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Quando o ciúme em excesso torna-se patológico na relação

Saúde Mental e Bem-Estar, Por Andréa Ladislau, Psicanalista

Em 18/07/2023 às 16:35:49

Ciúmes, um sentimento difícil, muitas vezes de delicado controle. Alguns até dizem que ele é o “tempero da relação”. Mas será que é mesmo?! Se faz sofrer, se dói, como pode ser bom? Não se pode negar que ele é um tipo de sentimento comum e que está muito ligado ao medo de perder.

Medo de perder o (a) parceiro (a) ou mesmo um medo de perder o controle que se acredita deter sobre o outro. Este é o motivo pelo qual consideramos que o ciúme está muito mais relacionado a este “controle” do que ao amor propriamente dito.

O ciumento desenvolve uma “síndrome de detetive”, em que sente a necessidade em ficar monitorando e controlando totalmente os passos e sentimentos do outro em busca da comprovação de uma infidelidade.

Nesse caso, existe o sofrimento, tanto para quem sente ciúmes, quanto para quem é o alvo do sentimento. É um ciúme causado por situações ou ideias irreais, fantasiosas ou até mesmo delirantes.

As explicações psicológicas para o ciúme demonstram características em que detectamos que o ciumento, com o passar do tempo, torna-se opressor e possessivo e isso pode ser originário de um possível desamparo na infância.

Ou por rejeição ou por vivências agressivas ao longo da vida que geram muito medo. E, por temer o abandono mais uma vez, distorce a realidade e se comporta ou se sente como se fosse o verdadeiro "dono" da pessoa e da relação.

Um tipo de comportamento intimamente ligado à baixa autoestima, ao medo da perda, ao complexo de inferioridade e à insegurança, que pode evidenciar até mesmo outros sintomas de transtornos psíquicos.

Esse ciúme que causa dor e desespero reflete a perda do equilíbrio emocional e a limitação da vida e das relações interpessoais do ciumento. Além, claro, de um baita sofrimento e a possibilidade de surgirem doenças físicas causadas pelo mental adoecido.

Para mudar tudo isso, é preciso aprender a racionalizar seus pensamentos criando comportamentos saudáveis, direcionando a atenção para o autocontrole na relação para não adoecer devido ao ciúme. Seguindo essa linha de raciocínio, é muito importante identificar o que está causando o ciúme. Observe a si mesmo, suas próprias reações e aprenda a lidar com elas.

Antevendo seu sentimento, você pode procurar direcionar sua atenção para outras atividades e pensamentos. A comunicação é um excelente aliado no processo de ajuste da relação. Uma conversa aberta e verdadeira pode gerar mudanças de hábitos e, consequentemente, o fim de desconfortos e crises de ciúmes.

É preciso ter consciência de que sufocar o (a) parceiro (a) pode ser o primeiro passo para uma relação fracassada. O ciúme, muitas vezes, é a transferência das minhas fraquezas para o outro.

Quando você deixa de viver seus objetivos para viver em função do outro, ou do que ele está fazendo, com quem conversou, entre tantos movimentos exacerbados que o ciúme lhe impõe viver, você deixa de ter e de proporcionar ao outro uma qualidade de vida.

Portanto, todo excesso reflete uma falta. Ou seja, tudo que fere, dói e gera insegurança deve ser eliminado. É muito importante propor um diálogo e reflexão consigo e trabalhar o aumento do amor próprio e da autoestima.

Se não der conta de fazer isso sozinho, procure a ajuda de um profissional e experimente a liberdade de não se sentir preso a inseguranças. Isto é imprescindível para que se possa viver relacionamentos saudáveis e equilibrados, em que amor e controle não sejam sinônimos.


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