A Seleção Brasileira de futebol de cinco (para cegos) foi a responsável pela esperada 100ª medalha de ouro da delegação nacional nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. No início da noite desta sexta-feira, 30, a equipe venceu a Argentina por 2 a 0, com gols dos baianos Jefinho e Cássio, um em cada tempo de jogo.
Os atletas paralímpicos brasileiros atingem, deste modo, a meta estabelecida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro antes da competição: chegar aos 100 ouros nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019. Meta, a propósito, superada minutos após a final do futebol pelo taekwondo e natação.
Faltando dois dias para o fim do evento na capital peruana, o Brasil acumula 103 ouros, 81 pratas e 71 bronzes, de um total 255. Sem chances de ser alcançado pelo segundo colocado, os Estados Unidos, com 54 ouros entre todas as 160.
Halterofilismo, ciclismo, tênis em cadeira de rodas, basquete em cadeira de rodas, natação, além do futebol de cinco foram as modalidades que fizeram o Brasil cumprir com o objetivo em Lima.
“Eu acho que a participação tem sido excepcional. Ainda falta muita medalha, muita coisa para acontecer, acho que teremos muitas surpresas boas por aqui. Então, por isso, a avaliação é a melhor possível e acho que o Brasil está fazendo aquilo que nem a gente imaginava”, vibrou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, bicampeão paralímpico de futebol de cinco (Atenas 2004 e Pequim 2008).
A vitória do futebol é a quarta consecutiva em Parapans do time nacional. Desde o Rio 2007 a Seleção só ganha o ouro. Nesta edição, contudo, o time de Luan, Cássio, Nonato, Jefinho e Ricardinho, teve um início claudicante. Empatou sem gols com Argentina e Colômbia na primeira fase, depois atropelou México, Costa Rica, Peru, para chegar à final.
O jogo contra os argentinos foi truncado, como de costume. Uma jogada individual de Jefinho, faltando sete minutos para o fim do primeiro tempo, abriu o placar. Até Cássio marcar o segundo gol, em um tiro direto de oito metros, após 36 minutos de partida, argentinos e brasileiros tiveram muita dificuldade em exibir um jogo franco, dada a quantidade de faltas e entradas duras de parte a parte.
“Argentina chegou desgastada, porque eles repetiram a escalação em quase todos os jogos. Tiramos proveito disso e conseguimos este ouro”, comentou o técnico Fábio Vasconcelos.
“Dentro de quadra os lances são tão rápidos, a gente procurar sempre fazer a melhor jogada, e deu tudo certo, saiu o gol que deu tranquilidade para o restante da partida”, comentou o autor do primeiro gol, Jeferson Conceição, o Jefinho.
“A Argentina sempre proporciona jogo tenso, eles procuraram bagunçar, a gente teve que manter o equilíbrio para não por tudo a perder nesta partida tão importante para nós”, comentou Ricardinho, o melhor jogador do mundo da modalidade.
Natação
Daniel Dias emocionou o parque aquático da Videna (Vila Deportiva Nacional) com sua última conquista individual nestes Jogos Parapan-Americanos de Lima. Na junção das classe S4/S5 nos 200m livre, ele foi o mais rápido com 2min43s34, 18 segundos à frente do vice-campeão, o Gustavo Martinez.
No pódio, ao receber seu sexto ouro em Lima e cantar o hino nacional, Daniel Dias não conseguiu segurar as lágrimas. “Estou muito feliz, são 33 medalhas, 100% de aproveitamento, quero curtir ao máximo, não vou ter muito tempo, é um feito histórico, espero que demore para alguém demore para alcançar. Mas faço um balanço positivo de tudo o que foi, desde 2007, o quanto amadureci como atleta, o tanto evoluiu, e agradecer a Deus pelo dom que me deu”, disse, prendendo o choro, Daniel Dias, aos jornalistas na zona mista.
Ele chegou ao 33º ouro em Parapans desde que estreou nesta competição, no Rio 2007. Só em Lima foram seis: 50m livre, 100m livre, 50m costas, 50m borboleta, e revezamento 4x100m medley 34 pontos (soma da classificação funcional dos integrantes).
A potiguara Cecília Araújo conquistou na manhã desta sexta-feira, 30, sua quinta medalha neste Parapan de Lima: ouro nos 50m livre da classe S8, com o tempo de 30s68. Ela tocou a parede à frente da mexicana Paola Ruvalcaba e da americana Haven Shepherd.
Na sessão da tarde, seis provas contaram com a presença de dois ou mais brasileiros. Foram quatro dobradinhas e dois pódios triplos. Wendel Belarmino foi o melhor nos 100m borboleta S11, seguido de José Luiz Perdigão. Joana Neves ganhou nos 200m livre (S3/S4/S5), e Esthefany Oliveira pegou o bronze. Gabriel Geraldo ganhou nos 50m livre (S2), e Bruno Becker, bronze. Nos 200m medley da classe S14 (deficiência intelectual), as gêmeas Beatriz e Débora Carneiro foram ouro e prata, respectivamente, seguida da paulista Ana Karolina Soares. As irmãs haviam dividido o pódio no primeiro dia da natação, na segunda-feira, 25, mas com vitória de Débora sobre Beatriz.
Dois irmãos compartilharam do pódio também nesta noite. Os cariocas Douglas e Thomaz Matera foram ouro e prata, respectivamente, nos 100m borboleta no agrupamento das classe S12/S13 (baixa visão).
O pernambucano Phelipe Rodrigues segue sua saga de oito provas e oito pódios. A sétima láurea veio na noite desta sexta-feira, 30, com os 400m livre (S10). A oitava medalha pode vir neste sábado, quando ele se despede de Lima com o revezamento 4x100m livre 34 pontos. O nadador levará na mala de volta para o Brasil os ouros nos 50m livre, 100m livre, 200m medley, 100m borboleta, 400m livre, revezamento 4x100m medley, e o bronze nos 100m costas.
Mais resultados
Os halterofilistas mantiveram a rotina de vitórias brasileiras nesta quinta-feira, 30. A paulista Mariana D’Andrea levantou 122 quilos, a barra mais pesada que já sustentou na carreira, e obteve o ouro na categoria até 67 quilos. Esta marca é novo recorde da competição.
Amanda Sousa conquistou o bronze da categoria até 73 quilos. Luciana Dantas, o Montanha, garantiu a prata entre os atletas até 59 quilos.
O catarinense Ezequiel de Souza garntiu ouro na categoria até 72kg. O vice-campeão, o colombiano Javier Montenegro, superou o brasileiro em seu último levantamento, com 170kg. No entanto, Ezequiel ergueu 171kg em sua última pedida e ficou com o topo do pódio.
O Brasil fechou o segundo dia do halterofilismo no Parapan com quatro medalhas: duas de ouro, uma prata e um bronze.
O ciclista Lauro Chaman ficou com a segunda posição e a medalha de prata no contrarrelógio masculino. Ele concluiu o percurso em 41min18s624, atrás somente do peruano Rimas Hilário (40min19s951). Luis Steffens ficou em 12º, Soelito Gohr foi 13º, Carlos Alberto, 15º, e, por fim, Andre Grizante foi 17º.
O mineiro Eduardo Ramos conquistou a segunda medalha do dia para o ciclismo nacional: bronze no contrarrelógio da classe H1-5, ao concluir o percurso em 31min50s361. Em primeiro, ficou o canadense Matthew Kinnie. A prata foi para Brandon Lyons, dos Estados Unidos.
Já no tênis em cadeira de rodas, Daniel Rodrigues conquistou no final da manhã peruana a única medalha brasileira no tênis em cadeira de rodas em Lima. Ele venceu o americano Casey Ratzlaff por 2 sets a 0, com parciais de 6-2 e 6-3 e ficou com o bronze.
A Seleção Brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas venceu a Argentina por 69 a 44 e conquistou a medalha de bronze. De quebra, o time faturou ainda a vaga para os Jogos de Tóquio, já que os três primeiros em Lima classificavam-se à próxima Paralimpíada.
A Seleção Brasileira feminina de goalball venceu o Canadá por 4 a 3, de maneira dramática, e está na final do Parapan de Lima 2019. O duelo terminou empatado em 3 a 3 no tempo normal e, no golden score, um gol de Carol Duarte selou a classificação. A final será disputada neste sábado, 31, às 18h30, contra os Estados Unidos.
Na estreia do taekwondo no programa dos Jogos Parapan-Americanos, o Brasil obteve três medalhas somente no primeiro dia de lutas. A primeira e a segunda vieram em uma final brasileira na categoria até 58kg feminina, com a vitória de Silvana Mayara sobe Cristhiane por 19 a 10. Logo em seguida, Nathan Torquato disputou o ouro da categoria até 61kg masculino, ao atropelar o dominicano Geraldo Castro por 40 a 13.