Sim, viagens longas tendem a causar estase (parade) do sangue venoso nas pernas, e isto é fator de risco direto para a formação de um coágulo (trombo).
Primeiro vamos entender a trombose venosa profunda (TVP), ela ocorre quando um coágulo sanguíneo se forma, sendo mais frequente nas veias dos membros inferiores. Nosso sistema está sempre em homeostase (equilíbrio), então quer dizer que estamos constantemente fazendo coágulos e desfazendo, e quando um dos lados dá ""erro", acontece um evento trombótico ou sangrante. Após formado o coágulo, a sintomatologia dele depende da extensão do mesmo, então obviamente quanto maior o coágulo formado, maior as chances de sintomas e complicações como a embolia pulmonar (EAP). Nesta situação (EAP) uma parte do coágulo pode se desprender e viajar até se alojar nos pulmões, ocasionando a embolia pulmonar, doença grave e que pode ser fatal.
A literatura diz que cerca de 10-15% dos viajantes com mais de 4 horas de viagem, saem do avião com algum tamanho de coágulo nas veias dos membros inferiores. Quantas pessoas que conhecemos chegam ao destino com pernas pesadas e tornozelos inchados?
Esse tipo de doença (TVP) não acontece somente em viagens de avião, e sim qualquer período longo de imobilização. Acaba sendo mais comum em aviões com classe econômica e ônibus pelo curto espaço para movimentação das pernas.
A associação entre TVP e viagens aéreas, bem como as de carro, ônibus ou trem, é pouco estudada, pois grande parte das tromboses são pouco sintomáticas e confundidas com dores musculares ocasionadas pelo desconforto destas viagens.
Lembrando que o uso de medicações para dormir ou o álcool favorecem o surgimento da TVP, por manter o indivíduo mais estático que o habitual, perdendo muitas vezes a sensação de dor, que o faria mudar de posição e acionar a bomba muscular e melhorar o retorno venoso.
A recomendação dos cirurgiões vasculares é da movimentação das pernas com frequência, exercitando os músculos da panturrilha. Em viagens longas, levante e caminhe pelo avião ou ônibus e/ou estique a pernas sempre que possível, evite o cigarro, e utilize roupas leves e mais soltas que permitam o movimento.
O uso de meias de compressão em membros inferiores deve ser sempre individualizado, pois alguns pacientes possuem contraindicação ao uso e pode acontecer de agravar o quadro. Porém quando bem indicada, tende a diminuir o risco de trombose por melhorar o retorno venoso das pernas e melhorar a estase sanguínea neste local.
A profilaxia farmacológica com anticoagulantes também deve ser individualizada para cada caso. Consulte o seu cirurgião vascular ou angiologista, defina seus riscos e possíveis profilaxias a serem utilizadas.