O retorno da avifauna aos centros urbanos e da biodiversidade marinha às água da Guanabara, devido ao Covid-19, motivaram ainda mais o movimento "Baía Viva" a investir no projeto "Universidade do mar – Centro de Pesquisas Marinha e Oceanográfica (Baía de Guanabara)". O isolamento social como medida para prevenção ao coronavírus gerou um impacto significativo que reduziu o número de veículos que circulam no Rio de Janeiro. Umas das consequências desse fenômeno foi a melhoria na qualidade do ar e a redução da poluição atmosférica, que também influenciou na despoluição dos rios e oceanos.
Nas últimas semanas, por exemplo, a boa qualidade da água permitiu o surgimento de diversos animais no entorno da Baía de Guanabara. Segundo o movimento Baía Viva, isso se deve a três fatores: às marés oceânicas, a hidrodinâmica, que é um processo de autodepuração que ocorre de 15 em 15 dias, além do colapso da economia mundial, que gerou uma redução do tráfego de navios nas águas da Baía.
Neste contexto, o programa "Universidade do Mar" será aberto e voltado ao desenvolvimento das áreas de ensino, pesquisa e projetos de extensão. Além disso, ele buscará soluções tecnológicas sustentáveis na perspectiva da economia de baixo carbono.
A implementação da instituição
no arquipélado da ilha de Paquetá, mais especificamente em Brocoió, tem por finalidade proteger a paisagem cultural, natural e a ecologia da região. Desse modo, os organizadores acreditam que vai ser possível contribuir, por meio da formação de um consórcio de universidades e órgãos públicos, para a conservação das espécies marinhas ameaçadas de extinção. Entre elas estão animais como o boto-cinza, que é um símbolo do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com os idealizadores, a "Universidade do Mar" deverá ser instalada no antigo equipamento público, "Solar del Rei", que está fechado há 10 anos. O movimento "Baía Viva" e a Associação de Moradores da Ilha de Paquetá (Morena) resolveram se unir com a proposta de fortalecimento da educação ambiental e do cuidado com a vida das espécies vegetais e animais.
Ialê Falleiros, integrante da diretoria da "Morena", acredita que a ação também beneficiará crianças e adolescentes.
"Temos expectativa de impactar a vida de crianças e jovens de Paquetá e daqueles que nos visitam, no que tange à sensibilização para as questões ambientais que envolvem a Baía de Guanabara. Será possível abrir horizontes quanto à sua formação profissional, bem como em relação aos moradores que vivem da pesca e poderão se beneficiar dos cursos a serem oferecidos", afirmou.
Até Março de 2020, a iniciativa já contava com uma carta de apoio institucional de mais de 20 departamentos e laboratórios de várias instituições educacionais públicas e privadas. O professor Marcos Bastos, diretor da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), adiantou que esse tipo de parceria vai somar na preservação da baía.
"A faculdade de Oceanografia atua de forma histórica e contundente na Baía de Guanabara, nas áreas das oceanografias biológica, física, geológica e química. E com nosso navio poderemos atuar ainda mais, e se for implantado um centro de pesquisa, entendo que a Baía ganhará muito com isso", disse Marcos.
Vale destacar que alguns programas, projetos e atividades também serão disponibilizados para movimentar a "Universidade do Mar" e mobilizar a população. Entre eles estão a criação de cursos de nível superior, atividades de campo e oferecimento de disciplinas extracurriculares e cursos de formação nas áreas socioambiental, de biodiversidade, recursos hídricos e gestão costeira.