Em conversas interceptadas pela Polícia Federal, com autorização da justiça, entre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), levantaram indícios de que os criminosos teriam diálogos com pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Os grampos foram realizados pela Operação Cravada, que desmantelou um braço financeiro ligado à cúpula da facção criminosa, que agia nos presídios de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Uma escuta telefônica, datada de abril deste ano, mostra dois presos conversando pelo celular sobre a transferência de 22 membros da cúpula da facção para o sistema penitenciário federal realizada em fevereiro deste ano numa ação conjunta entre o governo de São Paulo e o Ministério da Justiça. De dentro da cadeia, Alexsandro Pereira, conhecido como Elias, se queixa do papel do ministro da Justiça, Sergio Moro, na remoção dos líderes, que estavam presos em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
"Os caras tão no começo do mandato dos cara, você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. (?) Então, se os cara começou mexendo com quem estava na linha de frente, os caras já entrou falando o quê? "Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não". Esse Moro aí, esse cara é um filha da puta, mano. Ele veio pra atrasar. Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque? situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano", disse Elias, conforme o áudio transcrito pela PF.
Em nota divulgada neste domingo (11), o PT prometeu ir à justiça contra a "armação sobre o PCC". De acordo com o texto, "o partido vai promover ações contra a falsa acusação coordenada pela polícia de Sérgio Moro, contra Jair Bolsonaro, além de pedidos de Direito de Resposta contra jornais."
Nesta segunda-feira (12), o partido apresentará uma Notícia Crime no STF contra o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro e os responsáveis pela investigação "Cravada", da Polícia Federal. Além de entrar também com uma representação eleitoral contra o Presidente Jair Bolsonaro.
O criminoso Alexsandro Pereira, conhecido como Elias, tinha o cargo de "Resumo de Rifa", uma espécie de tesoureiro chefe, que cuida da mensalidade cobrada pelas lideranças presas aos subordinados na rua, e tinha contato direto com a alta cúpula da facção.
A operação Cravada foi deflagrada em 6 de agosto por determinação da Justiça Federal de Piraquara (PR), onde se localiza uma penitenciária de segurança máxima apontada como "centro de controle" do PCC.