Tetracampeonato mundial da Seleção completa 24 anos

Após a derrota para a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, o sonho do hexa brasileiro ficou para 2022 no Catar, aumentando assim para 20 anos a seca de títulos mundiais da seleção que conquistou o penta em 2002 no torneio disputado na Coréia e no Japão. Desde o primeiro título em 58 na Suécia, esse será o segundo maior período sem conquistar o maior torneio de futebol do planeta, o primeiro que durou longos 24 anos do tri em 1970 no México até o tetra em 1994 nos Estados Unidos, coincidentemente completa também 24 anos neste dia 17 de julho.

Antes do italiano Roberto Baggio isolar a cobrança do pênalti que deu a quarta estrela da nossa camisa, muita coisa aconteceu naquela edição da Copa do Mundo. Pela última vez disputada com 24 seleções, a partir de 1998 na França seriam 32, a 15ª edição do torneio foi pela primeira vez disputado nos Estados Unidos, um país tradicionalmente conhecido por promover os esportes, mas até então somente o basquete, beisebol e o futebol deles, aquele derivado do rúgbi. O futebol (do inglês football), que por lá é chamado de soccer, não era tão popular na terra do Tio Sam na época.

Vinda de um fracasso na edição anterior disputada em 1990 na Itália caindo nas oitavas diante da Argentina, a seleção brasileira chegou aos Estados Unidos desacreditada. a equipe dirigida pelo técnico Carlos Alberto Parreira havia se classificado nas Eliminatórias somente na última rodada quando Romário, ausente em toda a competição até então foi convocado e com 2 gols diante do Uruguai diante de um Maracanã lotado, carimbou a vaga do Brasil para a Copa.

No grupo B ao lado de Rússia, Camarões e Suécia, a seleção mesmo jogando um futebol burocrático, mas, no entanto com um sistema defensivo muito consistente bateu os russos na estreia por 2 a 0, gols de Romário e Raí. Na sequência, depois de uma vitória tranquila diante dos camaroneses por 3 a 0 (Romário, Márcio Santos e Bebeto) o Brasil sofreu seu primeiro gol na competição no empate de 1 a 1 com os suecos, Kennet Andersson abriu o placar para eles, mas Romário deixou tudo igual.

A campanha

Classificado em primeiro, o time brasileiro pegou os donos da casa nas quarta de final, justamente no dia da independência norte-americana, comemorada em 4 de julho. Em partida tensa onde o lateral esquerdo Leonardo foi expulso e banido posteriormente da Copa após acertar uma cotovelada em Tab Ramos no final do primeiro tempo, o Brasil conseguiu a vitória somente aos 27 da segunda etapa quando Romário deu uma bola precisa para Bebeto enfim furar a forte retranca ianque.

Nas quartas de final contra a Holanda, outro jogo emocionante. Após o 0 a 0 na primeira etapa, a segunda começou com Romário e Bebeto (na clássica comemoração embala neném que o atacante fez em homenagem ao seu filho Matheus, recém nascido) abrindo 2 a 0 para o Brasil. Porém Bergkamp e Winter deixaram tudo igual e quando tudo indicava que a partida iria para a prorrogação, o lateral esquerdo Branco acertou uma cobrança de falta que ficou ainda mais mística com o desvio de corpo de Romário que fez com que a bola não saísse de seu destino já traçado, o fundo das redes do goleiro Ed de Goey. Nas semi finais, mais uma vez a Suécia fez jogo duro. A vitória só veio aos 35 do segundo tempo com o baixinho Romário subindo mais alto que os grandalhões zagueiros suecos.

A final

Na grande o adversário seria a Itália em um tira teima da final de 70 quando ambas as seleções então bicampeãs buscam o inédito tri e a posse definitiva da taça Jules Rimet. Naquele momento a disputa era pelo inédito tetra, depois da Itália conseguir seu tri em 1982 em uma campanha que eliminou uma das maiores seleções brasileiras de todos os tempos. E depois de um 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, a decisão naquela tarde ensolarada de 17 de julho no estádio Rose Bowl seria definida nas clássicas penalidades. Após Baresi e Marcio Santos não converterem suas cobranças, Albertini e Romário enfim conseguiram fazer as redes balançarem. Depois Evani e Branco também converteram e Taffarel heroicamente pegou a cobrança de Massaro, Dunga fez 3 a 2 para o Brasil e Baggio isolou a última cobrança italiana, fazendo o grito de tetra explodir em todo o país.