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Com 200% de aumento da Covid-19, Japeri precisa vencer desafios

Em apenas 24 horas, cidade registrou três novos casos do vírus

Por André Uchôa em 10/04/2020 às 20:32:34

Foto: Divulgação/ Secretaria de Saúde de Japeri

Sem leitos exclusivos de UTI e apresentando uma das piores colocações no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, a cidade de Japeri tem grandes desafios pela frente no combate à pandemia do novo coronavírus. Uma recente pesquisa realizada pela Casa Fluminense aponta que 300 mil domicílios da Região Metropolitana do Rio têm mais de três pessoas dividindo um único quarto, entre eles a cidade da Baixada Fluminense com 14%.

Um dos desafios do município é a implementação rápida de leitos para tratamento dos casos graves da Covid-19. A Organização Mundial da Saúde recomenda um leito para cada 10 mil habitantes. Atualmente, a cidade conta com apenas três leitos, ainda distante da meta da OMS.

Para Vitor Mihessen, que coordena a pesquisa da Casa Fluminense, a falta de acesso a direitos marca historicamente o cotidiano das periferias e favelas e no contexto da Covid-19 não seria diferente. "A pandemia tem escancarado as desigualdades nas metrópoles, o indicador de adensamento habitacional excessivo do Rio ajuda a mostrar que é preciso assegurar habitação adequada e renda básica para a população permanecer em distanciamento social".

A secretária municipal de saúde de Japeri, Rose Moraes, em entrevista ao Portal Eu, Rio!, disse que a cidade já concluiu a estrutura de um hospital de campanha, que ficará próximo à sede da Prefeitura.

"O hospital já está 90% concluído e terá 50 leitos de UTI. Ela já está equipada com ar condicionado e só aguardamos o estado disponibilizar os leitos com respiradores, monitores cardíacos e desfibriladores. Os balões de oxigênio já temos", disse a secretária.

O secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, explica que o Governo do Estado estará prestando apoio à população mais pobre e cidades com menos recursos.

"Além de preparar a rede de saúde estadual para a guerra contra o coronavírus, também estamos colaborando para que os municípios fortaleçam suas políticas de enfrentamento. A população precisa fazer sua parte ficando em casa", afirma Edmar, que não comentou sobre a destinação de aparelhos para às cidades.

Rose disse que Japeri já reservou quartos em pousadas. "Quando tem um idoso que mora em casa pequena ou com muitas pessoas, reservamos diversos quartos para atender essa demanda", anunciou.

O primeiro caso do novo coronavírus na cidade foi confirmado na terça-feira (7). Já nesta quinta (9), o número de pessoas infectadas subiu para 3, um aumento de 200% nas últimas 48 horas. Rose disse que a cidade tem três centros de triagem e as medidas restritivas estão sendo atualizadas conforme as orientações do Governo Estadual.

A gestora da saúde municipal ainda explicou que diariamente os agentes da Guarda Municipal estarão nas ruas para inibir a aglomeração de pessoas nos bancos e comércios.

DINHEIRO SERÁ UM PROBLEMA

Longe das metrópoles — que concentram grande parte dos recursos e leitos — a cidade de Japeri enfrentará dificuldades no tratamento de casos mais graves da doença. É o que aponta o especialista em economia, Fábio José. "A epidemia pela qual o Rio de Janeiro passa deve ser enfrentada com o que se tem. Nunca o que temos será suficiente. É dever do poder público se organizar e utilizar o apoio da iniciativa privada para organizar o sistema de referência para os casos graves", afirma.

Para o mestre em sociologia pela UFRJ, Adriano Moreira, o cenário atual reflete questões do passado. "É importante garantir o acesso das pessoas em situação grave aos leitos de UTI. Isso não será resolvido da noite para o dia, porque neste caso a pandemia expressa a ausência de políticas públicas nestas áreas sempre reclamadas no Brasil", destaca o coordenador executivo do Fórum Grita Baixada, que percebe um maior engajamento da sociedade civil nas ações de assistência.

Já outra realidade, que bate a porta, é a renda per capita dos cerca de 110 mil habitantes, que não chega próximo a um salário mínimo, conforme apontam os dados do IBGE. Para vencer este dilema, a secretária municipal de Assistência Social e Trabalho, Thallyta Protazio, disse ao Eu, Rio! que já recebeu recursos do estado e irá definir um ponto para acolhimento das pessoas idosas.

"Estamos finalizando a organização do Mutirão Humanitário para reduzir a vulnerabilidade provocada pelo isolamento social. São 14 mil famílias identificadas no perfil de extrema pobreza, de situação de pobreza e de baixa renda. Estamos ainda com a previsão de, até a próxima sexta, finalizar e definir um ponto de acolhimento para idosos que sejam identificados em áreas que lhes ofereçam risco de contaminação do COVID-19", informou.



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