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“Clube da Luta para Meninas” é a comédia do ano

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 01/12/2023 às 12:12:43

O cinema hollywoodiano dos anos 80 e 90 nos presentearam com filmes de comédia do mundo high school que se tornaram clássicos. Não é a toa que até hoje revemos esses filmes e amamos. A moda ainda escoou para os anos 2000 e, assim, nos tornamos essa geração que enxergamos muito de nós naqueles personagens e rotinas.

Sim, a comédia abre margem para os exageros, criação de figuras caricatas e, claro, críticas. Só que o mundo mudou (e bastante) e os estúdios precisam refletir a nossa nova sociedade nas telas, o que tem acontecido nos últimos anos, já que a filmografia teen ganhou novos títulos, como o caso de “Moxie”.

Mas, então, uma diretora resolveu arriscar ainda mais (obrigada por isso). Emma Seligman conquistou merecidamente os holofotes com “Shiva Baby” e agora nos apresentou com “Clube da Luta para Meninas”. Precisamos enaltecer essa obra da comédia atual, necessária e, especialmente, empoderada. Sim, uma das melhores comédias do ano.

Também roteirista, Seligman revisita uma ideia de uma obra, desconstrói o que o público espera de um filme teen e dá todo o poder às meninas. O icônico “Clube da Luta”, de David Fincher, tem sim sua merecida referência aqui, não só pela iniciativa de Tyler Durden para criar esse espaço que os homens poderiam ter alívio e redenção, reencontrar sua masculinidade que o mundo capitalista tirou, mas sobre o que o filme virou para alguns (erradamente, que fique bem claro) que levam os princípios da ficção ao pé da letra e como verdade (alou, homi Red Pills, eca).

Aqui acompanhamos PJ e Josie no seu último ano e com uma missão: perder a virgindade. Uma premissa que bem conhecemos de comédias desse recorte, só que alguns detalhes novos fazem o filme melhorar: as duas são lésbicas e seus crushs são garotas populares. Então, o plano é criar um clube da luta com a premissa de ajudar meninas a se autodefenderem, mas a verdade é que tudo é somente para conseguirem ficar com as garotas que desejam. Rachel Sennott (“Shiva Baby”) e Ayo Edebiri (“O Urso”) são comediantes mais que perfeitas para seus papéis, especialmente por funcionarem tão bem por serem melhores amigas tão diferentes, que se complementam e sem maniqueísmos.

Outro ponto que merece destaque é o personagem de Nicholas Galitzine, porque Jeff é todo o estereótipo e exageros do atleta principal do time de futebol americano do colégio e, bem, tudo que vem no combo “macho alfa”. Só assista e se surpreenda. Digo isso porque a comicidade de seu papel é hilária, principalmente quando paramos para lembrar que o ator estreou recentemente o sucesso “Vermelho, Branco e Sangue Azul” e aqui está totalmente diferente. Um arraso!

Com um roteiro cheio de humor ácido, piadas a todo momento que demonstram as inseguranças da adolescência e ótimas críticas a esse cenário, tanto para a estrutura do colegial como para todos que estão ali, acompanhamos um grupo, liderado pelas nossas heroínas PJ e Josie, que é pura sororidade, já que dá espaço e é um sucesso para todas, das excluídas até as líderes de torcida. São importantes lições ao longo da narrativa, mas tudo de uma forma inusitada e hilária! O roteiro é de Emma Seligman e da Rachel Sennott. E não menos importante: que trilha sonora sensacional!

Por fim, é lindo assistir a uma obra como esse filme em que as mulheres tomam as rédeas da narrativa, de seus arcos narrativos e também da direção, como querem e merecem. É um universo real, com todos os exageros para rir, e também críticas. Então, “Meninas Malvadas” andou para que esse aqui pudesse correr. Esperamos muitos mais títulos para se juntarem a essa corrida!

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