O projeto sociocultural Cinemaneiro chegou à maior idade. São 18 anos levando a arte do cinema, através de oficinas gratuitas para jovens e adultos, a partir de 13 anos, de comunidades do Rio de Janeiro. De 2002 até agora, com o patrocínio da Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, e do Instituto Invepar, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei do ISS, cerca de 1.500 alunos passaram pelas aulas e muitos já são profissionais da área.
A ideia para essa edição, que começou em abril e termina no dia 18 de julho, é “Um filme para ser feliz: qual pequena atitude posso tomar para o meu benefício e o do meu lugar?”.
Realizado pela Associação Cidadela – Arte, Cultura e Cidadania –, o projeto ministrou oficinas nas comunidades da Maré, Água Santa e Cidade de Deus. Durante dois meses, cada turma teve aulas práticas e teóricas de linguagem cinematográfica, câmera, som, edição e produção, além de atividades socioambientais.
O objetivo dos organizadores foi conscientizar todos sobre a alimentação, questionando de onde vem a nossa comida e o que pode ser feito para melhorar. Os alunos tiveram a oportunidade de produzir curtas-metragens sobre o assunto, que serão exibidos no encerramento do projeto, no dia 18 de julho, às 14h, no Auditório do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro), em Bonsucesso, com entrada franca.
“Neste ano, as questões ligadas ao alimento foram aquelas que ganharam mais repercussão entre as turmas. Talvez pelo momento, com ampla divulgação da liberação de centenas de agrotóxicos, este seja um assunto bastante atual”, conclui Viviane Ayres, produtora executiva do projeto ao lado de Frederico Cardoso, Diretor de cinema e TV e idealizador do projeto, que também contou com a participação de Daniel Xavier, mediador socioambiental.
Entre os ex-alunos que trabalham na área, está Ícaro Fernandes, que fez a oficina, na comunidade da Maré, em 2004, e foi assistente dos instrutores, nessa edição. “Entrei numa área que provavelmente não estaria se não fosse o projeto. Isso é quase impossível para um jovem de comunidade, que sofre pressão dos pais para estudar, fazer um concurso e ter um emprego garantido. O Cinemaneiro me deu a oportunidade de ter uma vivência sobre o cinema”, diz Ícaro.
A ação da 18ª edição induziu os alunos a pensarem qual é seu papel nos lugares em que moram e o que podem fazer para melhorar a si próprio e a sua comunidade.
Filmes que serão exibidos durante o encerramento do Cinemaneiro:
‘Brigadeiro Sustentável’ (Produção dos alunos de Água Santa): Permeando a conversa de como se dá o tratamento dos alimentos dentro da escola, desde o preparo até o descarte, em meio à organização da Feira de Sustentabilidade da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em Água Santa, os alunos decidem montar uma composteira com o objetivo de estimular a comunidade escolar a refletir sobre o assunto.
‘16 Dias Mudando’ (Produção dos alunos da Cidade de Deus): Como minimizar o impacto de resíduos e de agrotóxicos na nossa comida do dia a dia? Ao perseguirem a resposta para esta pergunta, a equipe foi beber na fonte de conhecimento da horta comunitária do Anil, em Jacarepaguá, para entender como se cultiva e se prepara a terra, além de montar hortas suspensas em garrafas pet, que foram distribuídas a moradores da Cidade de Deus como forma de demonstrar que é possível sairmos da lógica mercadológica vigente, nem que seja um pouquinho.
‘Forças na Horta’ (Produção dos alunos da Maré): Antigamente, havia uma horta no centro de preparação dos Oficiais da Reserva, onde centenas de crianças, soldados, cabos e oficiais comiam diariamente. O objetivo é voltar com a horta, na perspectiva de ser ampliada com o tempo, além de integrar melhor os seres humanos a outro pedaço de natureza e levar melhores alimentos, sem agrotóxicos, para o bandejão.
Os filmes estarão disponíveis, a partir de agosto, no canal Cidadela, no YouTube.