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Rock in Rio tem noite épica ao som de lendas do heavy metal

Grande atração da última sexta, Iron Maiden fez mais uma apresentação histórica no festival

Por André Luiz Coutinho em 05/10/2019 às 16:00:18

Foto: Rock in Rio/Divulgação

Após ficar de fora da última edição do festival em 2015 e gerar muita revolta dos fãs, a Noite do Metal voltou em grande estilo ao Rock in Rio nesta sexta-feira (04/10). Apesar de ser ainda um dia da semana, a Cidade do Rock recebeu desde a abertura dos portões às 14h um grande público, que mesmo sobre um calor de mais de 30 graus, não abriu mão das tradicionais camisas pretas, alguns com outros acessórios como botas de couro e boa parte deles ostentando uma extensa cabeleira para "banguear" ao som de verdadeiros ícones do heavy metal que se apresentaram por lá.

Não eram só as atrações que eram internacionais, em vários pontos desde o famigerado Espaço Favela, passando pela Rock District e pelos palcos Sunset e Mundo, além de outros pontos da Cidade do Rock, era possível ver senão as bandeiras de países como Equador, México e até Honduras, ouvir os sotaques latinos de "headbangers".

O ponto alto da noite aconteceu pontualmente às 21h40 quando os lendários britânicos do Iron Maiden subiram ao palco apresentando em pouco mais de duas horas uma apresentação que faz jus a definição de espetáculo. Começando pelo discurso do primeiro-ministro inglês durante a Segunda Guerra Mundial Winston Churchill, prelúdio do primeiro hino da noite, "Aces High" que além da performance contagiante do experiente sexteto, contou um enorme Spitfire britânico pairando suas cabeças enquanto o som rolava, cantado em uníssono pela plateia.

Em seguida, "Where Eagles Dare" seguiu a mesma temática da Segunda Guerra, mas sob a temática de uma base secreta nazista sob as montanhas, dessa forma o vocalista Bruce Dickinson trocou a roupa de piloto por uma de neve, deixando o público com um pouco de pena, pois o clima ali estava bem longe de ser glacial. Destaque também para a introdução na bateria reproduzida perfeitamente por Nicko McBrain que apesar dos seus 67 anos, mostra que ainda está em boa forma.

A apresentação seguiu de forma épica com um desfile de clássicos como " 2 Minutes to Midnight", "The Clansman" com Bruce duelando de espada na canção que faz menção aos "highlanders" da Escócia Medieval, gravada na época do ex-vocalista Blaze Bayley, mas que ganha mais vida com o intrépido baixinho. Em seguida "The Trooper", ele duelou com o mascote Eddie, que estava caracterizado conforme a capa do single, além do famoso riff de puxado pelo trio de guitaristas formado Dave Murray, Adrian Smith e o performático Genick Gers, sempre dançando com sua guitarra, o público interagiu no famoso coro de "oooooooh" do refrão, enquanto Bruce tremulava bandeiras do Reino Unido e do Brasil espalhadas pelo palco.

Marcada na primeira apresentação do Iron Maiden no festival e no Brasil em 1985, quando Bruce feriu a boca no momento em que a corda da guitarra que ele costumava tocar na época arrebentou e deixou ele sangrando, o que foi chamado de "teatro" pela transmissão da TV Globo na ocasião, "Revelations" mais uma vez agitou a multidão com o cenário do palco se transformando em uma grande catedral cheia de vitrais.

Janick Gers sempre performático. Foto: Rock in Rio/Divulgação

A canção mais "recente" da apresentação foi "For the Greater Good of God" do álbum "Matter of Life and Death" (2006), que apesar de muito bem executada pela banda, não animou tanto assim a maioria dos fãs como "The Wicker Man", "Sign of the Cross" e "Flight of Icarus" que tocaram na sequência, essa última não era apresentada ao vivo há mais de 30 anos, mas precisamente desde 1986 e além da energia por si só da canção, contou com o Bruce "incendiando" tudo com dois lança-chamas acoplados em seus braços, aliás a pirotecnia esteve muito presente durante toda a apresentação, em pontos do palco e até do alto do Palco Mundo, esquentando ainda mais as coisas.

O setlist regular terminou da forma mais épica possível em uma trinca clássica que teve "Fear of the Dark" e o seu inconfundível coro de milhares de pessoas que dão sempre mais vida a canção, "The Number of the Beast" onde a citada pirotecnia se fez presente e "Iron Maiden", que em seus versos deixa bem claro que a banda quer "pegar todos vocês" e pega mesmo, pois não é possível ficar contagiado com tamanha qualidade, técnica e feeling apresentada por uma banda que ano que vem chega aos 45 anos de carreira e que teve seu vocalista recentemente se recuperando de um câncer na garganta, Bruce inclusive parece cantar ainda melhor apesar do grande infortúnio.

Após uma despedida fake e as luzes se apagarem, a banda volta para uma nova trinca de hits pra fechar com chave de ouro a noite. "The Evil That Men Do" com Steve Harris "atirando" com o baixo para todos os lados em um dos riffs da canção. Em seguida "Hallowed Be Thy Name" que voltava ao setlist após problemas judiciais fez a alegria dos fãs assim como "Run to the Hills" que fechou a apresentação assim como no lendário show da terceira edição do festival em 2001, inclusive onze dos 16 hinos apresentados também estavam presentes naquele dia.

O Scorpions subiu ao palco com uma difícil missão depois do Iron Maiden e mandou muito bem. Foto: Rock in Rio/Divulgação

Por fim, Bruce agradeceu e prometeu voltar em breve, enquanto o público se dispersava, tentando se recompor para assistir ainda o Scorpions, que trocou de lugar com o Iron Maiden, a pedido dos britânicos. Os também lendários alemães tiveram uma difícil missão de subir ao palco depois uma apresentação tão marcante, mas conseguiram conduzir bem as coisas com hits os "Send me na angel", "Wind of change" e "Rock you like a hurricane", a banda ainda aproveitou para fazer uma homenagem ao primeiro Rock in Rio (1985). Em "Coast to coast", o guitarrista Matthias Jabs, tocou o mesmo instrumento usado por ele em 1985, com referências à bandeira do Brasil, que foi totalmente reformado para este show.

Porrada desde cedo

A primeira apresentação do Palco Mundo foi do Sepultura, o lendário grupo que há mais de 30 anos leva a bandeira do heavy metal brasileiro mundo afora e que mais uma vez foi desrespeitado pela organização do festival que colocou eles pra tocar mais cedo do que o que tinha sido anunciado, por volta ainda das 17h. Apesar disso, Derick Green, Andreas Kisser, Paulo Jr. e Eloy Casagande fizeram muito bem a parte deles, contagiando o público com hinos como "Attitude", "Refuse/Resist", "Ratamahatta" e "Roots Bloody Roots", além de apresentar a nova "Isolation", canção que estará no próximo trabalho da banda, "Quadra", que teve nome e capa também apresentados no show que foi no último show da turnê Machine Messiah, último álbum da banda de 2017.

Derrick Green em ação com o Sepultura. Foto: Rock in Rio/Divulgação

A segunda banda a subir no Palco Mundo, Helloween, mostrou toda a sua força na Cidade do Rock. Com a formação da turnê Pumpkins United, que une membros considerados lendários da banda alemã, os músicos realizaram uma apresentação impecável repleta de hinos como "Eagle Fly Free", "Dr Stein" e "I Want Out".

Palco Sunset não deixou por menos

Quem chegou cedo na Cidade do Rock, prestigiou logo de cara o thrash metal do trio paulistano Nervosa que abriu os trabalhos do dia. Prika Amaral (guitarra e vocais), Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria) ferveu a plateia com o ritmo agressivo e provou a força feminina cada vez mais presente na cena do metal nacional. Nem o sol forte desanimou o público do heavy metal que compareceu em peso para os shows do Tortune Squad & Claustrofobia, que receberam como convidado o lendário Chuck Billy, ex-Testament.

Foto: Jorge Hely

O grupo americano Anthrax, um dos pioneiros do subgênero, subiu ao Palco Sunset e tocou grandes sucessos, como "Madhouse" e "Indians". Quem encerrou a noite no local foi a banda Slayer, que anunciou sua aposentadoria dos palcos depois de 37 anos e fez seu último show no Brasil. Os fãs assistiram a um verdadeiro espetáculo de heavy metal, com a marcante presença de palco dos seus integrantes e um repertório rápido e eletrizante, que garantiu uma despedida à altura da história da banda. Entre os clássicos do grupo, o público conferiu "Repentless", "South of Heaven" e "Seasons in the Abyss".

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