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Excelente minissérie sobre a vida: “A Nova Vida de Toby” está no Star+

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 31/05/2024 às 15:44:04

Uma minissérie que julguei pelos atores e, sem ler a sinopse, resolvi apostar: deu muito certo. “A Nova Vida de Toby” é uma produção da Hulu, disponível no catálogo do Star+, com oito episódios, uma "dramédia" de tamanho ideal sobre a vida como é, com todos os altos e baixos.

Toby (Jesse Eisenberg) é um médico na casa dos quarenta anos, recém divorciado, que vê readaptando-se à vida de um adulto solteiro e com dois filhos. Além das aventuras nos aplicativos de relacionamento, ele procura se reconectar com antigas amizades, como uma forma de também encontrar quem era antes de ser o esposo de Rachel (Claire Danes). Assim, somos apresentados a um trio muito interessante: Toby, Seth (Adam Brody) e Libby (Lizzy Caplan). E é ela quem será a nossa narradora para entender melhor Toby, que combina perfeitamente, já que não temos um protagonista muito confiável. É aquela máxima de que toda história tem três versões: o lado/ponto de vista de cada envolvido e a verdade. Mas vamos por partes.

Para começar, a produção já tem o grande acerto da escalação do seu elenco, especialmente porque as conversas roteirizadas entre os amigos são muito verossímeis. Nos sentimos, assim, rapidamente conectados e íntimos deles. O roteiro é universal por focar nas relações humanas, falando sobre solidão, inseguranças, frustrações, medo e até libido. É um texto afiado, ácido e com comentários certeiros sobre crises que também compartilhamos e sobre relacionamentos, tanto de amizades, amorosos e até conosco mesmo.

A minissérie consegue muito bem desenvolver o arco de cada episódio ao mesmo tempo que cada um é um peça chave no todo. Ou seja, é daquelas sim que vale a pena maratonar, principalmente porque, além do drama, há um mistério: o sumiço de Rachel, ex-esposa de Toby.

Com o ponto de partida no divórcio do casal, a narrativa desenvolve cada personagem muito bem, tanto protagonista ou coadjuvantes. Tudo isso é muito bem localizado em Nova York, uma cidade que mesmo quem nunca foi, parece que conhece. Por exemplo, funciona como uma importante característica para os personagem, porque o choque entre os amigos se torna simples de entender: Toby odeia morar e conviver no Upper East Side, Libby é uma escritora estagnada que se vê espectadora da própria vida no subúrbio e Seth é o Peter Pan da vida noturna da cidade que nunca dorme.

A sinceridade entre as conversas despertam interessantes reflexões, muito pelas observações de Libby sobre nova vida do amigo Toby, desconstruindo inclusive a lenda do “felizes para sempre” pois reconhece a imperfeição de cada personagem.

Então, tem uma virada que fez eu entender o porquê da minissérie ter me prendido tanto: mesmo que tenha o nome título e seja o protagonista, quem toma as rédeas da história são as personagens femininas. Ao observar, acompanhar, opinar e simpatizar com o luto do amigo, Libby é a narradora, é a nossa deusa onisciente que comenta sobre a nova vida de Toby. Para completar, também conhecemos a versão da história de Rachel, que coloca a história e os próprios personagens em um outro patamar, fazendo com que nós, espectadores, mudemos de opinião ao mesmo tempo que torcemos por cada um. Toby talvez seja o Sol, mas os demais que orbitam em sua vida também são protagonista em sua forma.

Da parte técnica, é interessante destacar como a minissérie nos aproxima pela veracidade do que assistimos na imagem, como as cores sem grandes saturações, ou aquele moletom favorito surrado, a quase falta de maquiagem, o cabelo que parece que acabou de ser preso com o elástico do pulso e os corpos normais. Para completar, as cenas são decupadas para nos influenciar, com aquele “plus” de sentimento e boas estratégias, seja pelas brincadeiras de planos zenitais ou viradas completas de ângulos que colocam Nova York de cabeça para baixo, assim como a cabeça de Toby está.

Com sete indicações no Emmy 2023, a minissérie é adaptação do romance “Fleishman is in Trouble”, escrito por Taffy Brodesser-Akne e merece muito o seu play.

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