O governador do Estado do Rio, Wilson Witzel, anunciou a criação de um programa de segurança que será lançado até o início de 2020 para fechar o acesso das rodovias estaduais à comunidades que são utilizados na rota de quadrilhas de roubo de carga. O governador afirmou que uma reunião foi realizada nesta semana para definir o investimento nos corredores de entrada do estado, mas não deu mais detalhes sobre o projeto:
- Esta semana fizemos uma grande reunião para um investimento gigantesco para os corredores de entrada do Rio: as estradas. Vamos reduzir praticamente a zero o roubo de carga. Vamos fechar os corredores de acesso onde tem a entrada de roubo de carga na entrada de comunidades. Esse programa vai se iniciar em breve, no mais tardar no início do ano que vem. Isso diminuirá muito a pirataria e o financiamento do tráfico – afirmou Witzel.
A iniciativa foi divulgada durante a participação do governador na abertura do Apresenta Rio Summit nesta quarta-feira no recém-inaugurado hotel Fairmont, em Copacabana. Ao abordar questões relacionadas aos setores de segurança pública, Witzel afirmou que o Segurança Presente deve duplicar o número de agentes até o fim de seu mandato, chegando a 3 mil pessoas. Recentemente, o programa expandiu para o bairro de Botafogo, na Zona Sul.
O governador também afirmou não faltar dinheiro para investir na área da saúde e que "está com dificuldade" para investir os 12% destinados à pasta, devido a problemas de burocracia.
- Não está faltando dinheiro pra saúde. Só estou com dificuldade porque precisa de projeto, de licitação. Estarei batendo quase nos 12% exigidos, ali na casa dos 11% - disse Witzel.
Especialistas questionam opção do governador por bloquear rodovias em lugar de interceptar cargas roubadas
O projeto de Witzel passou longe de despertar entusiasmo entre os analistas das políticas de segurança pública, como Inácio Cano, do Laboratório de Analise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): Não faz o menor sentido o bloqueio das rodovias, nos termos anunciados pelo governador. Será inócuo pros roubos e isolará ainda mais as comunidades. Se eles sabem exatamente por onde passam os caminhões, não tem que fechar, tem de interceptá-los. Soa mais um factóide, como aquele de chamar a ONU pra impedir a chegada das armas do Paraguai.O gosto pelos gestos de impacto, de apelo midiático, marca o atual governo. Não só pelos anúncios, mas pelas performances pessoais do governador, descendo de helicópteros em meio a tiroteios, fazendo flexões, exibindo uniformes e faixas conforme a ocasião.