Durante uma aula, cujo tema era “energia”, pedi aos meus alunos que dessem exemplos de tipos de energia e suas possíveis transformações. Foi unânime a menção a energia elétrica e a ideia de que ela surgia da “força da água”. Aproveitando a correlação feita, questionei a relação entre o aumento nos valores das contas de luz e a crise hídrica que estamos passando.
Segundo o site da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, 67% da energia gerada no país vêm de usinas de fontes hídricas. Dentre as dez maiores usinas hidrelétricas do planeta, três estão presentes em nosso território. São elas Belo Monte e Tucuruí (ambas situadas no estado do Pará) e Itaipu Binacional (dividida entre Brasil e Paraguai).
Itaipu Binacional. Foto: Divulgação
A implementação de uma usina hídrica gera um grande impacto ambiental, como por exemplo alagamentos de grandes áreas, gerando a morte da fauna e flora presentes naquela região, e a desapropriação das comunidades ribeirinhas adjacentes.
Com o aumento populacional e o avanço da tecnologia e do seu uso, o consumo de eletricidade elevou consideravelmente. Para suprir essa demanda, a produção de energia elétrica precisa ser ajustada constantemente e para que isso ocorra, precisamos de água, muita água...
É a força da queda da água represada que aciona as turbinas e promove a geração de energia. Quanto maior o volume de água represada, maior a capacidade de produção de energia elétrica. E aí encontramos o “X” da questão: cadê a água?
Desmatamento, poluição das nascentes, assoreamento dos rios, ou seja, o mau uso e a falta de preservação do meio ambiente, geram um grande desequilíbrio ecológico que interfere diretamente na formação dos rios. Assim como o aquecimento global impede o correto deslocamento das massas de ar e das nuvens carregadas, provocando um fenômeno, classificado pela grande mídia como “chover no local errado!”
E, assim, rios caudalosos e grandes represas estão perdendo seus volumes de água e, consequentemente, gerando uma baixa na produção de energia elétrica. O aumento nas contas de luz significa uma tentativa na redução do consumo desse recurso. Mas essa é apenas uma solução provisória, que pune a população e não resolve o problema de fato.
Investimentos em fontes de energias limpas e renováveis, diminuição da emissão de carbono e a conscientização da utilização de recursos são, a médio e longo prazos, essenciais para buscar uma nova forma de obtenção desse recurso energético e uma possível diminuição da crise hídrica existente.
E os meus alunos? A maioria já tinha ouvido falar sobre esse tema. Conseguimos realizar um debate muito produtivo. Nada deixa a professora aqui mais feliz do que saber que, além do conteúdo programático, eles e elas estão carregando a semente de futuros cidadãos conscientes das causas sociais e ambientais. O planeta agradece!