O futebol brasileiro tem 129 anos, desde que o jovem Charles Miller chegou a São Paulo e trouxe bolas, regras e uma ideia na mão para a prática do futebol no Brasil. Desde então, o brasileiro se identificou totalmente com o esporte, que juntamente com a caipirinha, churrasco e mulheres, se tornou mania nacional. De certa forma, o esporte é o mais democrático de todos, pois, apesar do jovem inglês trazer o esporte da Britânia, com roupas especiais, o jovem das periferias podia jogar também, até com bola feita de meias enroladas.
De certa forma, rapidamente fomos conquistados pelo jogo fácil de realizar, com poucos recursos e os clubes, que, no Rio de Janeiro, eram agremiações da elite que praticavam as regatas, migraram, aos poucos, para o futebol. Hoje, temos uma copa do mundo feminina, mas o investimento não começou da noite para o dia. Um bom exemplo é enxergar Flamengo e Vasco. Flamengo nasceu de uma dissidência do Fluminense, clube já considerado de elite e o Vasco, que além de quebrar regras sociais, foi o primeiro clube a ter profissionalismo em 1923. O time cria em 1915 seu departamento de futebol e reunia jogadores de baixa renda, bancando a diversidade no futebol.
Graças à popularização, bons jogos e essa democratização, a profissionalização chegou rápido. Logo tivemos uma safra muito grande de jogadores que tornavam o espetáculo mais envolvente. No caso do Flamengo tivemos Dida, Zizinho e Leônidas Silva, enquanto o Vasco tinha Ademir, Barbosa e Bellini. Porém, logo nos anos 80, tivemos um time unânime: Flamengo. Indiscutível. Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Tita e Nunes. Esse time conquistou o coração e arregimentou torcedores, fez o time crescer internacionalmente e sua projeção começou a render dinheiro. Não havia reclamação por parte de todos os outros times do Brasil.
O Vasco teve seu apogeu na década de 90/2000, onde conseguiu se tornar competitivo e se levantar, tornando-se competitivo e recheado de craques. Nesse período, o time ganhou 17 títulos e, o Flamengo, 16 títulos. Porém, isso se inverte logo depois da saída do dirigente Eurico Miranda: o Rubro-Negro conquista 24 títulos e, o Cruz-Maltino, apenas quatro títulos. Tudo se deve à força financeira e gestão de clube. O Flamengo passou um tempo com dívidas muito grandes e, na gestão do presidente Bandeira, preferiu ter cuidado com a administração do clube, tendo um elenco mais fraco, mas tentando saldar as dívidas. Logo depois, na gestão Landim, com o caixa mais robusto, conseguiu montar um elenco milionário que, por causa disso, conseguiu aumentar o caixa cada vez mais, algo que foi reinvestido no elenco. Quanto ao Vasco, viu a solução de se tornar SAF para poder pagar dívidas e montar um elenco competitivo.
Atualmente, temos um Vasco refém da 777, que tem a pior campanha da sua história, estando em último lugar, indo provavelmente para Série B do Campeonato Brasileiro. Os outros times comandados por esta SAF são o Standard Liège, que está na zona de rebaixamento belga; o Red Star, que vai se manter na terceira divisão francesa; e o Melboure Victory, que está para ser rebaixado. Os vascaínos ainda foram pegos de surpresa com transações financeiras estranhas. Já o Flamengo, mesmo com dívidas ainda sendo saldadas, tem um elenco estrelar. Agora, há uma reação dos outros times brasileiros querendo que haja uma nivelação financeira entre os clubes para se sentirem mais competitivos. Porém, o mimi não é justificável. Basta ver todas as ligas mundiais, onde os times que mais investem são os que mais têm chances de título.
A situação do Vasco é insustentável e, olhando seus próximos jogos, não existe nenhuma luz no fim do túnel. Quanto ao Flamengo, que foca em jogos com recompensas financeiras, como Copa do Brasil e Libertadores, vai continuar sendo efetivo.