NFTs: o verdadeiro impacto é no social

Relaxem que este não é mais um texto chato que busca explicar o que é NFT ou para o que ele serve. “O que são NFTs?” pode ser respondido facilmente em uma busca no Google. O que pretendemos mostrar em nossa coluna é que, finalmente, uma destinação coerente está sendo dada a essa tecnologia. NFTs (tokens não fungíveis) são ativos digitais que representam algo especial, seja um item colecionável, uma obra de arte ou mesmo apenas um arquivo digital. Esses tokens estão mudando a forma como as comunidades se formam, sustentam e operam online.

Depois de mergulhar no espaço da Web 3.0 há alguns anos - tanto em pesquisas, quanto na exploração do espaço digital - vi que o futuro acabaria por depender fortemente do blockchain e o impacto que teria sobre empresas privadas e consumidores. Neste momento, os NFTs são os queridinhos da Web 3.0, mas seus casos de uso estão apenas começando. Assim, eles estão mudando a forma como percebemos e registramos a propriedade de ativos, oferecendo novas oportunidades e modelos de negócios inovadores.

O surgimento desse tipo de tecnologia, sobretudo, associada à característica de comunidades descentralizadas que a web tem atualmente, também levou a uma nova forma de pensar sobre responsabilidade social e sustentabilidade. Por exemplo, hoje são muitos projetos NFT estão desenvolvendo roteiros que descrevem como planejam usar seus ativos para criar valor social e melhorar o mundo ao seu redor.

Dessa forma, começamos a enxergar o NFT focado em projetos de impacto social. Esses projetos trazem conscientização e financiamento para muitas causas sociais importantes e têm sido outro grande exemplo do poder da criptografia e blockchain na contribuição para o bem social.

Em 2021, a obra "EVERYDAYS: The First 5000 Days", de Mike Winkelmann, que é uma colagem de obras do artista também conhecido como Beeple, foi vendida na casa de leilões Christie's por US$ 69,3 milhões (pouco mais de R$360 milhões em conversão direta). Se você está curioso, essa obra é a que ilustra a nossa coluna.

Embora este não tenha sido o primeiro NFT vendido pela Christie's, ele representou um “ momento divisor de águas ” no mundo da arte e dos colecionáveis, não apenas ao estabelecer um recorde para a obra mais cara vendida online, mas ao elevar firmemente um discurso que une setores, gerações e geografias.

Algumas celebridades, por exemplo, estão fazendo declarações direcionadas sobre questões importantes para elas. Por exemplo, Kate Moss e Cara Delevinge lançaram NFTs relacionados ao tema do empoderamento feminino e doaram os fundos para uma instituição de caridade relacionada. Na verdade, as doações de caridade se tornaram um elemento fundamental de muitas figuras notáveis ??que entram no reino dos NFTs. Jack Dorsey, co-fundador e ex-CEO do Twitter, vendeu seu primeiro tweet como um NFT por 2,9 milhões de dólares, doando os lucros para o alívio da Covid. Os exemplos são numerosos demais para listar, mas o ponto é que os NFTs permitiram que as celebridades alavancassem seu status não apenas para arrecadar fundos, mas também para aumentar a conscientização sobre questões e organizações que apoiam.

Da mesma forma, as organizações sem fins lucrativos estão aproveitando os NFTs como uma nova forma de captação de recursos para suas atividades. Aqui, novamente, as iniciativas unem um cenário crescente de geografias e públicos.

Os museus estão vendendo NFTs de seus arquivos, fotos e ativos físicos para arrecadar fundos, enquanto instituições de caridade estão colaborando com artistas para conscientização e arrecadação de fundos em iniciativas de impacto que vão desde o apoio à educação de meninas, combate à fome e ação climática. Organizações ambientais estão leiloando arte digital ou foto NFTs representando espécies ameaçadas de extinção com alguns links para atualizações em tempo real sobre o progresso e transparência sobre o uso dos recursos – envolvendo uma nova geração que quer testemunhar e até mesmo participar do impacto. Tá aí um bom caminho para aquilo que alguns gostam de chamar de “jpeg com selo verificado”.