Crivella exonera secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin

O Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro trouxe na edição de hoje uma notícia que movimentou os bastidores da política antes mesmo da oficialização no DO: a demissão do secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin. A decisão foi anunciada pelo prefeito um dia depois de o chefe da Casa Civil, Paulo Messina, ter confirmado a permanência no cargo que ocupa. Messina e Benjamin haviam entrado em atrito publicamente, disputando o comando do programa de recuperação da infra-estrutura da rede municipal de escolas. Tanto Messina quanto Benjamin, em ocasiões anteriores, anunciaram o próprio afastamento e recuaram da disposição.

A publicação no Diário Oficial do Município da demissão de Cesar Benjamin foi acompanhada da nomeação da servidora Telma Saume para a secretaria de maior orçamento e maior empregador da Prefeitura. A demissão acontece um dia depois de a oposição ter conseguido as 17 assinaturas de vereadores necessárias para a convocação de uma sessão extraordinária da Câmara Municipal, marcada para esta-quinta às 14hs. Após exoneração, pelas redes sociais, Benjamin mostrou-se ressentido e traído por Suane.

"Acabo de ver a notícia da minha exoneração e da nomeação da professora Talma Suane para a chefia da SME. A minha exoneração era esperada, pois não cedi à politicagem e aos inimigos da educação. Retorno ao convívio da minha família e aos meus afazeres profissionais.Toda a articulação para a minha saída foi feita pelas minhas costas. Não recebi sequer um telefonema. O prefeito agradeceu desta maneira a minha dedicação à causa da educação. Talma Suane, minha chefe de gabinete, participou dessas articulações sem me avisar. Há algum tempo, depois da primeira crise, o próprio prefeito me disse que ela havia pedido o meu cargo, mas eu não acreditei. Quem age de boa-fé tende a acreditar na boa-fé dos demais. Ontem, quando eu estava em agenda externa, Talma me mandou uma mensagem, dizendo que não estava se sentindo bem e iria para casa. Quando retornei à SME já não a encontrei. Ela já sabia que havia conseguido a nomeação, mas não teve coragem de olhar nos meus olhos. Sua gestão nasce sob o signo da traição. Desejo tudo de bom à SME e às nossas crianças. Que tudo se ajeite da melhor maneira possível, numa Prefeitura tão fragilizada e confusa", diz a publicação.

Em nota enviada a redação do portal Eu, Rio!, a Prefeitura mostrava-se confiante em contornar as pressões da oposição, que procurou o Ministério Público do Estado para protocolar um pedido de investigação de Crivella por improbidade administrativa e, em paralelo, reuniu as assinaturas para a convocação de uma sessão extraordinária da Câmara: "A prefeitura do Rio recebe com muita tranquilidade a notícia de que o pedido de Impeachment será avaliado pela Câmara Municipal. Ontem (10/07) cedo, inclusive, o prefeito Marcelo Crivella aconselhou sua base a encaminhar um pedido de abertura de convocação extraordinária, para que tudo possa ser esclarecido. O documento da base protocolado tem, até agora, 26 assinaturas, e a expectativa é que chegue a 30 signatários, 13 a mais do que as assinaturas obtidas pelos vereadores da oposição no outro pedido,".

As disputas entre Benjamin e Messina, líder do governo na Câmara antes de se licenciar para assumir a chefia da Casa Civil de Crivella, envolviam também as nomeações das direções de escolas e das Coordenadorias Regionais de Educação. Em postagem na rede social, na manhã desta quarta-feira, Cesar Benjamin acusa a sucessora, até então sua chefe de gabinete, de não ter tido coragem de 'olhar nos olhos' e confirmar a saída de seu então superior. "Sua gestão nasce sob o signo da traição," acusou na postagem.
Benjamin foi um dos coordenadores do programa de governo de Crivella, desde a candidatura frustrada ao Palácio Guanabara, há quatro anos.

Nessa condição tornou-se autor dos convites a colaboradores de peso do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e do vice-presidente José de Alencar, como o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, principal quadro do Itamaraty na gestão de Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores, e o ex-vice-presidente do BNDES, Darc Costa. Respaldado na amizade com Crivella, o ex-guerrilheiro e militante de esquerda evitava atender aos pedidos de vereadores para influenciar nas nomeações de sua equipe. Sua saída abre caminho para nomeações mais ao gosto da bancada, num momento em que o Palácio da Cidade precisa de apoio na Câmara para evitar a abertura de um processo de impeachment ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Mudança de tom indica desfecho acelerado da queda-de-braço com Messina

Na terça-feira (10), às quatro da tarde, quando já circulava desde a manhã a notícia de sua demissão, anunciada para a sexta-feira pelo colunista de O Globo Lauro Jardim, Cesar Benjamin divulgou no Facebook, sua rede social favorita para prestar contas a amigos e colaboradores, uma postagem em que classificava de rumores palacianos as informações sobre sua eventual saída e comemorava a liberação de um montante expressivo de verbas, R$ 47 milhões no total. O dinheiro irá para o Plano de Recuperação da Rede Física das Unidades Escolares, exatamente o mote do primeiro conflito com a Casa Civil, que articulara a suspensão do programa na véspera da implantação, em março passado.

"Está circulando a notícia de que serei demitido da chefia da SME na sexta-feira, quando as escolas entram em recesso. Nada sei sobre isso. Desde que começou a crise em curso, não dei nem recebi nenhum telefonema sobre esse assunto, não participei de nenhuma reunião, não fiz declarações. Continuei tocando minha agenda normalmente. Hoje (terça-feira, 10) conseguimos que a Secretaria de Fazenda liberasse R$ 47 milhões para a continuidade do nosso programa de recuperação da infraestrutura da rede. Ainda hoje estamos formalizando a solicitação dos créditos para realizar os empenhos e iniciar obras de recuperação e de climatização nas escolas abaixo. Todas já têm projetos e licitações concluídas, festejava.