), que também é médica, disse que essa dieta restrita pode causar vários problemas de saúde. O projeto segue para a sanção presidencial.

De acordo com a justificativa do projeto, algumas pessoas com autismo podem desenvolver rigidez comportamental, que pode afetar hábitos alimentares levando a dietas repetitivas e pobres em nutrientes.

“Além disso, em razão de alterações da sensibilidade tátil, pode haver aversão a determinados tipos de alimentos (por exemplo, alimentos de consistência cremosa), o que demanda um diagnóstico correto, pois a conduta nesses casos inclui terapia ocupacional visando o tratamento dessa alteração neurossensorial”, informa Aline, na justificativa do projeto.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou durante a votação que a atenção às pessoas com autismo é importante para o país, e envolve responsabilidade e respeito.

— Muitas coisas que aparentemente possam ser ou parecer pequenas são grandiosas na vida dessas pessoas quando a gente coloca na legislação brasileira, no arcabouço legislativo brasileiro, uma lei que possa proteger essas pessoas. E hoje é um sinal claro que nós estamos cuidando de quem precisa ser cuidado. (...) À minha deputada do Amapá, Aline Gurgel, parabéns em nome dela a todos os deputados, a todas as deputadas, a todos os senadores, mas muito especialmente a todas as senadoras. Vocês nos ajudam a ser seres humanos melhores aqui no Senado Federal. Ás nossas senadoras, parabéns — disse Davi.

Proteção

O texto aprovado altera a lei que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei 12.764) para especificar que a terapia nutricional a ser aplicada à pessoa com autismo compreende todas as ações de promoção e proteção da pessoa sob a ótica nutricional. Essas ações serão feitas por profissional de saúde habilitado com base em protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.

Arns explicou em seu relatório que a seletividade alimentar, presente entre 40% a 80% das crianças diagnosticadas com TEA, resulta em uma dieta limitada, com baixo valor nutricional e alta densidade energética, o que pode levar a deficiências nutricionais e a outros problemas de saúde como a obesidade.

Valorização

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é comemorado anualmente em 2 de abril, conforme data definida no calendário da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2025, o lema é “Informação gera empatia, empatia gera respeito!”.

Na terça-feira (1°), o Senado celebrou a data em sessão especial no Plenário. Nesta quarta, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) promoveu audiência pública sobre os direitos dos autistas. Os senadores Romário (PL-RJ) e Alan Rick (União-AC) abordaram a questão em discursos no Plenário. O Ministério da Saúde iniciou este ano um grupo de trabalho sobre TEA. O objetivo é estruturar ações integradas no ministério para qualificar o cuidado integral para autistas.

A presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), disse no Plenário que a terapia nutricional pode melhorar a vida de muitas pessoas autistas.

— A terapia nutricional pode salvar a vida de uma pessoa com autismo — afirmou Damares.

Segundo estimativas, o Brasil tem cerca de 2 milhões de pessoas com TEA, muitos deles sem condições de pagar terapias ou tratamentos especializados. Entretanto, esse número pode ser maior e será divulgado ainda este ano pelo IBGE, que incluiu o tema no último Censo.

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) elogiou o projeto e disse que já ajudou a criar no seu estado vários institutos especializados no atendimento de autistas e suas famílias.

— É a minha causa. Eu fui casado com duas mulheres mães de autistas, que são como meus filhos, e em Goiás eu tenho, rigorosamente, dez institutos de autismo, todos criados e bancados mensalmente com as minhas emendas (...). Autismo, ao contrário do que alguns pensam, não é doença. Pelo contrário, normalmente o autista é mais inteligente do que todos nós juntos aqui.

Os senadores Dr. Hiran (PP-RR) e Dra. Eudócia (PL-AL) também elogiaram a medida. Para a senadora, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo é fundamental para reforçar a importância da inclusão e do respeito à diversidade.

— O diagnóstico precoce e o acesso a terapias adequadas são essenciais para o desenvolvimento e bem-estar das pessoas com transtorno do espectro autista. O fortalecimento de políticas públicas é indispensável para garantir direitos, oportunidades e uma sociedade mais justa. O autismo não deve ser visto como uma limitação, mas sim como uma forma única e especial de perceber o mundo, e cabe a todos nós promover um ambiente mais acessível e acolhedor. A empatia e a informação são ferramentas poderosas para desmistificar preconceitos e construir um futuro no qual todas as pessoas sejam valorizadas por quem realmente são — afirmou Dra. Eudócia.






Agência Senado, Rádio Senado e TV Senado

Plenário do Senado Senador Flávio Arns Senador Romário Senador Alan Rick Senadora Damares Alves Senador Dr. Hiran Senador Jorge Kajuru Senador Paulo Paim Senadora Dra. Eudócia Autismo Direitos Humanos Ministério da Saúde Saúde Pública

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