As pessoas que quererem ter o controle de todas as situações vivem um dilema interno consigo mesmas, pois estão sempre frustradas por não terem suas expectativas atendidas. Porém, esse é o maior desejo humano: poder controlar tudo. A grande questão é que a necessidade em ter o controle das situações nas mãos é um sentimento intrínseco de nossa espécie. Tudo o que é externo e nos foge ao controle, gera insegurança e medo e nos faz sentir vulneráveis.
Essa mania de controle é uma sensação que pode desencadear uma falsa ilusão de segurança, além de colaborar para que acreditemos que nossas ações e pensamentos são sempre superiores ao do outro quando, na verdade, nossa necessidade por controle só reflete nossas próprias inseguranças e a falta de confiança que, inconscientemente, depositamos no outro e em nós. Não podemos dizer que essa mania é justificável, pois tudo o que causa dor e sofrimento perde sua capacidade de aceitação. O grande problema é que não existem garantias de que a todo momento poderemos ter o controle total sobre o universo à nossa volta. Só podemos controlar nossas ações, não controlamos o tempo e nem os sentimentos e atitudes do outro. E é por isso que, por vezes, nos frustramos e experimentamos o sentimento de angústia.
Psicanaliticamente falando, as pessoas podem apresentar distúrbios de alteração de humor, irritabilidade excessiva, estresse elevado e até desenvolver transtornos depressivos, quando perdem a capacidade de controlar. Além de apresentarem grande dificuldade para lidar com críticas e podem ser totalmente inflexíveis, por estarem sempre tentando interferir no livre-arbítrio do próximo. São indivíduos capazes de oprimir a identidade do outro, em função de sua característica dominadora, além de tentarem a todo custo centralizar tudo. Ou seja, quem possui este perfil e a mania de querer controlar tudo, acaba sofrendo muito porque está sempre em estado de tensão, sempre desesperado para saber se tudo sairá conforme suas expectativas. E, quando isso não acontece, é invadido pelo amargo gosto da frustração e da decepção
As palavras de ordem aqui são: equilíbrio e controle emocional. O autoconhecimento te faz entender que, na realidade, é impossível controlar tudo. Saber separar, através de atitudes conscientes, o que eu posso controlar e o que não, faz parte do meu autocontrole. O desapego a esta necessidade de controle é o que irá propiciar uma vida mais equilibrada, mais leve e sem pressões internas e, principalmente, sem o elemento culpa.
Portanto, ao abrir mão do controle, relaxar e administrar apenas o que está ao seu alcance de ser administrado e controlado, o ser humano consegue ter mais domínio sobre si mesmo. Isso porque instala-se um equilíbrio emocional, reflexo da ausência de tensão interna que, naturalmente, torna-o mais leve e menos pressionado. Fato é que, o primeiro passo deve ser dado: parar de pressionar a si mesmo. Em seguida, eliminar crenças enraizadas que valorizam os seus “tem que”, e os “devo”. Além disso, parar de se cobrar e de querer controlar com sua mente, tudo o que acontece ao redor. Perceba que sua responsabilidade é cuidar de si mesmo. Se sua cabeça anda mal, certamente ficará difícil administrar sua casa, seus filhos ou seus negócios. Melhore seus pensamentos e emoções e se deixe um pouco mais à vontade, sem a rigidez que você mesmo se impõe. Permita-se. Seu corpo vai agradecer, sua saúde mental e sua vida podem se equilibrar e o resultado, acredite, será um maior controle emocional, sem culpas e sem cobranças.