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Policiais militares são acusados de receber propinas de traficantes de Madureira

Nesta quinta-feira (15), policiais e traficantes foram presos por atuações criminosas

Por Mário Hugo Monken em 15/08/2019 às 17:55:21

Imagem: Corregedoria PM

Policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda) são acusados de receber propinas de traficantes do bairro de Madureira, na Zona Norte do Rio, para deixar de combater o comércio de drogas e dar informações sobre a movimentação policial em operações futuras. Nove agentes são suspeitos, sendo sete oficiais. Durante a investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar e o GAECO do Ministério Público Estadual, por meio de interceptações telefônicas, em diversas fases, foi possível apurar inúmeras negociações criminosas envolvendo os policiais denunciados. A investigação deve prosseguir em relação aos demais policiais.

A associação criminosa era formada por alguns oficiais da Polícia Militar. Uma parte deles integravam o Estado Maior da unidade, o que demonstra o prejuízo à segurança pública na área de atribuição do Batalhão, bem como dano à reputação do policial militar.

Entre os principais responsáveis pelo funcionamento da organização criminosa estão os policiais Flávio Fagundes Padiglione, a tenente Adriana da Silva Góes Vista e o major Rodrigo Lavandeira Pereira.

Diante dos fatos, os militares foram denunciados por associação criminosa e crime de corrupção passiva. O policial militar Padiglione também vai responder por associação para o tráfico. O Juízo da Auditoria Militar recebeu a denúncia e deferiu o afastamento dos agentes de suas funções.

Traficantes denunciados

O Ministério Público e a Polícia Federal também identificaram uma organização criminosa que traficava drogas nas Comunidades da Serrinha, Fazendinha, São José da Pedra e Patotinha. Eles integram a facção Terceiro Comando Puro (TCP). A investigação apontou a comercialização de grande quantidade de drogas e de armas, disputas por poder territorial e corrupção de policiais para garantir o funcionamento das "bocas de fumo". Tudo em troca de grandes quantias de dinheiro.

Foram captados diálogos sobre homicídios contra indivíduos que, de algum modo, atrapalhavam as atividades da associação criminosa. Entre os denunciados estão Wallace de Britto Trindade, vulgo Lacoste, chefe da facção criminosa que coordenava toda a atividade do grupo. Leonardo da Costa, vulgo Leo 22, era o braço direito dele.

A denúncia foi recebida pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Madureira, que também decretou a prisão preventiva dos denunciados.

Operação Smurfing

Ainda nesta quinta-feira (15), o GAECO/MPRJ realizou a Operação Smurfing para prender seis acusados de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os denunciados atuavam como "laranjas", emprestando seus nomes e contas bancárias para ocultar o dinheiro ilícito do tráfico da facção Comando Vermelho.

No total, seis denunciados receberam 3.357 depósitos em dinheiro em suas contas pessoais em um período de um ano e 11 meses. O valor das movimentações superou R$ 1 milhão. De acordo com o GAECO/MPRJ, a origem absolutamente difusa dos depósitos, oriundos de dezenas de municípios fluminense, demonstra que a ocultação se dava em benefício de toda a organização criminosa e não de uma pessoa específica.

Durante a investigação, o MPRJ obteve na Justiça a quebra de sigilos bancário e fiscal dos denunciados. Os dados fiscais foram encaminhados à Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção (DLAB/MPRJ), que elaborou relatório de análise bancária em que fica evidenciado o envolvimento dos denunciados com a prática de crimes.

A ocultação do dinheiro ocorria por meio do recebimento de depósitos de pequenos valores em suas contas, com a finalidade de ludibriar o controle administrativo. Uma prática de lavagem de dinheiro conhecida como "SMURFING".

Em seguida, realizavam, sob as determinações dos líderes da organização criminosa, saques dos valores recebidos ou transferências para pessoas ligadas à associação criminosa.

Foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cabo Frio, Três Rios e Petrolina/PE, o que demonstra o caráter nacional da facção criminosa.Todos foram denunciados por associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. O processo tramita perante a 2ª Vara Criminal da comarca de Valença.

Até o início da tarde, foram presas cinco pessoas, quatro delas com mandados de prisão. Um deles cumprido em Pernambuco. Um homem foi preso em flagrante pela Polícia nas comunidades da Serrinha, com uma arma.

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