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Rodrigo Neves se tornou o mais forte candidato ao governo do RJ

Por Paulo Baía, sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ

Em 02/08/2022 às 09:40:57

A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) vai aprovar, na próxima quinta-feira (04), a coligação formal com PDT e o PSD no Estado do Rio de Janeiro, a pedido da direção fluminense e carioca do PT.

O PT do Estado do Rio de Janeiro apoiará para governador o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves e o ex-presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz para vice-governador.

A associação entre PT, PDT e o PSD já era a vontade da cúpula dos três partidos. Já era o desejo de Washington Quaquá, Eduardo Paes e Carlos Luppi, que são bons parceiros de jornada política e eleitoral, bem próximos, desde as eleições municipais de 2020.

A sociedade PDT/PSD/PT já era prevista nos bastidores faz tempo, não apenas pelo fato de o PSB manter Alessandro Molon como candidato à única vaga para o senado federal.

A campanha de Marcelo Freixo nunca foi vista como competitiva e muito menos como um bom suporte para a estratégia nacional da campanha Lula da Silva/Geraldo Alckmin.

A cúpula do PT do estado do Rio de Janeiro enxergava a campanha de Marcelo Freixo como prejudicial à performance de Lula da Silva contra Jair Bolsonaro.

A potencialidade da campanha de Marcelo Freixo nunca foi aceita para valer por Washington Quaquá e demais dirigentes petistas no território do estado do RJ.

Assim, a chapa Rodrigo Neves/PDT e Felipe Santa Cruz/PSD é o retrato estadual da chapa Lula da Silva/Geraldo Alckmin.

A decisão prevista para o dia 04 de agosto será tomada mesmo que Alessandro Molon desista de sua postulação à vaga de senador.

O PT do Rio de Janeiro quer estar alinhado à estratégia nacional de Lula da Silva e Geraldo Alckmin.

O PT quer Lula como absoluta prioridade em todos os 26 estados e em Brasília. A prioridade de Washington Quaquá é eleger Lula presidente da república já no dia 02 de outubro, no primeiro turno.

André Ceciliano é a figura síntese, o protagonista do entendimento entre todos os partidos e segmentos partidários na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, como seu presidente e principal articulador.

André Ceciliano, há alguns anos, desde a saída da presidência da Assembleia Legislativa RJ de Jorge Picciani, é o negociador eficiente e eficaz com todas as forças políticas do parlamento estadual, como com a bancada de deputados federais, senadores e os 92 prefeitos do estado.

Além de assegurar a estabilidade do governador Cláudio Castro, após a passagem e saída traumática de Wilson Witzel da titularidade como governador em um inédito impeachment estadual por unanimidade na ALERJ e no TJ-RJ.

André Ceciliano aprovou leis para contrapor-se a um governo federal com Paulo Guedes e outros ministros que odeiam e desmontam as potencialidades fluminense e carioca como polo da indústria de petróleo e gás, além de criar obstáculos jurídicos ao Rio de Janeiro como polo aeroportuário e de logística, com a destruição dos aeroportos do Galeão, Cabo Frio e dos complexos portuários do Rio de Janeiro, Sepetiba e Açu/São João da Barra.

Com o incentivo para que a região centro-oeste seja polo de produção de fertilizantes com o gás vindo da estrutura de produção de gás que está aqui no Rio de Janeiro.

André Ceciliano foi vital para o sucesso da renegociação do "Regime de Recuperação Fiscal" do estado do Rio de Janeiro com a equipe econômica comandada por Paulo Guedes.

Eleito presidente da ALERJ em 2019, representando um tom conciliador, de articulação e respeito às diferenças políticas, partidárias e regionais do RJ.

Assim, não é surpresa André Ceciliano ser a "cara" da chapa Lula da Silva/Geraldo Alckmin e essa expressão facial ser transportada para a chapa Rodrigo Neves/Felipe Santa Cruz.

A chapa do PDT com Rodrigo Neves, com Felipe Santa Cruz do PSD de Eduardo Paes/Geraldo Alckmin e André Ceciliano do PT da Baixada Fluminense é não só o retrato de Lula da Silva, é a tomografia fiel e precisa da chapa Lula presidente e Geraldo Alckmin vice-presidente.

É a reprodução no Rio de Janeiro do cenário nacional do PT/PSD.

Rodrigo Neves tem sua origem no PT de Niterói e Felipe Santa Cruz também tem sua origem no PT da cidade do Rio de Janeiro.

Rodrigo Neves, como candidato ao governo do estado, e Felipe Santa Cruz a vice-governador do Estado RJ criam um modelo que se encaixa a André Ceciliano como articulador de sucesso.

Esse modelo/formato/aliança não foi uma articulação de André Ceciliano, foi e é uma articulação de Washington Quaquá, Eduardo Paes e de Rodrigo Neves, que sempre se manteve distante da pré-campanha de Ciro Gomes para a presidência da república.

O mesmo Rodrigo Neves que vem protagonizando nos últimos 20 dias apoio público a Lula da Silva e a André Ceciliano.

Washington Quaquá, desde o início da pré-campanha, nunca gostou da chapa com Marcelo Freixo. Sempre quis outra alternativa, sempre postulou o nome de Rodrigo Neves.

É uma chapa que tem as digitais de Washington Quaquá e André Ceciliano, facilitada pela teimosia de Alessandro Molon e Marcelo Freixo.

A Chapa Marcelo Freixo e Alessandro Molon será um PSOL ampliado. Entendo que Marcelo Freixo caminha com rapidez para o terceiro lugar, absolutamente sem competitividade. Será a chapa da Praça São Salvador, chapa da roda de chorinho da Rua General Glicério, em Laranjeiras, que não possui outra alternativa a não ser votar com o nariz fechado em Lula. Não votarão em Ciro Gomes, Vera Lucia do PSTU, Sofia Manzano do PCB e Leonardo Péricles da UP, serão Luiz Inácio Lula da Silva.

Rodrigo Neves, nos últimos dois meses, fez uma bela articulação direta com Lula, enfrentou a candidatura Ciro Gomes dentro do PDT, que não é bem vista no conjunto do PDT, mas será mantida, mesmo com a coligação formal do PT-RJ a Rodrigo Neves, com o apoio explícito e público de Luiz Inácio Lula da Silva.

A senha para que a direção fosse seguida já estava dada com o deliberado distanciamento de Rodrigo Neves de Ciro Gomes.

Carlos Luppi não se oporá à coligação PDT/PSD/PT no RJ. Exemplo disso foi a numerosa e estridente recepção que o PDT de Cabo Frio e o prefeito José Bonifácio, vice-presidente nacional do PDT, fizeram para declarar apoio à pré-campanha ao senado de André Ceciliano na noite de quarta-feira, dia 27/07.

Não foi uma rebeldia ou arrivismo do velho militante trabalhista, de 77 anos de idade, Zezinho Bonifácio.

Na próxima quinta-feira, dia 04 de agosto, em Brasília, a pedido da direção do PT/RJ, o martelo será batido a favor de Rodrigo Neves do PDT e Felipe Santa Cruz do PSD.

Aprovada a coligação com o Partido dos Trabalhadores - PT, com o ativismo de Rodrigo Neves, Eduardo Paes, Felipe Santa Cruz, André Ceciliano e Carlos Luppi, será consolidada a polarização contra Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, essa chapa de Rodrigo Neves com Felipe Santa Cruz até o final do mês de agosto conseguirá avançar no eleitorado que vinha, devagar e sem convicção, caminhando na direção de Cláudio Castro, de maneira muito débil e muito frágil.

A grande novidade desta primeira semana de agosto de 22 no estado do Rio de Janeiro é que Rodrigo Neves se consolidou como principal candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro. E digo principal mesmo, mais do que Cláudio Castro. As pesquisas até o dia 20 de agosto dirão, com seus números, dados e informações, que Rodrigo Neves estará em empate técnico com Cláudio Castro do PL de Jair Bolsonaro.


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