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A Prisão do Instantâneo

Menina Aleatória, Por Anna Domingues, Escritora

Em 27/01/2025 às 11:29:47

Sabe aquele tipo de paz que você sente ao sair de casa sem o celular? Aquele momento em que você, sem querer, se desliga do mundo virtual e, por um segundo, parece que respira de verdade? Eu sinto falta disso. Porque o online, com toda sua conveniência, me aprisiona de uma forma que eu não gosto de admitir. Esse tempo todo conectado criou uma necessidade de resposta instantânea que, sinceramente, é exaustiva.

Eu sempre gostei da calma de uma resposta pensada, do silêncio entre uma mensagem e outra, do tempo que se toma para se decidir sobre o que dizer. Sinto saudade daquela época em que, para me conectar, era necessário ligar o computador em casa. Mas aí veio o celular, com seu barulho ensurdecedor e suas vibrações insistentes. E, com ele, a cobrança silenciosa, mas importuna, de estar disponível o tempo todo.

Essa história de ser "instantâneo" me deixa ansiosa. Sabe aquela sensação de que, se o celular apitar, você tem que responder na hora, como se fosse uma emergência? Como se o fato de alguém escrever "oi" já fosse uma urgência do universo, que não pode esperar, que deve ser respondida em segundos? Pois bem, isso me incomoda. Não é uma urgência. É só uma interrupção na minha paz.

E por mais que eu tente resistir, o celular está lá, sempre ao alcance. Está em todos os lugares. No bolso, na mesa de café, na cama. E ele vibra. E você sente, mesmo que não queira. E, quando você se dá conta, já se entregou à tentação de ver o que foi, ler, dar uma olhada no que os outros estão dizendo ou, pior ainda, começar a digitar uma resposta – mesmo sabendo que não é urgente. Você só faz isso para não ficar devendo.

Essa obrigação de estar sempre disponível, de ser instantânea, imediata, é algo que o online criou sem meu consentimento. E tudo parece tão medíocre. Como se cada toque do celular fosse uma advertência: “Você tem que estar lá”, o celular grita. “Você tem que responder”. E, pior, muitas vezes a resposta nem é exigida. Às vezes é só uma formalidade. Algo que, no fundo, ninguém vai lembrar no dia seguinte, mas que, para quem está do outro lado da tela, parece ser uma questão de vida ou morte.

Hoje, fico com a sensação de estar correndo contra o relógio. As mensagens são urgentes, as notificações são impertinentes. Cada segundo que não respondo logo parece um erro, uma falta de educação. Você não pode demorar a responder, e isso, agora, já foi até nomeado: “vácuo”. A verdade é que não somos mais donos do nosso tempo. O celular tomou isso de nós.

E é aí que mora o dilema. Porque, se por um lado, o online nos dá a sensação de estar conectado, de estar perto, ele também nos afasta do que é mais essencial. Da pausa, da quietude. Da possibilidade de não responder na hora, de não estar sempre disponível, de não ser uma sombra virtual para todo mundo. Quem inventou essa ideia de que devemos responder tudo de imediato, ali, naquele instante, na hora em que o celular apita?

Eu não sei, mas posso afirmar: às vezes, eu odeio esse online. Mesmo sabendo que ele facilita tanto a nossa vida, sei que, no fundo, ele tirou um pedaço da minha paz. E, sinceramente, gostaria de poder desligar tudo isso por alguns dias. Mas, enquanto não tenho coragem, sigo respondendo — ou tentando resistir.

Até o próximo texto!

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