Julio Secchin: o rei do Indie Funk

Nas redes sociais, ele tem mais de 20 mil seguidores. Seu single "Jovem" já foi ouvido mais de um milhão de vezes no Spotify. No YouTube, o clipe mais recente também já bateu essa marca. Mas afinal, quem é esse carioca que tem sacudido, com bom gosto e ousadia, as estruturas da nova geração da MPB? Quem é o cara que vacilou na primeira regra do rolê? Ele é Julinho, o Julio Secchin, o rei do indie funk, e conversou com portal Eu,Rio!

Secchin é um cantor e compositor que começou dirigindo vídeo-clipes para outros artistas, mas não esqueceu de preservar o sonho da adolescência: gravar e lançar as próprias músicas. Em 2017, quando finalmente essa vontade coincidiu com o carnaval daquele ano, ele não só fez as pazes com a festa, mas decidiu pôr em prática o seu desejo antigo.

"Na minha carreira como diretor, talvez, eu tenha delegado a exposição à quem estivesse na frente da câmera, para não ter que eu mesmo me expor.? Acho que o Carnaval trouxe uma idéia de exposição do corpo sem ter o olhar crítico dos outros. Todo mundo tá ali, coletivamente lidando com os corpos um dos outros de forma mais equilibrada. A conciliação com o Carnaval também veio pela conexão com os diferentes ritmos que os blocos trazem. Por isso, meu disco tem uma presença percussiva bem marcante", explicou.

Julio ainda ressaltou que a ideia do primeiro álbum acabou abordando aspectos tradicionais da música brasileira, mas com um olhar para frente que conseguiu retratar a vida ao seu redor, em 2019. Em "Festa do Adeus", ele flertou com diferentes estilos da MPB. No entanto, alguns dos seus sucessos acabou levando-o a se apresentar como o rei do Indie Funk. Um nome que surgiu nos comentários do clipe "Jovem".

"O Indie Funk é um termo que nasceu nos comentário do Youtube no clipe de Jovem. É um gênero híbrido, que junta elementos rítmicos do funk com letras e harmonias do universo da MPB e de outros estilos. Linguisticamente, é também um pouco diferente do funk tradicional. A ousadia é mais metafórica do que direta nas palavras. Sempre, preservando total reverência ao funk de comunidade, que é por si só, o movimento musical mais importante que tivemos no Brasil desde a Bossa Nova", destacou o artista.

Descontraído e desprentensioso, Julio Secchin diz que busca oferecer ao seu público uma experiência plural. Por tal motivo, ele reforça que seus fãs podem ouví-lo para dançar e fechar os olhinhos na pista.

"Quem quiser embarcar na melancolia, tem. Quem quiser se jogar no batidão, também tem. Então, acho que a ideia é dar uma experiência plural pra galera. Meu objetivo é falar das questões que tão na cabeça de muita gente da nossa geração, com um som novo que pegue toda a galera. No conteúdo e na forma. A música popular brasileira continua viva e forte, mas ela sempre se adapta aos tempos. Temos que olhar pra frente", contou.

Entre as suas influências musicais estão nomes como Caetano, Kanye West, Frank Ocean, MC Kevin, o Chris, Gilberto Gil, Maria Bethânia e muitos outros. Não à toa, a ousadia e a originalidade são presença fortes nas suas letras e nos seus clipes. Contudo, para se manter inspirado, Secchin se mantém atento a tudo que está em sua volta.

"Acho que é impossível explicar o processo de criação. Mas tento anotar tudo à minha volta: frases interessantes, prints em posts de instagram, ideias visuais malucas. Depois, quando parece que não vou chegar a nenhuma conclusão definitiva, a ideia vem como um raio na minha cabeça. Tem sido assim", brincou o cantor.

O carioca também tem consciência da importância da sua arte em tempos onde a política anda dividindo o país. Para ele, a cultura é a única coisa que vai tirar o Brasil de um "delírio fascista". Já sobre os novos projetos, o rei do Indie Funk prometeu não decepcionar o público.

"Eles podem esperar muita energia, muito refrão pra berrar nos shows e que eu sempre vou dar o sangue por quem tiver lá comigo pulando", avisou.