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Estações de trem negam acesso a pessoas com deficiência

MPRJ ajuíza ação para que SuperVia promova acessibilidade nas estações da malha ferroviária municipal. De 60 estações, apenas Engenho de Dentro apresenta alinhamento entre o trem e a plataforma

Por Portal Eu, Rio! em 16/07/2019 às 07:32:33

Foto: Alerj/Divulgação

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência da Capital, ajuizou ação civil pública (ACP) com pedido de liminar para que a SuperVia adote medidas eficazes de acessibilidade nas estações e composições da malha ferroviária no município do Rio de Janeiro. Na ação, com base no Inquérito Civil (205/2015), o MPRJ requer que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida tenham adequada a acessibilidade nos trens e estações da concessionária, que a concessionária realize diagnóstico situacional, em até seis meses, de todos os trens e estações no município, de acordo com os parâmetros técnicos de acessibilidade, apontando as obras e adaptações necessárias, que deverão ser classificadas por grau de complexidade (baixo, médio, alto e altíssimo).
 
A ação ajuizada na sexta-feira (12) pede ainda a realização de estudo de impacto viário e de vizinhança relativo às obras de acessibilidade, a fim de minorar os transtornos de mobilidade causados aos usuários do serviço. A ação lista, também, que a concessionária execute, imediatamente, cronograma de reformas nas estações de Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos e Ricardo de Albuquerque; e que disponibilize transporte complementar/integração para suprir eventuais dificuldades criadas pela suspensão das atividades das estações, sem que passe a cobrar tarifa diferenciada para este serviço; e que não majore o valor do tarifário sob o pretexto de despesas com as reformas, além de suspender as ações individuais em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro em que se pleiteia a obrigação de promover a acessibilidade nas estações, prosseguindo com relação ao pedido de indenização.
 
Trecho da ACP aponta que a concessionária opera a malha ferroviária, de forma ininterrupta, há mais de vinte anos, recorte de tempo mais que suficiente para sanar as irregularidades apontadas, e ainda oferece serviço muito deficitário e absolutamente excludente das pessoas com deficiência. Uma década depois da primeira visita técnica, várias estações continuam inacessíveis. Assim, usuários com necessidades especiais continuam se arrastando por escadas ou sendo carregadas no colo por familiares e, muitas vezes, por desconhecidos, expondo-se a situação humilhante e toda sorte de riscos.
 
Das 60 estações da SuperVia localizadas no município do Rio, somente cinco apresentam nivelamento entre o trem e a plataforma, o que corresponde a menos de 10% do total de estações. Além disso, em apenas uma o trem e a plataforma estão alinhados (Engenho de Dentro). Alguns trens não dispõem de mecanismos essenciais à promoção da acessibilidade, dentre os quais recursos de sinalização sonora e visual, e não disponibilizam procedimentos e pessoal habilitado para auxílio no embarque e desembarque desses usuários nos trens. A SuperVia opera o serviço de trens urbanos na região metropolitana numa malha ferroviária de 270 quilômetros, trafegados através de cinco ramais, três extensões e 104 estações de trem. Segundo informado pela própria concessionária, cerca de 600 mil passageiros são transportados diariamente nos trens, em 12 municípios.
 
Desde 2007, ano em que a estação Engenho de Dentro foi reformada para os Jogos Panamericanos, a Agetransp se compromete a fazer todas as adequações de acessibilidade nas estações, mas justifica o não cumprimento com o argumento de que a responsabilidade pelas reformas é do governo estadual, e que não se recusa a cooperar nos ajustes, contando que "na medida de suas possibilidades". O MPRJ ressalta que a concessionária por diversas vezes se negou em comparecer ao MPRJ para buscar uma solução extrajudicial. A SupeVia chegou a realizar adequações aos padrões de acessibilidade em estações em que haveria maior fluxo de turistas nos anos de 2014 a 2016, período em que o Rio recebeu a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, porém ainda pendente de adaptações. A conduta revelada pela concessionária SuperVia e pelo Estado ao longo de todos esses anos vem se revelando flagrantemente ilegal e discriminatória".

Posicionamento da concessionária

O processo de modernização das estações dos trens do Rio faz parte do acordo firmado entre a concessionária e o Governo do Estado para melhorias em todo o sistema ferroviário. As obras das estações, que não recebiam investimentos há quatro décadas, foram iniciadas em 2012 e seguem de acordo com as prioridades avaliadas pela concessionária e pelo poder concedente. Até agora, 31 estações já passaram por obras de médio e grande porte e outras 20 receberam melhorias de pequeno porte, além de duas estações que foram construídas.

 A SuperVia reforça que, além da modernização na infraestrutura, os funcionários das estações estão treinados e capacitadas para auxiliar pessoas com mobilidade reduzida no embarque e desembarque dos trens, bem como na locomoção pelas estações.


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