Se você ficou incomodado, com crise de consciência depois da capa da Time, que estampava o candidato a presidência, Lula como foco da edição, você é certamente um bolsonarista. Você pode ser um bolsonarista raiz, bolsonarista com medo de se declarar bolsonarista ou até aquele que contém princípios básicos do bolsonarismo em seu íntimo, mas consegue em alguns momentos ficar guardado a sete chaves. Depois que o mundo estampa claramente o quanto recebeu um golpe de Estado. E como diria Romero Jucá, “um grande acordo nacional com o Supremo, com tudo”.
Não tem atenuantes para diminuir a situação. Foi golpe. O constrangimento é maior quando o mundo mostra para as elites conservadoras o que foi a verdades do fato. Depois de merecer até um balão de 12 metros de altura e 6 metros de largura, estampando um Super Sergio Moro Inflável, a ONU se pronunciou demonstrando que foi um ato político a prisão de Lula. Bolsonaristas tentaram obstruir ao máximo a atuação do comitê dno Brasil. O STF, talvez em posse das preliminares, tenha adiantado que o ex-juiz foi parcial e com várias falhas no processo, anulou todas as suas condenações. Enquanto isso, Moro se encharcava de um prestígio falso, atuando como ministro de Bolsonaro, até se tornar um pária para a esquerda e para a direita.
Hoje, Moro tenta ajeitar seus escrúpulos com uma hérnia, enquanto tenta uma vaga política na esperança de uma blindagem, já que ações vão chegar até o ex-juiz. Movimentos civis tentam barrar sua tentativa de se proteger, enquanto o povo observa as provas que Moro retirou Lula da campanha de forma vil, com a anuência da imprensa e fechado com vários conchavos. Nesse meio tempo, tivemos o desastroso governo Bolsonaro. Um governo que até hoje é marcado por definhamento social, corrupção generalizada, gastos e descontrole inflacional e o retorno do país ao mapa da fome.
Mas sempre tem um marketing do mundo de Alice por parte do Planalto, que tenta manter seus apoiadores firmes, mesmo que diminuindo cada vez mais seu número. Estamos vivendo um período de pós-verdade Bolsonarista, que propositadamente divide o povo. Segundo Ignas Kalpokas, em seu livro "A political Theory of Post Truth", fatos não são mais distorcidos, reinterpretados ou convencionalmente omitidos, eles são apresentados como fatos que podem se encaixar em uma história particular ou em uma agenda de divulgação.
Chegamos à triste situação de Bolsonaro tentando criar narrativas desde que chegou ao planalto, criando falsas capas da Tomes com sua imagem. Uma delas já pediu para se movimentarem nas redes para anunciarem o presidente como o homem do ano. Tudo em vão. A última capa foi propagada pelo ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles como prêmio Nobel da Paz. Todas fake. Essa semana saiu a revista Time, com uma grande entrevista de Lula dando a importância de um político de sua magnitude reconhecida internacionalmente. Enquanto Lula se encontrava com o presidente da França Macron, e o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, aplaudido de pé no parlamento da Espanha, tivemos um Bolsonaro que comia pizza com sua enorme comitiva, sem falar com nenhuma grande representação internacional. Agora temos a tentativa de ter seu rosto na Time, sem sucesso e Lula foi a agraciado assim como Mandela, Gandhi e outras figuras históricas.
Só resta ao Bolsonaro ser capa da revista Mundo Estranho.