A volta do bom slasher: "MaXXXine" chega aos cinemas

Conhecemos Maxine Minx em “X - A Marca da Morte”, um terror que chegou em 2022 e soube mostrar para o que veio. O filme de Ti West colocou o público para degustar de um excelente slasher, daqueles que o cinema independente sabe bem nos dar de presente, não só pelo gore na tela, mas pelas ótimas soluções de direção para manter o suspense na narrativa apesar do baixo orçamento. Assim, a grande final girl Maxine conseguiu atingir um nível como de Jamie Lee Curtis, na estreia de “Halloween”, e nós, espectadores, ficamos com o gostinho de quero mais. O próprio diretor comentou que inicialmente era apenas de um filme, mas veio a ideia dos outros dois: o antecessor “Pearl” e agora “MaXXXine”. Enquanto “X” mergulha no terror com mistério e “Pearl” abraça o terror psicológico, o novo filme chega implacável por conta dos anteriores e se aproveita de um ótimo cenário da Los Angeles dos anos 80, mas não usa tudo que poderia do terror das ruas do contexto escolhido.

É preciso, antes de tudo, destacar a abertura do filme. É a escolha de segurança por começar com uma memória em gravação que nos aproxima da personagem e faz o perfeito paralelo com o tempo atual: é a âncora dos flashbacks. Claro, o design e cuidado, seja na aspereza da imagem ou dos créditos com detalhes de VHS, são essenciais para mergulharmos na década de 80 junto com a implacável Maxine que tem um excelente monólogo. E tudo com aquela trilha sonora que alegra os ouvidos pelas referências a década escolhida. Mas se há algo que merece aplausos em toda trilogia é a atuação de Mia Goth, desde seu sotaque, entonações e olhares.

Assim, dentro de um estúdio de cinema, entendemos o caminho que será construído do filme: ser uma carta de amor a 7ª arte. Algo que já conhecemos bastante de outros diretores, como “La La Land”, “Era uma Vez em Hollywood” e “Babilônia”, mas agora Ti West vem falar do terror e com uma, quase que, anti-heroína. O interessante do arco dramático de Maxine Minx é sua capacidade de passar por cima de tudo e todos para agarrar sua oportunidade em Hollywood. Ou seria para sobreviver?

Como uma boa protagonista, tudo acontece ao seu redor e o motivo vinculado a ela. Não somente por já sabermos que ela é a final girl, mas aqui o plano de fundo reforça isso: é a Los Angeles neon, sombria e sangrenta, assustada por conta do serial killer The Night Stalker (vale conferir sobre a história do caso real), ao mesmo tempo que a política de Reagan dita muito o puritanismo da sociedade. Lembre-se que Maxine é implacável, o medo que ronda a cidade ou a sociedade que aponta o dedo para ela não a farão estagnar e desistir do estrelato.

Entretanto, o roteiro perde a oportunidade de aproveitar melhor esse cenário e seu maior orçamento contribui para esse desvio. Apesar da "estética filme B", é claro o maior investimento em “MaXXXine” pelo tamanho das locações, com nostalgia de Hitchcock a Brian De Palma e seu elenco, com nomes como Halsey, Kevin Bacon e Lily Collins. Inclusive, há bons coadjuvantes que não ganham o tempo de tela merecido, com passagens meteóricas, como é o caso dos agentes. Por outro lado, os flashbacks em excesso diminuem o filme, o plot twist, apesar de óbvio, funciona, mas a áurea do suspense não se estrutura por toda duração.

“MaXXXine” não atinge o nível do filho pródigo dessa trilogia (que pelo jeito nem mais será trilogia), mas promete e cumpre uma ótima sessão. É o banho de sangue que os fãs de slasher gostam, a estética de nostalgia que faz os olhos brilhares e o prazer de saber mais da trajetória dessa personagem que conquistou seu espaço no gênero. Saí extremamente satisfeita da pré-estreia, que foi junto com a cabine de imprensa, com a certeza que Mia Goth merece mais uma vez ser assistida na tela grande.