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MPF cobra na Justiça Hospital em Nova Friburgo, sob pena de crime de desobediência por Witzel

Unidade prevista para abertura no final de abril segue sem adicionar um leito sequer dos 100 do Plano de Contingência da Covid-19

Por Portal Eu, Rio! em 19/05/2020 às 16:06:50

MPF cobrou na Justiça que Estado instale hospital de campanha em Nova Friburgo, na Região Serrana, sob pena de responsabilização pessoal e crime de desobediência para governador Wilson Witzel Foto Agê

O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública, com pedido de tutela de urgência, para que o estado do Rio de Janeiro e o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) implementem, disponibilizem e ponham em funcionamento todos os leitos de hospital de campanha previstos no plano estadual de resposta à covid-19 no Estado do Rio de Janeiro (40 leitos de UTI e 60 de enfermaria) para Nova Friburgo e região, no prazo de 5 dias, sob pena de responsabilidade pessoal e crime de desobediência (art. 330, CP). De acordo com o MPF, o atraso na abertura dos novos leitos gera risco de colapso do SUS local e causa o prolongamento de decretos municipais que restringem o exercício de atividades econômicas e direitos fundamentais, como o direito ao trabalho.

Formalizado na sexta-feira, 18/5, o pedido prevê, caso aprovado, que, em 48 horas no máximo, o Governo fluminense e o Iabas deverão apresentar relatório das pendências de estrutura, quadro de pessoal, insumos e equipamentos médicos-hospitalares e medidas em curso para o funcionamento dos leitos. O documento deverá conter ainda explicações específicas sobre leitos de UTI e leitos de enfermaria, bem assim um cronograma para inauguração dos novos leitos. (ACP nº 50008274120204025105, 1ª Vara Federal de Nova Friburgo). A cidade serrana tem 114 casos confirmados e dez mortes por Covid-19, de acordo com o boletim mais recente da Secretaria Estadual de Saúde, com dados até as 16 horas de segunda-feira, 18 de maio.

A previsão inicial para a abertura do hospital era final de abril. Porém, essa data foi adiada outras vezes. Até o momento, de acordo com inspeções realizadas pelo MPF, o hospital não conta com os 60 leitos de enfermaria e 40 de terapia intensiva previstos no cronograma fornecido pelo Iabas, entidade contratada pela Secretaria estadual de Saúde para a instalação de novos equipamentos no estado do Rio de Janeiro pelo valor de R$ 835.772.409,78.

Em 30 de abril, quase um mês depois do contrato, foi celebrado Termo Aditivo, e o valor total também foi decrescido para mais de R$ 770 milhões. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde pagou adiantado R$ 68 mil para a quitação dos respiradores e demais despesas necessárias à montagem do hospital de campanha. Porém, mesmo com os pagamentos adiantados, passados dois meses, o hospital de campanha de Nova Friburgo permanece de portas fechadas e sem adicionar nenhum leito à rede SUS que atende a região, embora o aditivo dispusesse que até 27 de abril o hospital contaria com 60% de execução das obras.

Em inspeções realizadas pelo MPF e também pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), no começo deste mês, ficou demonstrada pouca evolução diária, ritmo lento no canteiro de obras e retardo na contratação de agentes de saúde. Constatou-se, ainda, que apenas o tomógrafo se encontrava em fase de finalização de instalação. Em relação ao restante do hospital de campanha, havia pendências importantes na parte de estruturação e na montagem do leitos, além da ausência de instalações hidráulica e de esgoto. Parte do material a ser utilizado ainda não havia chegado ao Ginásio Esportivo Frederico Sichel, como os próprios leitos, inviabilizando o andamento dos trabalhos de montagem.

Em segunda inspeção no local, no último dia 15, o MPF constatou pouca evolução na obra e a persistência de inúmeras pendências. "O atraso injustificável verificado no HCamp de Nova Friburgo se dá pela mora na montagem e instalação de estruturas ordinárias previstas em contrato, como tendas, esgotamento sanitário, leitos e equipamentos médicos. O recrutamento de agentes de saúde, que demonstra estar ainda em estágio inicial, é mais uma pendência inescusável na implementação do hospital de urgência", destacou o procurador da República João Felipe Villa do Miu, autor da ação.

Fonte: Com site do Ministério Público Federal

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