Por que diversos países estão banindo o TikTok?

Uma pesquisa recente mostrou que nossos dedos percorrem mais de 80km ao arrastar uma tela de celular durante um ano. São quase duas maratonas apenas com a mão. E confesso que o TikTok pode ter muito a ver com isso. O algoritmo dele é focado em te fornecer conteúdos que mais são propícios ao seu gosto. Logo, você fica mais tempo nele.

Parecia um conto de fadas, mas, no entanto, nos últimos meses, legisladores nos Estados Unidos, Europa e Canadá intensificaram os esforços para restringir o acesso ao app, citando ameaças à segurança.

A Casa Branca disse às agências federais, em fevereiro, que eles tinham 30 dias para excluir o aplicativo dos dispositivos do governo. Um número crescente de outros países e órgãos governamentais - incluindo a Grã-Bretanha e seu Parlamento, o Canadá, o braço executivo da União Europeia, a França e o Parlamento da Nova Zelândia - também proibiram recentemente o aplicativo de dispositivos oficiais. No começo de abril, a Austrália se tornou o último país a anunciar que estava proibindo o aplicativo TikTok em dispositivos governamentais por recomendação de agências de inteligência e segurança. Ao todo, pelo menos 30 países já impuseram alguma restrição ao uso do app em seus territórios (o Brasil não é um deles).

Com mais de 1 bilhão de usuários ativos diariamente, marca superada no segundo semestre de 2022, o TikTok enfrenta o ceticismo por dois motivos claros: segurança digital e o envolvimento do governo chinês em torno de um possível acesso às informações dos usuários.

Legisladores e reguladores no Ocidente têm expressado cada vez mais preocupação de que o TikTok e sua controladora, ByteDance, possam colocar dados confidenciais do usuário, como informações de localização, nas mãos do governo chinês. Eles apontaram leis que permitem ao governo chinês exigir secretamente dados de empresas e cidadãos chineses para operações de coleta de informações. Eles também estão preocupados que a China possa usar as recomendações de conteúdo do TikTok para desinformação. O TikTok há muito nega essas alegações e tenta se distanciar do ByteDance.

No Brasil, dados mostram que o app tem quase 5 milhões de usuários, sendo a maioria jovens e mulheres. Embora tenhamos gasto bastante tutano e saliva discutindo as aplicabilidades da Lei Geral de Proteção de Dados, ainda não existe uma frente para averiguar uma possível cessão de dados à ByteDance de brasileiros. Auditorias já feitas no app apontam também que as requisições que ele faz não são incomuns e similares ao que o Facebook, Google ou Twitter já fazem. Mas não é impossível. Só lembremos do caso da Cambridge Analytica, que mudou as eleições da maior potência do mundo usando “joguinhos” e “filtros” para coleta de dados.

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