Moradores da Muzema e representantes do Poder Público participaram da Audiência Pública presidida pelo vereador Reimont (PT) na manhã de segunda-feira (12) para tratar da situação das moradias sob ameaça de demolição. Enquanto representantes das famílias afetadas questionavam a decisão de derrubada dos prédios, Marcelo Reis Camargo representante da Secretaria de Infraestrutura e Habitação, alertava sobre a existência de laudos que indicam falta de segurança das residências.
Em abril, dois prédios localizados na Muzema desabaram, causando 24 mortos. Em julho, a prefeitura anunciou a retomada da demolição de seis prédios construídos de forma irregular na região conhecida como Condomínio Figueiras do Itanhangá.
Diante das galerias da Câmara repleta de moradores da Muzema, o procurador-geral do município, Marcelo Silva, disse que há um questionamento contra a necessidade de demolição dos prédios:
“Querem que a prefeitura formalize um acordo de não demolição dos prédios. A prefeitura só demolirá prédios que de fato estejam com perigo de desabamento”, disse.
Demora em decidir
O vereador Reimont lembrou a demora para a tomada de decisão em relação aos edifícios construídos irregularmente. Principalmente em relação à saúde dos habitantes da região:
“Os entulhos dos prédios demolidos ainda estão lá. Sabemos o que o entulho atrai – doenças e ratos. Temos que cuidar da comunidade neste aspecto”, disse.
O procurador falou que a decisão, neste caso, é difícil:
“A solução tem que garantir a vida de vocês e preservar o investimento. Não é de simples execução”.
Representando os moradores, Maíra Lima lembrou a luta das pessoas do Condomínio Figueiras de Itanhangá em conquistar a moradia depois de muito trabalho:
As pessoas aqui fizeram muitos sacrifícios, trabalhando de domingo a domingo. São pessoas que não têm perfil para fazer financiamento imobiliário e que estão pagando suas casas da melhor forma”.
Maíra perguntou por que a prefeitura deixa de regularizar os imóveis. Marcelo disse que já existem laudos sobre a situação dos prédios:
“Temos os laudos que a prefeitura fez com os órgãos como Geo Rio. As construções que ali estão não atendem ao previsto. O local tem problemas em relação a segurança. Não adianta falar que o prédio pode ser ocupado se eles não são seguros”, disse.
Maíra disse que os laudos da prefeitura são genéricos. Ela defende laudos mais técnicos de cada edificação:
“Não adianta passar pela comunidade e dizer ‘vai cair’”.
A moradora Gerda Rodrigues falou da insegurança que tem diante da falta de formalização de um acordo que indique para onde irão aqueles que ficarem desabrigados:
“Desde o dia da tragédia que a gente não dorme direito. Foi falado em um acordo. Um acordo de boca. Precisamos formalizar isso.”
O procurador disse ver com bons olhos um acordo:
“Dentro dessa premissa do direito a moradia. Os laudos devem ser divulgados. Os moradores devem ter acesso a isso. Ajuda na conscientização para que não haja novas tragédias”, disse.