Como mulher preta, mãe de adolescentes negros e educadora com mais de 30 anos de experiência, é com indignação e profunda tristeza que escrevo este artigo. Recentemente, me deparei com um vídeo horroroso, que circulava nas redes sociais, retratando um terrível exemplo de racismo recreativo. Nele, duas influenciadoras, de forma completamente irresponsável e desumana, oferecem banana e macaco de pelúcia a crianças negras.
Uma atitude repugnante que revela a persistência de práticas discriminatórias e o quanto ainda temos a avançar na luta contra o racismo.
Diante dessa chocante demonstração de desrespeito e discriminação, é imperativo que sejam tomadas medidas drásticas e efetivas. Exigimos a aplicação das punições previstas na lei, com todo o rigor necessário. A injúria racial, ato cometido pelas influenciadoras, está claramente prevista na Lei 7.716/1989, que estabelece penas de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, além de multa, para aqueles que ofendem a dignidade ou o decoro de alguém em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.
No entanto, é importante ressaltar que essas punições não devem ser apenas simbólicas. Devem ser aplicadas de forma exemplar, transmitindo a mensagem de que o racismo não será tolerado em nossa sociedade. Além disso, as consequências psicológicas para as crianças negras expostas nesse ato são imensuráveis.
A exposição a situações de discriminação racial pode gerar traumas profundos, afetando negativamente sua autoestima, identidade e desenvolvimento emocional.
Diante desse contexto, defendemos veementemente que as duas influenciadoras envolvidas nesse ato racista sejam banidas das redes sociais. É inadmissível que pessoas que propagam ódio e perpetuam estereótipos racistas continuem a ter uma plataforma para disseminar seu preconceito.
As redes sociais têm o poder de alcançar milhões de pessoas e, por isso, devem ser utilizadas de maneira responsável e respeitosa, promovendo o diálogo, a diversidade e a igualdade.
Nossa sociedade não pode mais compactuar com atitudes racistas disfarçadas de brincadeiras ou entretenimento. Precisamos criar um ambiente em que todas as pessoas sejam respeitadas e valorizadas, independentemente de sua cor de pele. A luta contra o racismo é uma responsabilidade coletiva, e é hora de nos unirmos em defesa da justiça e da igualdade.
Enquanto mulher preta, mãe e educadora, comprometo-me a continuar educando e conscientizando meus filhos, alunos e comunidade sobre a importância da igualdade racial e do respeito mútuo. Não podemos permitir que episódios como esse se repitam. É nosso dever construir um futuro em que o racismo seja apenas uma página triste da história, e não uma realidade presente em nossas vidas.
Exijamos justiça, punição e o banimento das redes sociais para aqueles que insistem em propagar o ódio racial. Juntos, podemos e devemos construir uma sociedade mais inclusiva, em que cada criança, independentemente de sua cor de pele, possa crescer e prosperar livre de preconceitos e discriminações. A mudança começa em cada um de nós e é tempo de agir.
Não ao racismo recreativo. Sim à igualdade, ao respeito e à dignidade de todas as pessoas.
Nós exigimos.