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Sérgio Cabral confirma que Adriana Ancelmo sabia de caixa paralelo

'Parece desespero pelos quase 300 anos de pena já impingida', diz nota da defesa

Por Portal Eu, Rio! em 10/02/2020 às 17:31:06

Adriana Ancelmo ao sair do depoimento. Foto: Ellan Lustosa/Agência Eu, Rio!

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, prestou depoimento nesta segunda-feira (10) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. No início da audiência judicial, Cabral confirmou, pela primeira vez, que sua esposa, a advogada Adriana Ancelmo, sabia da existência de seu "caixa paralelo" formado a partir de dinheiro público desviado da administração estadual fluminense.

"Ela sabia do caixa paralelo, sabia que meus gastos eram incompatíveis com a minha receita formal", disse Cabral no depoimento. O ex-governador revelou ainda que a mulher "usufruiu largamente desse caixa". Ele confirmou as acusações dos procuradores. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cabral ocultou cerca de R$ 4 milhões desviados com a ajuda do empresário Italo Garritano, dono do restaurante japonês Manekineko. O processo teria ocorrido por meio do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo em 16 oportunidades entre 2014 e 2016.

Terceira a depor na mesma audiência, Adriana Ancelmo reafirmou o que já havia declarado em um processo anterior, em que negou o esquema de uso de seu escritório e afirmou que a relação com a rede de restaurantes envolvia prestação de serviços. Em nota, o advogado da Adriana Ancelmo, Alexandre Lopes, atribuiu as declarações de Cabral ao desespero diante das condenações, que somam mais de 280 anos.

"Não vejo como possível levar a sério esse novo depoimento de Sérgio Cabral. Se ele sequer mencionou o fato à Polícia Federal, ao que se sabe, em sua delação, passa-se a ideia de que o ex-governador quer se posicionar como um colaborador da Justiça, confessando tudo o que lhe for perguntado, a fim de auferir benefícios que nem mesmo o Supremo Tribunal Federal concedeu. Parece desespero pelos quase 300 anos de pena já impingida", diz a nota.

Primeira vez em delação premiada

É a primeira vez que Cabral é ouvido como delator, já que o acordo de colaboração dele com a Polícia Federal foi homologado pelo ministro Edson Fachin, mesmo a contragosto do Ministério Público Federal (MPF). Com isso, ele será filmado nos depoimentos, procedimento adotado com delatores e que valeu para o ex-governador na oitiva.

O juiz da 7ª Vara Criminal do Rio aceitou em outubro de 2018 a denúncia. O MPF acusa o ex-governador, Adriana Ancelmo, o então sócio dela no escritório de advocacia, Thiago Aragão, e o dono da rede Manekineko, Italo Garritano, pelos crimes de lavagem de dinheiro, entre 2014 e 2016, e pela ocultação de cerca de R$ 4 milhões desviados dos cofres públicos. O grupo teria emitido notas fiscais falsas relativas a serviços prestados pelo escritório de Adriana ao restaurante japonês.

Garritano repassava, por meio do pagamento de boleto, dinheiro ao escritório de Adriana Ancelmo para que eles pagassem os funcionários de seu restaurante. Isso para evitar, como vinha ocorrendo, que o estabelecimento fosse alvo de mais ações trabalhistas por conta dos pagamentos "por fora" dos salários dos empregados. Como delator, Garritano se comprometeu a pagar 36 parcelas de R$ 50 mil em multas.

Além do crime de lavagem de dinheiro, a mulher de Cabral, seu ex-sócio e Garritano, que se tornou delator, também são acusados de terem falsificado documentos públicos. Eles teriam fraudado carteiras de trabalho de funcionários com intuito de desonerar-se do pagamento de encargos e direitos trabalhistas, segundo o MPF. Em delação premiada, Garritano explicou ao MPF como parte do dinheiro do esquema era lavado por meio do escritório Ancelmo Advogados, em que Aragão era sócio de Adriana.

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