"Muito se fala, e se cobra, das mulheres exaustas sobre encontrar um tempo para si, como se fosse possível aumentar as horas do dia". (Ivana Portella)
Recentemente, um amigo feminista compartilhou uma poderosa postagem nas redes sociais, incentivando as mulheres a permanecerem assertivas, mesmo quando rotuladas de surtadas, a continuarem falando a verdade, mesmo quando taxadas de difíceis, e a ocuparem seu espaço, fazendo ressoar suas vozes.
No entanto, uma conversa que ele presenciou na fila do supermercado logo em seguida trouxe à tona a triste realidade de muitas mulheres que ainda se culpam e se sobrecarregam com a responsabilidade desigual imposta pelo patriarcado. É hora de desconstruir essa culpa e redefinir as expectativas impostas às mulheres.
A culpa injusta da sobrecarga
Durante o diálogo no supermercado, uma jovem mulher compartilhou sua tristeza por ter sido abandonada pelo marido e, chocantemente, atribuiu a culpa a si mesma. Ela acreditava que seu "relaxamento" com a aparência, o descuido consigo mesma e o ganho de peso após a maternidade eram os motivos do abandono. A amiga que a ouvia concordava e repetia a necessidade de as mulheres se cuidarem mesmo após se tornarem mães. Essa situação evidencia a triste realidade enfrentada por mulheres que acreditam serem as únicas responsáveis pela sobrecarga do trabalho doméstico e pela manutenção de sua aparência física.
Desvendando a construção social
É crucial compreender que essa culpa e sobrecarga não são inerentes às mulheres, mas sim produtos de uma construção social profundamente machista. Ao longo dos anos, a sociedade patriarcal tem nos convencido de que somos as únicas responsáveis por cuidar da casa e dos filhos, mesmo se optarmos por trabalhar fora. Essa dupla jornada de trabalho é uma realidade esmagadora que muitas mulheres enfrentam diariamente.
Reivindicando a igualdade e o empoderamento
É hora de desconstruir esses estereótipos e desafiar as expectativas desiguais impostas às mulheres. Não devemos nos culpar por sermos humanas, por não correspondermos a padrões irreais de beleza ou por não conseguirmos fazer tudo sozinhas. É fundamental reivindicar a igualdade de gênero e exigir uma divisão justa das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos.
Devemos lembrar que o cuidado com a casa e a família é uma responsabilidade compartilhada por todos os membros do lar. Os parceiros devem assumir sua parcela de responsabilidade e nos apoiar nessa jornada. É tempo de nos unirmos, de nos apoiarmos mutuamente e de questionarmos as estruturas que perpetuam a desigualdade de gênero.
A culpa e a sobrecarga impostas às mulheres são produto de uma sociedade desigual e profundamente enraizada no patriarcado. Devemos desconstruir essas narrativas e redefinir as expectativas que nos são impostas. É hora de reivindicar nossa igualdade, compartilhar responsabilidades e buscar o empoderamento coletivo. Juntas, podemos romper com as amarras da culpa e criar um mundo mais justo e igualitário, onde as mulheres sejam livres para serem quem são, sem se sobrecarregarem com fardos injustos e infundados.
Para romper com a sobrecarga imposta às mulheres, é necessário adotar atitudes transformadoras que desafiem as estruturas desiguais de gênero. Essas ações envolvem desde a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero até a busca por uma divisão equitativa das responsabilidades domésticas e de cuidado.
Listamos abaixo cinco atitudes essenciais para que possamos avançar nessa jornada de transformação e construir um futuro mais igualitário e justo.
1. Desafiar estereótipos de gênero: É essencial questionar e desafiar os estereótipos de gênero que atribuem às mulheres a responsabilidade exclusiva pelo trabalho doméstico e cuidado dos filhos. Reconhecer que essas tarefas devem ser compartilhadas igualmente entre todos os membros da família.
2. Comunicação aberta e assertiva: Estabelecer uma comunicação aberta e assertiva com parceiros e familiares é fundamental. Expressar suas necessidades, expectativas e limites de forma clara, buscando uma divisão justa das responsabilidades e envolvimento ativo de todos na organização e cuidado da casa.
3. Negociar e estabelecer acordos: Promover negociações e estabelecer acordos é uma forma de assegurar uma divisão igualitária do trabalho doméstico. Isso pode envolver a criação de uma lista de tarefas, horários flexíveis, compartilhamento de responsabilidades específicas e o compromisso de respeitar esses acordos.
4. Valorizar o autocuidado: Reconhecer a importância do autocuidado é essencial para romper com a sobrecarga. As mulheres devem reservar um tempo para si mesmas, cuidar de sua saúde física e mental, buscar apoio emocional e investir em atividades que tragam alegria e bem-estar. Isso ajuda a fortalecer sua própria autonomia e a evitar o esgotamento.
5. Educação e conscientização: Promover a educação e a conscientização sobre a igualdade de gênero é fundamental para romper com a sobrecarga. Isso envolve disseminar informações sobre os impactos negativos da divisão desigual das tarefas domésticas, compartilhar histórias de sucesso e fortalecer a solidariedade entre as mulheres. Quanto mais conscientes estivermos da importância de uma distribuição equitativa das responsabilidades, mais poderemos agir coletivamente para alcançar mudanças significativas.
Concluindo, a construção de um mundo mais justo, menos machista e a favor de meninas e mulheres é uma tarefa que requer o engajamento de toda a sociedade. Precisamos romper com os padrões de desigualdade de gênero e incentivar relações baseadas no respeito, na equidade e na colaboração.
Cabe a cada um de nós questionar e desconstruir os estereótipos de gênero, promover a educação inclusiva, apoiar iniciativas que empoderem mulheres e meninas, e lutar por políticas e leis que garantam igualdade de oportunidades. Somente juntos, homens e mulheres, seremos capazes de construir um futuro onde todas as pessoas possam viver plenamente, sem serem limitadas por barreiras de gênero.
Vamos unir nossas vozes e ações para que as próximas gerações possam desfrutar de um mundo verdadeiramente igualitário e inclusivo.
Gostou do nosso conteúdo? Compartilha, nos siga e nos dê sugestões.
@portal.eurio
@simone_santos.mentora