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Queda livre

Menina Aleatória, Por Anna Domingues, Escritora

Em 14/04/2025 às 08:32:49
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Dia desses eu li o seguinte post no Instagram: “Você não teria aprendido a andar de bicicleta se alguém que você confiasse não tivesse te soltado. Isso não é sobre bicicleta.” De fato, isso é sobre o momento exato em que alguém te deixa para trás, sem avisar, sem cerimônia, como quem solta as rodas e simplesmente espera que você se vire. E é ali, naquele instante de abandono, que você descobre que o equilíbrio não vem de quem te segura, mas de quem você aprendeu a ser quando foi deixado.

Às vezes, as relações funcionam assim: o outro nos solta, e a gente se vê ali, sozinho, sem o apoio de uma mão que, até então, parecia ser nossa segurança. Quando alguém vai embora — seja porque cansou, seja porque o amor acabou, seja porque o interesse que mantinha esse vínculo foi desmanchado, seja porque você simplesmente foi deixado para trás, assim sem mais nem menos — a sensação é de queda livre. De uma abrupta desilusão. E o pior de tudo é que, muitas vezes, o vazio não é só pela ausência da pessoa, mas pela falta de nós mesmos. Como se, por algum tempo, a nossa identidade estivesse atrelada ao outro, ao apoio, à certeza de que seríamos segurados.

Mas aí, a vida, com sua lógica implacável, ensina: você não teria aprendido a andar de bicicleta se alguém não tivesse te soltado. O grande erro é pensar que a partida de quem amamos, ou a decepção com quem depositamos confiança, é o fim. Na verdade, ela é apenas o início de algo muito maior. Algo que só surge quando, pela primeira vez, nos vemos sozinhos o suficiente para perceber que conseguimos ir mais longe do que imaginávamos.

Recomeçar é doloroso, e na nossa vez não tem ninguém pra contar isso... O processo de reconstrução vem sempre carregado de cansaço, de feridas abertas, de perguntas sem resposta. Mas também vem com uma lição cruel: a de que a nossa força não reside em quem nos segura, mas em nossa capacidade de nos manter em movimento, mesmo quando o chão parece instável e o horizonte distante demais.

Naquele momento em que alguém te soltou, talvez você tenha acreditado que tudo estava perdido. Que sem aquela mão segurando, você não seria capaz de manter o equilíbrio. Mas foi justamente aí que a verdadeira lição começou: o equilíbrio não estava na mão que te segurava, mas dentro de você. O recomeço não depende da presença de quem te deixou, mas da sua capacidade de acreditar que pode andar sozinho. Mesmo que, a princípio, você caia. Mesmo que, muitas vezes, o medo seja mais forte do que a vontade de seguir. Mesmo que as cicatrizes fiquem para recordação...

O abandono e a decepção nos ensinam isso. Que a confiança, muitas vezes, precisa ser construída em nós mesmos. E que a gente não aprende a andar sozinho até ser solto. Até ser deixado. Até o momento em que, na solidão, a gente se descobre mais inteiro, mais capaz, mais forte do que imaginava. Eu conheci o meu lado mais corajoso, destemido e extraordinário quando fui deixada para trás pela pessoa que prometeu me proteger desde o meu nascimento até a o último dia de nossas vidas. Eu acho avassalador o jeito que a gente aprende a transformar a dor em algo inspirador.

Isso é sobre a vida, com suas reviravoltas, seus ciclos de perda e reinvenção. Porque, no fim das contas, aprender a andar sozinho é a verdadeira liberdade. E, por mais que o medo e a dor acompanhem esse processo, a recompensa está em se ver de pé, mais forte do que antes, mais livre para ir onde quiser.

Até o próximo texto!

@portal.eurio

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