O sistema do BRT Transbrasil na Avenida Brasil não terá como operar até o ano de 2020, de acordo com o secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (02/09) durante audiência pública da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em conjunto com a Comissão Especial da Região Metropolitana, no Palácio Tiradentes. No entanto, a Secretaria Municipal de Transportes sinaliza para a possibilidade da operação iniciar de forma parcial a partir do segundo semestre do ano que vem. Diante disso, estado e município buscam um plano operacional integrado para a execução e conclusão dos trabalhos. O BRT Transbrasil será o quarto modal desse tipo a funcionar na cidade e vai ligar o bairro de Deodoro à Central do Brasil com ônibus articulados. Na melhor das hipóteses, caso a integração seja bem sucedida, o BRT Transbrasil, que atende ao trecho de maior demanda (900 mil passageiros/dia), chega com três anos de atraso em relação ao planejamento original. O custo ainda está em aberto, mas seguramente irá superar o orçado, de R$ 1,4 bilhão.
“Necessitamos de um modelo de plano operacional entre município e estado, e a decisão que vai ser dada na Avenida Brasil tem que ser de interesse de todos. Não é uma decisão municipal apenas, e a prefeitura entendeu que é necessária uma ação de cooperação antes de ter uma definição, porque o BRT tem sistema de portas diferentes e o desembarque é feito pelo lado esquerdo”, comentou Delmo. Ainda de acordo com o secretário, as reuniões sobre o plano operacional já estão sendo realizadas.
Já o coordenador de planejamento da Secretaria Municipal de Transporte do Rio, Eloir Faria, considera a possibilidade de o trecho entre Deodoro e a Rodoviária ser inaugurado em agosto de 2020. “Quatro terminais já devem estar prontos: Deodoro, Missões, Margaridas e Rodoviária, além de 17 estações intermediárias”, disse Eloir. Ainda segundo ele, após a conclusão dos trabalhos os usuários serão beneficiados com um ganho no tempo de viagem de uma hora e 15 minutos nos dois sentidos.
Richelle Cabral, diretora de mobilidade da Fetranspor, defendeu também um plano operacional integrado entre município e estado. “O plano é a solução para podermos discutir vários pontos. O Transbrasil não pode ser visto como um empecilho e por isso é necessário um plano operacional para que tenhamos respostas”, afirmou Richelle. Ela disse ainda que a Fetranspor tem ainda um projeto de mobilidade referente ao BRT, na Via Light.
O deputado estadual Luiz Paulo, membro da Comissão Especial da Região Metropolitana, também disse durante a audiência que sem um plano operacional integrado as obras não poderão ser concluídas completamente. “Solicitei esta audiência pública para esclarecer todas as dúvidas sobre o tema. A Avenida Brasil é o portão de entrada do Rio de Janeiro e faz conexão com a Rodoviária, que recebe os ônibus que chegam da Rodovia Presidente Dutra, como os que vem de Juiz de Fora, da Baixada, da ponte Rio-Niterói e metrô. É necessário ter estas interconexões bem definidas. É impossível imaginar que em agosto de 2020 as obras do BRT estejam prontas. É necessário um Plano Operacional, onde estas perguntas sejam respondidas e que contemple a Baixada Fluminense, Itaboraí, Maricá e o Centro da cidade”, disse.
Anúncio da obra, há oito anos, foi marcado pelo otimismo, afetado pelos sucessivos adiamentos
O BRT TransBrasil será uma importante conexão da Baixada Fluminense (vias alimentadoras) e o centro do Rio de Janeiro. O projeto básico foi concluído em 2011. O edital de licitação das obras tem previsão de contratação das obras para 2012. O TransBrasil terá 4 terminais de integração e 28, com distância média entre elas de 1.350m. Com a implantação dos corredores, a velocidade operacional dos ônibus será maior. No trecho de implantação do Corredor TransBrasil a velocidade atual dos ônibus é de 23km/h, mas existe a expectativa que o corredor passará a operar a 36km/h.
O Governo Federal anunciou a liberação do financiamento para a execução da obra, orçada em R$ 1,3 bilhão. A previsão é de que as obras durem 36 meses. O corredor terá 32 quilômetros, com quatro terminais, 28 estações e 15 passarelas. A expectativa é de que sejam atendidos 900 mil passageiros por dia, sendo o BRT que provavelmente terá maior demanda entre todos já projetados e implantados no mundo. Fazem ainda parte do projeto original mais de 30 mil metros quadrados de pontes e viadutos, o alargamento das pistas laterais da Av. Brasil entre Irajá e Guadalupe e a construção de um mergulhão de acesso ao Aeroporto Santos Dumont, preservando o patrimônio paisagístico do Aterro do Flamengo.
A licitação foi em 2013, com início imediato. Com a mudança de governo, em 2017, as obras foram suspensas, e retomadas apenas em 30 de julho do ano passado, já na gestão de Marcelo Crivella. O traçado foi ampliado do Caju até o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle, atrás da Central do Brasil. O local permite a integração com o Metrô e com o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) até o Santos Dumont.
Ligação direta entre Ponte Rio-Niterói e Linha Vermelha desafogará trecho do Caju em 15 mil veículos
Durante a audiência também foi discutida a situação das obras de ligação entre a Ponte Rio-Niterói e a Linha Vermelha. Segundo Júlio Amorim, diretor superintendente da EcoPonte, após os trabalhos nas vias no fim do ano, 15 mil veículos vão deixar de usar o trecho do Caju para acessar a Linha Vermelha. “Haverá diminuição de poluição sonora e emissão de monóxido de carbono. A ideia é desafogar o trânsito já que há uma disputa entre quem desce da Ponte e quem vai para o Centro”, afirmou o superintendente da concessionária EcoPonte, que administra a Ponte Rio-Niterói, por onde passam 150 mil veículos por dia.
O presidente da Comissão Especial da Região Metropolitana, Waldeck Carneiro (PT), afirmou que a audiência foi importante para definir os papéis entre os órgãos do poder público envolvidos nas obras. “Foi uma audiência muito importante por colocar em diálogo instituições e municípios que devem dialogar sobre uma obra que embora aconteça nos limites territoriais, que é o caso do BRT Transbrasil, impacta para muito além da cidade. E o que me chama a atenção é que há municípios que ainda desconhecem o plano operacional da obra do BRT que os afeta. Portanto, hoje a audiência contribuiu para dirimir algumas dúvidas e para realçar a importância de que esses municípios sentem e dialoguem. Daí, o papel do governo do estado na implementação efetiva da instância executiva da Região Metropolitana”, afirmou Waldeck
Para o presidente da Comissão de Transportes da Casa, Dionísio Lins (PP), a união entre as secretarias municipal e estadual de transportes vai trazer benefícios à população após a obras do BRT. “Governo do estado e governo municipal chegando a um entendimento; ou seja, realizar uma bela obra para que o usuário saia ganhando. Isso que é o importante. E a população ganhou muito nesse entrosamento”, afirmou Dionísio. Também participaram da audiência pública os deputados Eliomar Coelho (PSOL), Coronel Salema (PSL) e Renan Ferreirinha (PSB).
Fonte: Com site da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro