Ainda jovem, com 26 anos, Thomaz Jhayson Vieira Gomes, o 3N, começou bem novo na vida do crime. Ele foi morto pela polícia nesta terça-feira (26), em Itaboraí.
Sua última prisão ocorreu em 2014 na Ponte Rio-Niterói quando foi flagrado junto com um comparsa carregando quatro fuzis calibre 7,62mm, 23 carregadores para fuzil 7,62mm, 493 cartuchos de munição 7,62m.
Na ocasião, policiais rodoviários federais realizavam blitz no local acima mencionado, quando abordaram o automóvel Fiat/Uno, em que estavam 3N e o comparsa. Em revista pessoal, os patrulheiros nada encontraram.
Porém, ao realizarem revista no automóvel, apreenderam, no porta-malas do veículo, quatro fuzis desmontados, no interior de sacos plásticos, bem como enorme quantidade de carregadores e munições acima descritos.
Os policiais arrecadaram, ainda, uma planilha de escala, com o nome de pessoas e datas e quatro telefones celulares. Na ocasião, os denunciados admitiram que levariam o armamento para a Favela do Salgueiro, em São Gonçalo.
Por conta deste fato, 3N acabou condenado a quatro anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto, o que lhe permitiu não retornar para prisão e continuar sua vida no crime.
Com isso, continuou trabalhando para Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, chefão do tráfico no Salgueiro. Se tornou o frente da comunidade por volta do ano de 2016, com a prisão do traficante Bigode, que era braço-direito de Rabicó. 3N ajudava o líder do tráfico na aquisição de armas, drogas e munições, inclusive vindo do Paraguai.
A quadrilha dominava não só o Salgueiro como também , Itaoca, Fazenda dos Mineiros, Luiz Caçador, Morro do Céu, Palmeiras, Conjunto da Marinha, Bairro 13 e outros
A atuação dos bandidos ia além dos limites territoriais de São Gonçalo, alcançando seus tentáculos nos municípios de Niterói, Itaboraí, Cachoeira de Macacu, Cabo Frio e Rio das Ostras.
Além da atividade do tráfico, 3N também praticava roubos de cargas e de veículos de luxo principalmente na Rodovia BR-101. Gostava de se exibir usando carrões pela favela para
reafirmar seu poderio perante os subordinados e população local, impondo-lhes respeito e medo quase intransponíveis.
Com a execução de Schumaker Antonácio do Rosário, líder do tráfico no Jardim Catarina, 3N ganhou notoriedade na mídia. Foi expulso do Comando Vermelho (CV) e se vinculou ao Terceiro Comando Puro (TCP).
3N deixou o Salgueiro com seus principais colaboradores, Alexandre de Souza Lima, o Xandinho e Luis Carlos Monteiro Cunha, o Ricardinho, em um bonde em vários carros, com drogas, armas, dinheiro e grande quantidade de fuzis.
O bandido chegou a montar base no Complexo da Maré, no Rio, um dos principais redutos do TCP, e enviado grande quantidade de drogas e armamentos para a tomada de comunidades, o Buraco do Boi, no Barreto, em Niterói, e o Jardim Miriambi e da Caixa Dágua, no Vila 3, em São Gonçalo. Tentou atacar também o Salgueiro e teria envolvimento ainda na recente retomada de comunidades perdidas pelo TCP na região do Fonseca, em Niterói.
Desafiou a polícia várias vezes. Uma delas foi o seu casamento em janeiro. Ele promoveu um festão para celebrar o seu matrimônio. A cerimônia, realizada numa igreja, teve direito a convidados e bombou nas redes sociais. A noiva postou várias fotos do casal, mas teve o cuidado de encobrir o rosto do marido com um desenho ao publicar a foto em seu perfil no Instagram. Ela chegou a presa no Complexo da Maré em uma casa onde foram encontradas drogas e carregadores de fuzil.
Outro caso que chamou atenção foram fotos divulgadas nas redes sociais em que ele aparece rendido por dois homens armados com fuzis.
Um áudio que circulou mostrou uma declaração de um homem dizendo que pagaria R$ 250 mil para não ser entregue a criminosos rivais. "Prefiro ser morto do que ser entregue aos alemão", disse a gravação na época.