A música barroca era o "rock" do século XVIII, ouvida e dançada nos salões, animando as festas da nobreza. O estilo barroco encontrou solo fértil no Brasil e se traduziu no melhor de nossa arquitetura. Renovando o intercâmbio entre o Brasil e a França no campo da música barroca e trazendo repertórios criados durante o período da Missão Artística Francesa, o festival "Baroque in Rio" ocupará locais históricos no Rio de Janeiro com o encontro de músicos franceses e brasileiros, em apresentações gratuitas ou com preços acessíveis. Essa é a primeira edição de um projeto que se firma como uma das mais importantes iniciativas na área de música clássica no Rio de Janeiro. A direção artística é dos cravistas Olivier Baumont e Rosana Lanzelotte.
Uma das principais atrações é a estreia moderna da "Abertura", escrita em 1819 no Rio de Janeiro, há exatos 200 anos, por Sigismund Neukomm (1778 - 1858), o único músico da missão. Outro ponto alto do festival é a apresentação dos concertos para 2 e 4 cravos de J.S.Bach. O festival conta com a participação de Julien Chauvin (violino barroco e regência), Christine Plubeau (viola da gamba), Jeanne Zaepfell (soprano) e Cristiano Gaudio (cravo), ao lado dos brasileiros Marcelo Fagerlande (cravo), Quinteto Fantástico (liderado por Felipe Prazeres) e a Orquestra da UNIRIO.
A primeira apresentação acontece no dia 30, sexta-feira, quando a Sala Cecília Meireles recebe o espetáculo "Bach, Bach, Bach: concertos para 2 e 4 cravos de J.S.Bach". No sábado, dia 31, o festival leva para a Igreja da Nossa Senhora da Glória do Outeiro o espetáculo gratuito "Concert Français". No dia 01 de setembro, domingo, o Theatro Municipal abriga o espetáculo "Música para o novo reino", com ingressos a R$1. Na segunda-feira, dia 02, o evento promove na Aliança Francesa oficinas gratuitas de música barroca com Olivier Baumont (cravo) e Julien Chauvin (violino e música de câmara) e à noite haverá projeção do filme "O Rei Dança (Le Roi Danse)", de Gérard Corbiau, no Teatro Maison de France. O filme é baseado na biografia escrita de Jean Baptiste Lully, de autoria de um grande musicólogo francês especializado na música barroca Philippe Beaussan.
Uma iniciativa do Diretor do Instituto Francês do Brasil e Conselheiro de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França no Brasil, Alain Bourdon, o festival é patrocinado pela Embaixada da França e tem o apoio cultural do Instituto Francês do Brasil e o Consulado da França no Rio de Janeiro.
Segundo Bourdon, no campo da música barroca, já existia há muito tempo entre o Brasil e a França uma parceria contínua, com intercâmbios regulares – de estudantes, professores, artistas – e toda uma gama de iniciativas, frequentemente apoiadas pela Embaixada da França, que formavam uma base sólida, mas que talvez tenham sofrido por serem muito pontuais e dispersas. "A ideia deste festival foi justamente a de congregar essas energias. Essa foi a intenção, amadurecida por um longo tempo pela Embaixada da França. Ainda era necessário dar-lhe corpo, forma e cor. Foi, como na maioria das vezes em assuntos culturais, feito na base da amizade: a de Rosana Lanzelotte e Olivier Baumont, dois cravistas excepcionais, ligados por uma antiga cumplicidade artística e pela mesma paixão pela música barroca e pela riqueza patrimonial da cidade maravilhosa. Eles se apropriaram do projeto e fizeram dele uma realidade", completa.
Os espetáculos
Bach, Bach, Bach: concertos para 2 e 4 cravos de J.S.Bach (30/8)
Programa:
Concerto para dois cravos em dó maior (BWV 1061)
Allegro - Adagio ovvero Largo - Fuga
Concerto para dois cravos em dó menor (BWV 1060)
Allegro – Adagio - Allegro
Concerto para dois violinos em ré menor (BWV 1043)
Vivace – Largo, ma non tanto – Allegro
Concerto para quatro cravos em lá menor (BWV 1065)
Allegro – Largo - Allegro
Cravos: Olivier Baumont, Rosana Lanzelotte, Marcelo Fagerlande e Cristiano Gaudio
Quinteto Fantástico: Felipe Prazeres (violino), Marco Catto (viola), Marcus Ribeiro (cello), Rodrigo Favaro (contrabaixo)
Convidado especial: Julien Chauvin (violino)
Concert Français (31/8)
Programa:
M. Lambert - Airs de cour
M. Marais - Les folies d"Espagne
A. Forqueray - Pièces de clavecin
J.P. Rameau - Premier Concert
J. M. Leclair – Sonate
Artistas: Julien Chauvin (violin barroco), Olivier Baumont (cravo), Christine Plubeau (viola da gamba) Jeanne Zaepfell (soprano), Cristiano Gaudio (cravo)
Música para o novo reino (1/9)
Elevado à categoria de Reino em 1816, o Brasil recebe o primeiro Embaixador francês, o Duque de Luxemburgo, em companhia do qual chega o compositor austríaco Sigismund Neukomm (1778 – 1858). Nascido em Salzbugo, como Mozart, tornou-se amigo de José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830). Inaugurou os repertórios sinfônicos no país, tendo escrito a "Abertura", dedicada ao Duque, há 200 anos, que será apresentada pela primeira vez em tempos modernos.
Programa:
J.M. Nunes Garcia – Abertura Zemira
S. Neukomm – Abertura (1819)
W.A. Mozart – Sinfonia Jupiter
Artistas:
Orquestra da UNIRIO - Regente Titular: Guilherme Bernstein
Regência: Julien Chauvin - Participação especial: Madá Nery (narração)
Entrada gratuita (acesso limitado à capacidade do local e por ordem de chegada).