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A generosidade de mães doadoras do próprio leite materno a bebês que necessitam

Pediatra explica impactos na vida de mães e bebês que necessitam do produto

Por Edison Corrêa em 21/06/2020 às 12:00:00

A servidora pública federal Ingrid Rodrigues amamenta seu bebê Samuel, de 11 meses. Fotos da matéria: Divulgação

O estoque de bancos de leite humano (BLH) na cidade do Rio de Janeiro está em fase crítica. De acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, a queda foi de 25% durante a pandemia. Dados do Ministério da Saúde revelam que 300 ml de leite doado podem alimentar até dez recém-nascidos por dia. O leite materno é fundamental para bebês internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). "O leite materno é o único alimento que tem em sua fórmula todos os nutrientes necessários para o perfeito crescimento e desenvolvimento do bebê humano. O seu consumo exclusivo por até seis meses e depois até dois anos de vida ou mais, é garantia do melhor início de vida para nossas crianças", confirma a pediatra Lílian Cristina Moreira, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.


Lilian Cristina, Pediatra

Prática segura que incentiva outras mães

A servidora pública federal Ingrid Rodrigues, de 33 anos, é mãe de Samuel, de 11 meses. O bebê foi amamentado exclusivamente no peito até os seis meses, quando iniciou o processo de introdução alimentar. "Quando retornei ao trabalho após a licença maternidade, ele estava com sete meses e meio e ainda engrenando na alimentação sólida. Então, comecei a ordenha do leite para que minha mãe oferecesse a ele no período em que eu estivesse no trabalho", conta.


Ingrid e o pequeno Samuel, de 11 meses.

Porém, Samuel começou a se alimentar bem, sem necessidade do leite enquanto a mãe trabalhava. Com isso, o congelava e estocava. "Busquei informações sobre a doação de leite materno. Vi como é valioso e quantas crianças em UTI podem ser alimentadas com tão pouco. Pesquisei a rede de banco de leite humano (RBLH) da minha região e entrei em contato para saber os critérios para a doação. Fiz o cadastro, enviei exames recentes de hemograma, sífilis, HIV e hepatites B e C. Tudo via whatsapp! Eles fazem a coleta do leite na minha residência semanalmente e, ainda, trazem os potes estéreis para o armazenamento", salienta.

Ingrid revela que foi muito gratificante ser doadora de leite e saber que muitos "pequenos guerreiros" estão sendo salvos por causa dele. "Se desde que meu bebê nasceu, eu já tivesse as informações que tenho hoje sobre a importância da doação de leite materno, eu gostaria de estar doando desde os primeiros dias de vida dele", ressalta.


Família unida na doação de leite materno.

Apoio às mães

De acordo com Lilian Cristina, apoiar a mãe que amamenta, permitindo que toda criança receba leite materno, é promover uma infância mais saudável e, por conseguinte, adultos mais capacitados física, mental e emocionalmente. "O acesso universal ao leite materno produz uma sociedade mais justa e ecologicamente sustentável, pois se eliminam os custos – financeiros e ao planeta – da alimentação artificial dos bebês", observa a pediatra.

Papel dos bancos de leite

Os bancos de leite humano (BLH) cumprem papel fundamental, pois garantem uma dieta exclusiva aos bebês prematuros internados em UTIs. Eles são muito vulneráveis, e alimentá-los com leite humano, quer seja de suas próprias mães ou de doadoras, é fundamental para que sobrevivam, ganhem peso e possam ter alta hospitalar.

Como é feito o recolhimento do leite nos bancos?

Normalmente, o processo é muito simples, com todas as orientações dadas por telefone ou através de mensagens. Os BLH normalmente fornecem os frascos estéreis para recolhimento do leite, orientam a mãe doadora sobre como colher o leite materno e voltam uma vez por semana para recolher a doação.

Requisitos

Qualquer mulher que está amamentando pode ser doadora. Basta que produza um volume de leite além da necessidade de seu bebê. Também deve ser saudável, ter exames recentes normais e não usar medicamentos que impeçam a doação.

Caso de sucesso

"O Samuel, filho da Ingrid, é meu paciente desde o primeiro mês de vida. É mais um caso de sucesso no aleitamento materno exclusivo e prolongado. Sua mãe, além de amamentá-lo, se voluntariou a doar seu leite. Com essa atitude, ajudou a alimentar cerca de dez bebês prematuros por semana", afirma Lilian. Receber doações é fundamental para a sustentabilidade de um BLH. Amor e solidariedade de pessoas como a Ingrid salvam vidas prematuras.

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