Cada vez é maior o domínio e o poder de milícias no estado do Rio de Janeiro. Com um territórios praticamente consolidados na Zona Oeste (em especial Campo Grande e Santa Cruz) e parte da Zona Norte, o grupo paramilitar também se faz presente de forma ostensiva em outras cidades, como Maricá na região metropolitana. E esta realidade também já ganhou a televisão, onde o drama de moradores vítimas de extorsão do grupo é mostrado em novelas.
Interpretando um policial corrupto em "Malhação", da TV Globo, o ator Ronan Horta dá vida ao cabo Goés, personagem que sequestra quem não contribui com a milícia e que ameaça os moradores da localidade onde atua. Em conversa com o "Portal Eu, Rio!", ele conta que essa é uma situação delicada pelo de alguém que deveria fazer valer a lei, na verdade a descumpre.
"Isso sempre é uma situação delicada, principalmente no Brasil onde você não pode contar com a segurança do poder público pois muitas vezes o próprio sistema é inseguro e contra a população, então nesse caso se expor de uma forma inocente, na vida real, poderia ser bem arriscado", argumenta.
Citando que tem "muitos amigos que convivem diariamente com o poder da milícia", Horta comenta que a organização miliciana sabe explorar o que chama de "gap" social, que é explorar a falta de atenção do poder público em área mais carente para exercer sua força. E ele alerta para a falta de providência dos setores da sociedades ligados ao Estado, principalmente os da segurança.
A milícia está instalada, organizada e atuante, pois eles controlam desde transporte privado (tem seus "Uber"s") até TV a cabo. Eu acho que isso se deve a um "gap" social, as pessoas que vivem em situações e lugares de risco preferem pagar a milícia seus "pedágios" do que depender do poder público pra ter segurança e proteção. Todos sabem disso e pouca providência é tomada. O problema tá enraizado na sociedade principalmente periferia", conta Ronan, que garante que não se inspirou no personagem do ator Sandro Rocha em "Tropa de Elite 2" por buscar um personagem com "uma verdade dentro de um contexto" em Malhação.
Trabalhos emendados e direção teatral
Antes de fazer "Malhação", Ronan Horta estava em "Verão 90" (também da TV Globo), Ele garante que não se importa em emendar um trabalho com o outro e afirma que gosta desse tipo de "intensidade" por gostar do desafio de sair de um papel e interpretar outro bem diferente do anterior, pois o "o público embarca junto se for feito de verdade".
Morando há 20 anos no Rio, o mineiro de Belo Horizonte contabiliza experiências também na TV Record, em webséries e webfilmes e já foi apresentador da MTV no início dos anos 2000. Agora ele se prepara para mais uma empreitada profissional, que é a direção de uma peça de teatro.
Com previsão de estreia em setembro, "Meu Marido É Uma Mulher" marca a estreia de Ronan como diretor. Definindo-se como um amante da "arte em 360 graus, ele diz gostar de "jogar em posições diferentes" pelo fato de sempre ter uma conexão entre a direção e a atuação. Ao mesmo tempo, o ator relembra experiências anteriores na direção de outros projetos e até cita um documentário de cunho ecológico e social, o "Aquele Abraço
"Eu amo a arte em 360 graus, gosto de jogar em posições diferentes porque no final estão todas conectadas e uma soma com a outra, eu fiz assistência dessa peça na primeira temporada e pra essa temporada me chamaram pra dirigir e eu fiquei muito feliz de fazer parte desse novo desafio, eu sempre dirigi meus projetos culturais depois passei a desenvolver e dirigir projetos no audiovisual, dirigi institucionais, clipes, filmes, acabei de dirigir um documentário sobre sustentabilidade e conscientização chamado "Aquele Abraço" onde fizemos a maior ação de limpeza de praia do mundo e agora o teatro, sou intenso e amo realizar então tá sendo um prazer fazer parte disso tudo", contou.