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Historiador questiona campanha a favor do posse de armas

Para Philippe Moreira, o conhecimento histórico tem sofrido ataques por parte da sociedade

Por Jonas Feliciano em 23/06/2019 às 19:06:19

Imagem: Reprodução do Twitter

Na última sexta-feira (21), em campanha contra a decisão do Senado Federal, que por 47 a 28 votos optou em derrubar o decreto do Presidente Jair Bolsonaro sobre a flexibilização da posse e do porte de armas, Eduardo Bolsonaro repostou um vídeo, em seu perfil oficial no Twitter, apontando quem seriam os principais desarmamentistas da história mundial.

Entre as personalidades que aparecem nas imagens estão Adolf Hitler, Stalin, Lênin, Mao Tsé-Tung, Fidel Castro e Che Guevara. Segundo a publicação, esses líderes teriam sido contra o armamento. Contudo, foram responsáveis pela morte de milhares de pessoas, além de ditaduras cruéis.


Imagem: Reprodução do Twitter


Para o historiador Philippe Moreira, atualmente, o conhecimento histórico tem sofrido um ataque por parte da sociedade. Para ele, fatos consumados são questionados sem o devido conhecimento teórico.

"É uma guerra de ideias. Os fatos são questionados e jogados no ar. Principalmente, no ambiente das redes sociais. É neste contexto que os disseminadores ganham discípulos sem nenhum fundamento. Como o estado alemão de Hitler era desarmamentista, por exemplo, se a Alemanha produziu milhares de armas no período? Se o país transformou essa indústria em um grande cabide de empregos? Nenhum dos líderes citados no post do deputado eram desarmamentistas. Pelo contrário! Alguns deles estão inseridos em um ambiente, entre a primeira e a segunda guerra mundial, onde armar o estado era primordial", ressaltou o historiador.

Philippe ainda reforçou que o ambiente virtual se transformou em um lugar de criminalização do pensamento crítico. Por isso, segundo ele, esse tipo de ideia não deve ser levada em consideração.

"Os agentes da pós-verdade não têm a preocupação com a verdade. Eles só querem causar impacto. Por tal motivo, nós precisamos resistir a tais informações sem embasamento histórico ou documentado. Temos que rebater no campo das ideias e colocar essas pessoas para entenderem que o historiador tem um papel essencial na fundamentação dos fatos. No dia que uma universidade séria chancelar esse tipo de pensamento vou começar a me preocupar, pois aí pensarei que o estado vai estar sendo tomado por este tipo de coisa", disse.

O historiador também sugeriu a leitura do livro "As origens do totalitarismo", de Hannah Arendt, para que as pessoas possam entender a estratégia de endeusamento do estado, da figura de um líder carismático, além do incentivo à indústria bélica com o intuito do enfrentamento direto.

"Não podemos ignorar o uso dessas publicações como uma espécie de cortina de fumaça. Isso porque, os últimos vazamentos do Intercept abalaram as estruturas de algumas figuras importantes do governo Bolsonaro. Não devemos deixar de pensar nisso como um elemento de distração", alertou Philippe.

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