O movimento #BlackLivesMatter tomou de assalto a narrativa antirracista nas redes sociais. Mais do que conscientizar a sociedade, essa campanha fez com que refletíssemos sobre a potencialidade de mobilização via esfera digital. O slogan é uma hashtag, não um gesto, por exemplo, como foi no “Diretas Já!”. O impacto dele pode ser sentido em diversos setores. Serviços de streaming, por exemplo, suspenderam a exibição de filmes que tinham cenas claras de preconceito racial. A outra face dessa possibilidade de mobilização e a tão igual capacidade de distribuição de um conteúdo de ódio.
É recorrente vermos casos de racismo no Facebook, Twitter e Instagram. Mais recorrente ainda é ver a inércia – ou medidas pouco eficazes de combate - dessas redes. Empresas globais, a partir dessa ascensão do discurso de ódio, começaram a cortar investimentos em publicidade no Facebook, por exemplo. A Disney se juntou a empresas como Coca-Cola, Adidas, Rebook, Verizonm,Unilever e Ford na campanha “Stop Hate For Profit” (Pare de lucrar com o ódio, em tradução livre) que exige da empresa regras mais rígidas contra conteúdos racistas e discursos ofensivos, instaurada após uma carta aberta da Liga Anti-Difamação (ADL, sigla em inglês). Mais de 400 empresas já aderiram ao movimento.
A rede de Zuckerberg informa que está investindo pesado no combate a esse tipo de narrativa. Mas na prática, ainda não vemos mudanças efetivas. Nesta semana, o Twitter anunciou mudanças em suas regras contra propagação de ódio. A plataforma passou a especificar em suas políticas de uso o veto à “linguagem que desumaniza as pessoas com base em raça, etnia ou nacionalidade”. A especificação permitirá não só que tuítes que se enquadrem no caso sejam excluídos, como também que a rede social limite temporariamente ou suspenda perfis, se a conta violar repetidamente suas regras sobre o tema. A rede diz que essa varredura contra conteúdo de ódio será feita tanto de forma automatizada, quanto por meio de denúncias dos usuários. A saber se nessa rede o discurso de combate ao racismo vai ser além de um post institucional ou uma hashtag patrocinada.