O vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Diogo Leite Sampaio, disse na quarta-feira (29/4) que pelo menos 6 mil profissionais de saúde já foram contaminados por coronavírus no País. Segundo ele, a contaminação dos médicos gera não apenas a perda da força de atendimento, como o aumento da contaminação. "O profissional de saúde contaminado passa a ser vetor de transmissão", alertou. Diogo Sampaio participou da reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados sobre ações de combate ao coronavírus no Brasil.
No Amazonas, por exemplo, são 400 profissionais contaminados, o que significa 10% do total de casos. Em Pernambuco, 1.300 profissionais - 25% dos casos. Ele informou ainda que a entidade já recebeu mais de 3.300 denúncias de falta de equipamentos. Até o momento, as máscaras (N95 e PFF2) representam 86% das queixas. Ele ressaltou ainda a falta de álcool em gel nas unidades de saúde, que representa 35% das queixas.
Secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, o coronel Antônio Elcio Franco Filho também participou da reunião e disse que, para a falta de álcool em gel, há solução alternativa - pias com água e sábado. Ele salientou que a cobertura de vacinação para a gripe Influenza está baixa entre os médicos e pediu que os testes rápidos disponíveis sejam utilizados prioritariamente pelos profissionais de saúde.
Secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Gustavo Leipnitz Ene afirmou que todos as solicitações feitas pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em reunião há 45 dias, foram atendidas, como a liberação de recursos e a busca da oferta de produtos críticos. Segundo ele, o ministério acionou as entidades empresariais para o desenvolvimento de produtos como EPIs e ventiladores pulmonares, além ter zerado o imposto de importação de todos os produtos e insumos voltados ao combate à Covid-19.
No caso de máscaras, por exemplo, a previsão para abril era de produção de 6 a 7 milhões de máscaras. A partir da conversão de parte do parque industrial, a previsão é de que a produção chegue a 20 milhões de máscaras. Conforme ele, para isso, o ministério contou com a colaboração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), de montadoras de automóveis e da industria de celulose e de TNT também.
Já no caso do álcool em gel, faltava o insumo para o gel, mas, segundo Gustavo Leipnitz Ene, a partir das ações do ministério, já é possível encontrar álcool em gel nas farmácias e supermercados novamente nesta semana. Em relação aos ventiladores pulmonares, Gustavo destacou que apenas quatro empresas nacionais produzem cerca de 1 mil ventiladores por mês. A partir das ações em andamento, 14.900 serão entregues nos próximos 90 dias pela industria nacional.
Desoneração de importações, sem contrapartida às fábricas nacionais, é "desincentivo" à produção local
Márcio Bósio, diretor Institucional da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos, acredita que hoje existe um "desincentivo" à produção no Brasil dos materiais. "Só foram desonerados impostos de importação. Até o momento não há desoneração para os produtos nacionais, isso é uma demanda urgente", ressaltou Ele observou ainda que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não fiscaliza produtos importados, mas fiscaliza os produtos brasileiros.
De acordo com Bósio, a indústria enfrenta problemas de financiamento. "A única empresa brasileira que fabrica luva de procedimento, por exemplo, aguarda há mais de 30 dias análise do BNDES e do Banco do Brasil de seu financiamento", citou. Ele considera importante discutir política de fomento à inovação de produtos da área médica.
Presidente da comissão externa, o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) destacou que vai estudar a elaboração de projeto de lei sobre a desoneração de impostos para os produtos nacionais.
Agência Câmara de Notícias