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Passeata pela legalização do aborto reúne centenas de pessoas no Centro do Rio

Por Caroline Carvalho em 23/06/2018 às 12:45:37

Mulheres fazem marcha pela legalização do aborto no Centro do Rio (Vanessa Ataliba)

Centenas de pessoas fizeram nesta sexta-feira, 22, uma passeata pelo Centro do Rio de Janeiro em defesa da legalização do aborto até a 12ª semana de gestação. As pessoas presentes - mulheres, em maioria - se concentraram nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro com faixas e cartazes cujas mensagens pediam que a interrupção da gravidez se torne um processo legal. Desta forma, procedimentos cirúrgicos públicos e saudáveis estariam garantidos..

Alessandra de Moraes, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), salientou que até a 12ª semana o feto não tem sistema neural e nem coração, e reforçou que essa decisão não é por mera vontade da mulher. "Ninguém faz aborto porque quer. É um ato de desespero. Pedimos políticas públicas e atendimento médico em postos de saúde".

A passeata teve como fator impulsionante a recente decisão da Argentina de legalizar o aborto. Ivana Fortunato, psicóloga, afirma que o debate do assunto é urgente, pois muitas mulheres morrem em decorrência de abortos mal-feitos - a proibição nunca impediu que eles ocorressem. "O fato de o aborto ser criminalizado não impede que aconteçam várias complicações decorrentes de cirurgias inseguras, uma vez que as mulheres pobres não têm dinheiro para pagar por uma clínica melhor. Um feto de até 12 semanas ainda não é uma vida. Não é alguém que sente, que pensa, é um conjunto de células. Não defendemos matar crianças, mas interromper a gestação nos períodos iniciais", disse Ivana.

Homens também se manifestaram favoravelmente durante a passeata. O historiador Ivan Dias afirma que a pauta é histórica e os argumentos levantados contra o aborto são religiosos e morais, em sua maioria. "A proibição do aborto leva a riscos. Não é bloqueando o debate que se avança", reforça Dias. É sabido que católicos e evangélicos são contra o aborto em quaisquer casos. A Igreja Católica, por exemplo, defende que a vida começa na concepção, quando o espermatozoide fecunda o óvulo, e por isso, a gravidez deve ser respeitada desde o início.

O grupo seguiu da Alerj até a Câmara Municipal, na Cinelândia, e não houve atos de violência - apenas a repreensão de um policial militar, quando algumas manifestantes picharam um cartaz colado na Câmara, onde havia críticas direcionadas aos defensores da legalização.

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