Celebrado neste domingo (06), o Dia Mundial da Atividade Física é uma data importante para conscientizar sobre os benefícios da prática regular de exercícios para a saúde física e mental. Contudo, nem todas as modalidades impactam a coluna da mesma forma. Algumas ajudam a fortalecer e estabilizar a região, enquanto outras podem aumentar o risco de lesões, especialmente quando praticadas sem o devido preparo. Segundo pesquisa do Datafolha, 53% dos brasileiros com 16 anos ou mais afirmam praticar exercícios regularmente, sendo caminhada (25%), musculação (13%) e futebol (7%) as atividades mais comuns. No entanto, esportes de alto impacto, como o CrossFit e o próprio futebol, exigem atenção redobrada para evitar problemas na coluna.
O ortopedista Juan Aquino, especialista em coluna, explica que a escolha da atividade faz toda a diferença para a saúde desta parte específica do corpo humano. “Atividades como musculação e pilates são benéficas porque ajudam a estabilizar a coluna e melhorar a postura. Já modalidades de alto impacto, como o CrossFit e o futebol, podem sobrecarregar as vértebras e aumentar o risco de lesões, especialmente se os movimentos forem feitos sem a técnica correta”, alerta o médico.
Entre as atividades mais seguras para a coluna, a musculação se destaca quando realizada com acompanhamento profissional e carga progressiva. O pilates também é uma excelente escolha, pois fortalece a região central do corpo, melhorando a estabilidade da coluna e a postura, além de melhorar a flexibilidade, prevenindo dores e lesões. Já esportes mais intensos exigem cuidados específicos. O CrossFit, por exemplo, tem um alto volume de repetições e cargas elevadas. “Muitos praticantes querem evoluir rápido e acabam ultrapassando os próprios limites, o que pode levar a contraturas musculares e até a hérnias de disco”, explica Juan.
Já o futebol, um dos esportes mais populares do Brasil, é responsável por 7% da prática de atividades físicas, segundo o Datafolha, mas também está entre os que mais exigem da coluna. Os movimentos bruscos, mudanças rápidas de direção e contato físico frequente podem causar sobrecarga, aumentando o risco de lesões na região lombar. Já o surfe, apesar de trabalhar o equilíbrio e a resistência, pode gerar dores na cervical e lombar devido à postura prolongada sobre a prancha e ao impacto das quedas na água.
Além disso, a prática de atividades físicas deve ser adaptada à faixa etária e ao nível de condicionamento físico de cada pessoa. Para os mais velhos, por exemplo, atividades de baixo impacto, como caminhada, hidroginástica e pilates, são recomendadas para evitar sobrecarga na coluna. Já para os mais jovens, que podem ter uma maior tolerância a atividades intensas, é fundamental focar em exercícios que reforçam a musculatura do core (centro de equilíbrio do corpo) e da postura, prevenindo sobrecargas que possam levar a lesões mais graves no futuro.
Cuidados para evitar lesões:
Para evitar problemas, o ortopedista recomenda algumas medidas essenciais:
* Fortalecer os músculos do abdômen e das costas: O fortalecimento do core é fundamental para a estabilização da coluna e a prevenção de dores nas costas.
* Alongamentos regulares: A flexibilidade é importante para a saúde da coluna e ajuda a prevenir tensões musculares.
* Respeitar os limites do corpo: Forçar o corpo além do seu limite pode causar lesões graves e crônicas. Escutar os sinais do corpo é fundamental.
* Evitar exageros nas cargas e repetições: Progresso gradual é essencial para evitar lesões por sobrecarga.
* Buscar orientação profissional: Um acompanhamento adequado por um profissional capacitado é crucial para ajustar os treinos conforme as necessidades individuais e a condição física de cada pessoa.
Embora muitos problemas na coluna possam ser tratados de forma eficaz com exercícios e cuidados adequados, quando ignorados ou mal tratados, podem evoluir para condições mais graves que exigem intervenção cirúrgica. “Esportes de alto impacto, como o CrossFit e o futebol, aumentam o risco de lesões na coluna, como hérnias e lesões nos discos. Quando essas lesões não são tratadas corretamente ou evoluem sem o devido cuidado, podem levar à necessidade de uma cirurgia, que é a última opção para corrigir o problema”, alerta Juan.
Na maioria dos casos, uma pequena porcentagem dos pacientes com hérnia de disco precisa de cirurgia, mas esse número pode variar dependendo do caso específico. Estima-se, com base em estudos clínicos e revisões médicas, que entre 5% e 10% dos pacientes necessitam de procedimento cirúrgico, sendo que o tratamento conservador pode evitar a necessidade de procedimento cirúrgico, na maioria dos casos.
"Prevenir é sempre a melhor opção, e isso começa com a escolha correta das atividades físicas e a atenção aos sinais do corpo. Além disso, para quem pratica atividades de alto impacto, é importante também realizar exames de rotina, como raio-X ou ressonâncias, caso haja desconfortos que persistem, para prevenir lesões graves que possam ser mais difíceis de tratar", conclui o ortopedista.