O mundo celebra um gênio brasileiro da educação, menos o Brasil. Desde que o pior ministro da educação da história, Abraham Weintraub, pediu que acabassem com as homenagens a Paulo Freire e se deu continuidade com seu sucessor terrivelmente evangélico, o Brasil não só demonstra que quer ser uma república de bananas e não um país de verdade. Mas como é possível termos o legado do maior educador do mundo, que completa 100 anos póstumos e não valorizarmos? A filosofia Militar é exatamente o oposto da filosofia de Freire, que acreditava na educação como ferramenta de transformação social e liberdade de pensar, reconhecer e reivindicar direitos.
Por isso Freire é incompatível com a extrema direita. O sonho da extrema direita é ser opressor. Para isso, pensar é um problema. Arte é um problema e assim, o projeto de ensino deve acompanhar esse sonho fascista. Retirando matérias como filosofia, sociologia e reconhecimento de onde você está em uma classe social. Nos Estados Unidos, que não vive um governo de extrema direita, ensina as glórias do capitalismo e Paulo Freire. O livro "Como funciona o fascismo", de Jason Stanley (professor de filosofia da Universidade de Yale), fala sobre Educação. Um dos trechos fala que regimes autoritários tendem a atacar grandes pensadores da Educação para colocar seus "pensadores" da extrema-direita no lugar. Hoje o patrono de Bolsonaro é Olavo de Carvalho.
No livro, ressalta que a política fascista invoca um passado mítico da nação, seja religiosamente puro, racialmente puro, culturalmente puro com ressalta de que antes era melhor. A política fascista procura destruir o discurso público atacando a educação, como no último discurso do presidente falando que o problema do Brasil é ter professor demais. Os fascistas denunciam as universidades como fonte de “doutrinação marxista”, bicho papão clássico da política fascista. Acabam substituindo o debate fundamentado pelo medo e raiva. Em outro livro, "fascismo: um alerta" da Madeleine Albright começa com uma doutrina de ira e medo e perpassa seu alerta para identificar pesadelos e ameaças à democracia. Uma dessas identificações são os cerceamentos a educação.
Paulo Freire que é o patrono da educação no Brasil foi autor de 25 livros, ele é o terceiro autor da área de humanidades mais citados do planeta, título de Doutor Honorius Causa por mais de vinte e sete universidades ao redor do planeta e também foi professor da Unicamp na PUC de São Paulo, Universidade de Genebra em Harvard, em Cambridge e na Universidade de Universidade de Massachusetts, sendo o único brasileiro a constar como o material nos cursos das Universidades em 90 países. E para honrar o legado de Paulo Freire e contribuir para expandi-lo, o Teachers College e o Lemann Center for Brazilian Studies do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Columbia University (ILAS) foi lançado a Iniciativa Paulo Freire na Columbia University no dia 19 de setembro de 2021, dia de Freire. Centenário.
Freire leu muito Fanon, Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto e companhia. E o ódio da luta de Freira pela liberdade de pensar e através do estudo entender quem é seu opressor, lava a extrema-direita a temer o povo nas ruas. Dizia: "Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.”.
A esperança que norteou o trabalho de Paulo pode deixar minha esperança. O país espera que tenhamos mais Paulo Freire e menos Júlio César na educação.