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"EYJA: primeira parte, a ilha” ou como trocar gentilezas

Olhar Teatral, Por Paty Lopes, Crítica Teatral

Em 19/05/2023 às 19:53:29

Vamos iniciar apresentando a Multifoco, companhia teatral criada em 2010, por Anna Luiza Mendes, Bárbara Abi-Rihan, Ricardo Rocha e Viviane Pereira. Nasceu como um grupo de pesquisa, dentro da ESCOLA DE TEATRO MARTINS PENNA!

A escola estadual de teatro, a mais antiga da América Latina, está caindo, desabando na cabeça dos alunos, literalmente. Nós, do Portal Eu, Rio!, nos unimos nesse grito, contra a falta de cuidados/providências do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Agora, vamos à crítica!

Muito complexo eu escrever sobre esse teatro mudo. Penso ainda não ter tantas experiências, tantas imersões para uma conclusão mais certeira sobre o estilo deste espetáculo.

No entanto, é notável que temos aí uma obra a ser assistida, pela beleza e perspicácia que eles apresentam no palco do Centro Cultural do Banco do Brasil.

Corpo entregues ao circo, aos movimentos circenses, às acrobacias, sem medo, tudo meticulosamente articulado. A coreografia é magnífica, e pasmem, se o mundo vai ao encontro da inclusão, está na hora de fazer valer a pena o que esses artistas fazem, pois uma audiodescrição acompanha todo o espetáculo. Gostei? Confesso que me incomodou, mas o mundo precisa acolher, precisamos entender que no mundo há pessoas diferentes e isso já basta para entendermos esse feito. Mesmo ainda não acostumada, parabenizo.

A música vem da artista Samantha Jones, que simplesmente adoça a obra. Se os movimentos são fortes e anunciam corpos e músculos saltantes, a harmonia musical descondensa um pouco, trazendo delicadeza. Belo casamento.

A voz doce e um violão, que alucinam os espectadores, os embalam em sensações prazerosas. Um belo feito.

O som parece ter sido construído em um estúdio, pois se nota sua clareza, sem ruídos que muitas vezes deixam em evidência um trabalho sem qualidade sonora. O que não foi o caso, de jeito nenhum!

Ricardo Rocha é o diretor, cenógrafo e iluminador. Ele é o cara!

O que Ricardo nos apresenta é de uma imensidão artística ímpar. Sorte da Multifoco em ter um profissional tão magnífico.

A começar por Virgínia, sendo o cenário dessa obra. Uma estrutura de madeira e ferro enorme, onde os artistas se equilibram e dançam. Uma roda, com um ponto fixo no chão, com borda alta, que também se equilibra nesse ponto fixo.

Ela é coberta por um tecido pintado, um tom azul. O projeto, que é arquitetônico, chama a atenção demais do espectador.

A iluminação me levou aos espetáculos de ponta, indicados aos maiores prêmios de teatro. A luz foi bem projetada. Por incrível que pareça, com refletores básicos. O que Ricardo fez foi criativo e suficiente. Posso dizer que mais que suficiente, tremendo! A iluminação é fantástica!

Os figurinos do Flávio Souza também atuam com soberania, além do visagismo acompanhar suas cores.

A companhia merece estar nesse palco, espaço cênico já ocupado por tantos artistas reconhecidos, entre eles Denise Fraga, Vera Holtz entre outros tão potentes. Hoje está sendo ocupado por alunos de uma escola pública, com seus pés descalços e uma força corporal exímia, donos de uma beleza exótica.

Quanto aos artistas, são belíssimos, seguros, mas um entre eles nos faz rever conceitos. Uma das atrizes falam tanto conosco... Ela, que não enxerga, nos ensina a ver a vida com outros olhos. Não escrevo sobre ela, por sua deficiência visual, mas por sua coragem! Por sua forma de nos fazer enxergar a vida, independente de qualquer intempérie. A começar por nos fazer entender a grandeza de confiar no outro. E como ela confia, pois por meio de acrobacias no ar, cai nos braços daqueles que ela não vê. Já imaginaram isso? Isso faz com que também tenhamos menos parcimônia da desconfiança em relação ao outro, um exercício que hoje tememos tanto.

TROCA DE GENTILEZA! Isso foi o que assisti entre esses artistas no palco. Acho que essa palavra "gentileza" define Stanislavski. Ele foi um ator, diretor, pedagogo e escritor russo de grande destaque entre os séculos XIX e XX. É mundialmente conhecido pelo seu "sistema" de atuação para atores e atrizes, onde reflete sobre as melhores técnicas de treinamento, preparação e os procedimentos de ensaios.

Ana Luiza Faria se joga em seu universo sem cor para elucidar, em nós, a cor da vida, o sentido, a coragem, uma verdadeira fonte de aprendizado. Um colega ao lado não tinha percebido a peculiaridade. Ainda bem, porque percebi que em momento nenhum essa companhia teve a ideia de causar, em sua plateia, um olhar de inclusão somente, mas nos fez entender que pessoas como Ana Luzia podem estar em qualquer lugar, sem que sejam notadas somente por portarem uma deficiência, mas sim por serem profissionais competentes.

Aliás, Ana, esse veículo de comunicação dá acessibilidade para pessoas como você. Nesse momento você me ouve. Pela primeira vez tenho essa experiência, em falar diretamente com alguém que utiliza esse canal, e tudo fez valer a pena para nós, do Portal, Eu Rio! É muito emocionante esse momento para mim, é viver a inclusão de forma belíssima e real! Eu jamais imaginaria vivenciar isso! Saiba que você estava linda e tão potente quanto sua partner de palco. Ambas deslumbram nossos olhos, em seus voos rasantes, nessa montagem artística tão audaciosa. Obrigada! É aquilo: no começo foi um susto, mas depois percebi o seu tamanho! Todos sabem, principalmente a classe artística! E não escrevo quando a obra não me atravessa!

Ah! Gostaria de parabenizar o artista Orlando Caldeiras, que está sempre assistindo os colegas, dando o apoio e ainda postando em suas páginas sociais. Eu admiro muito esse comportamento de quem faz teatro ou televisão.

SINOPSE

"EYJA: primeira parte, a ilha” é o primeiro espetáculo de circo acrobático da trilogia Eyjafjallajökull, idealizado e produzido pela Multifoco Companhia de Teatro. O nome é inspirado no vulcão islandês que entrou em erupção no ano de 2010, mesmo ano de nascimento da companhia. Este espetáculo é uma celebração em Companhia, que completa 13 anos. Um espetáculo mergulho nas linguagens do teatro e da acrobacia para refletir sobre a deriva e a solidão. Os temas ganham uma abordagem que mescla acrobacia, portagens, dança acrobática e teatro, para construir uma cena carregada de imagens e musicalidade. (Sinopse)

FICHA TÉCNICA

INTÉRPRETES - Analú Faria | Bárbara Abi-Rihan | Fábio Lacerda | Palu Felipe | Vinícius Mousinho

DIREÇÃO | CENOGRAFIA | ILUMINAÇÃO - Ricardo Rocha

ASSISTENTE DE DIREÇÃO | VISAGISMO | OPERAÇÃO DE SOM - Diogo Nunes

PREPARAÇÃO CORPORAL |DIREÇÃO TÉCNICA | STAND IN - Rafael Garrido

SUPERVISÃO COREOGRÁFICA - Palu Felipe

TRILHA SONORA E COMPOSIÇÕES - Samantha Jones

GRAVAÇÃO E MASTERIZAÇÃO - Sarah Abdala

COLABORAÇÃO SONORA - Vinícius Mousinho

FIGURINOS - Flávio Souza

CONSULTORIA EM DRAMATURGIA DESCRITIVA - Nara Monteiro

COLABORAÇÃO EM DRAMATURGIA DESCRITIVA - Analú Faria e Clarissa Menezes

MÍDIAS SOCIAIS - Viviane Dias

AUDIOVISUAL | FOTOGRAFIA - CodigosArt (Daniel Debortoli e Viviane Dias)

PROGRAMAÇÃO VISUAL - Daniel Barboza

CENOTÉCNICO - Moisés Cupertino

CONSULTORIA CENOGRÁFICA - Alice Cruz | Cachalote Mattos | Daniele Geammal

COZINHEIRA - Aline Neri

FISIOTERAPEUTA - Rodrigo Almeida

PRODUÇÃO EXECUTIVA - Clarissa Menezes

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO | DRAMATURGIA DESCRITIVA - Bárbara Abi-Rihan

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO - Multifoco Produções Culturais

SERVIÇO

? Teatro I

? Temporada: 04 a 28 de maio de 2023

? Quinta a sábado às 19h | Domingo às 18h

? Inteira: R$ 30 | Meia: R$ 15, disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)

? Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada

? Classificação indicativa | 12 Anos

? Duração | 60 min

? Centro Cultural Banco do Brasil

? Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ

? Tel. (21) 3808-2020 | [email protected]

? Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros serviços:

? bb.com.br/cultura




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