Witzel cobra ajuda financeira do Governo Federal para o combate à Covid-19

O governador Wilson Witzel afirmou, nessa quinta (26), que só poderá manter as medidas protetivas no estado se o Governo Federal fizer a sua parte e ajudar financeiramente o Rio.

Segundo Witzel, com o comércio fechado, um caos financeiro se alastrará pelo estado e cidadãos do Rio de Janeiro poderão não ter o que comer por falta de recursos para se manterem.

"Se o governo federal, até segunda-feira, não apresentar algo que dê esperança para que as pessoas possam saber que não vão morrer de fome e não vão ter um cataclismo nas suas vidas, vai ser muito difícil continuar com essas medidas protetivas, porque nós não podemos brigar e pedir para as pessoas ficarem em casa. Não podemos falar para que as empresas fiquem fechadas, se quem tem condições de socorrer, que é o governo federal, e tem dinheiro pra isso, não tomar as providências. A responsabilidade passa a ser deles. Não podemos pedir para autônomos e pequenos empresários ficarem paralisados, se não houver uma sinalização imediata do ministro Paulo Guedes que ele vai colocar, pelo menos, R$ 500 bilhões na economia, que é a cifra que nós, mais ou menos, imaginamos que deve ser colocada na economia", disse o governador.

A declaração do governador de, possivelmente, abrir o comércio causou preocupação às entidades médicas do estado, já que a próxima semana é avaliada como o período ápice de contaminação pelo coronavírus.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) se manifestou contrário à declaração do governador e emitiu uma nota repudiando a possibilidade de afrouxar o isolamento social.

"O Cremerj segue a orientação da Organização Mundial de Saúde e não poderia ser de outra forma, por ser o órgão máximo da saúde no mundo. O isolamento total nas duas primeiras semanas ou três, dependendo da curva, quando ocorre o achatamento, pode começar a ser afrouxado esse isolamento a partir de 15 dias. Ainda estamos numa curva crescente. O número de casos aqui no estado, com todas as medidas de isolamento que estão sendo adotadas, ainda está aumentando. As emergências continuam abarrotadas de pacientes com quadro da corona virose, que é o Covid-19, e nós precisamos nesse momento nos afastar do risco de sermos infectados."

Após a manifestação das autoridades médicas sobre o assunto, o governador Wilson Witzel voltou atrás no posicionamento, mantendo as medidas protetivas, e criticou a mudança de atitude do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que passou a adotar o mesmo posicionamento do presidente Jair Bolsonaro de manter o isolamento social apenas para maiores de 60 anos.

"Da noite para o dia, vejo o ministro da Saúde, que é a autoridade máxima da Saúde no Brasil e orientador das nossas ações, mudar de opinião. Diz que começamos o isolamento cedo demais, critica a quarentena e lava suas mãos, indo na mesma direção das falas do presidente. Estou estarrecido com a politização de uma situação tão grave como essa. Esse novo posicionamento do ministro Mandetta nos surpreende e deixa a sociedade zonza e confusa sobre o que fazer. Fico em casa ou não fico em casa? Isso é inadmissível porque o ministro mudou totalmente sua visão sobre o isolamento social das pessoas, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde. Isso é hora de fazer política? Em relação ao governo federal, vou aguardar uma resposta concreta sobre o pedido de ajuda de injeção de recursos da nossa economia até a próxima segunda-feira", afirmou Witzel.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro pretende aguardar até o dia 06 de abril para analisar a curva de contaminação no estado e obter um posicionamento da União, a fim de decidir qual decisão irá tomar sobre a manutenção ou não do isolamento social.