O site de humor Porta dos Fundos desencavou um vídeo do início da pandemia. Nele, antes da escolha para assumir o papel de Regina Duarte, a Namoradinha do Brasil, na Secretaria de Cultura, o ator Mário Frias ataca quem fica em casa e critica quem está na tura durante a pandemia da Covid-19. Frias conta que chegou a pensar em deixar o Brasil, aproveitando o Green Card que 'seguramente teria' nos Estados Unidos, pela 'sólida carreira'. Agradece a Bolsonaro pela permanência no país, elogiando o governo.
No tweet com o link para o vídeo, Antônio Tebet, o 'gorilão da bola azul' em um dos maiores sucessos da Porta dos Fundos, julga oportuno esclarecer não ser o depoimento uma produção do site. Nos comentários ao retuitar, João Vicente, também ator e redator do site, se escangalha de rir, com três fileiras de 'hahaha'. O vídeo bateu 255 mil visualizações, e transformou-se na quarta ocasião em que Mário Frias bombou nas redes sociais.
A primeira foi a polêmica em torno da capa da Folha de S.Paulo sobre a nomeação para a Secretaria de Cultura, apresentando Mário Frias (que não é parente, ao menos próximo, da família controladora) como 'O novo homem do Presidente'. A foto em grande formato, com o ator pagando cofrinho e lançando olhar 43, despertou os instintos mais primitivos de internautas, com apoiadores de Bolsonaro festejando a reação negativa da opção do jornal entre defensores de direitos LGBTQI+, taachados por muitos deles como 'Lacrolândia'.
Frias causou ao comparar auxílio emergencial com esmola, ao lado do federal Eduardo Bolsonaro, o 03
A segunda vez em que Frias obteve grandes repercussão, polemizando com colegas de profissão, foi ao comentar a possibilidade de extensão do auxílio emergencial para trabalhadores da Cultura de renda mais baixa, como artistas de circo, músicos e cantores de rua, repentistas, artesãos, bonequeiros e cordelistas. Em conversa com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o ator disse que os artistas não quere "esmola", em referência ao auxílio emergencial de R$ 600 para o setor cultural aprovado pelo Congresso.
"Artista não quer esmola. A maioria que eu vejo diz: "Me deixa trabalhar. Não quero auxílio emergencial"", disse o ex-galã de malhação. A conversa foi compartilhada nas redes sociais do filho do presidente neste fim de semana.
Na conversa com o "03", como Eduardo é chamado pelo pai, Mário Frias também falou sobre a Lei Rouanet, de incentivo à cultura, e prometeu uma "auditoria" no acesso aos editais.
"O problema é quem abraçou a lei para uso exclusivo. A lei é para todos. O presidente diz muito bem quando diz que quer que todo mundo tenha acesso à lei", disse o substituto de Regina Duarte.
O secretário da Cultura afirmou ainda estar em sintonia com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Tudo que eu faço pode ter certeza que estou em comunhão com meu presidente".
Ator confirmou ida à Câmara para Frota e faltou, um dia após sanção da verba emergencial para Cultura
Na terceira vez em que foi tema dominante nas redes sociais, Frias deu as costas ao convite da Câmara dos Deputados. O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), que propôs a reunião, queria que o novo secretário apresentassee suas metas e objetivos para o setor. Cabe à Secretaria de Cultura lidar com temas como economia criativa, direitos autorais, preservação do patrimônio histórico e democratização do acesso a teatros e museus. Frias é o quinto secretário de Cultura do governo federal em 17 meses. Assumiu depois que o 'noivado' de Regina Duarte com Bolsonaro desandou de vez.
O deputado federal do PSL de São Paulo Alexandre Frota, autor do convite, chegou a publicar nas redes sociais um print com a confirmação da ida à Câmara pelo próprio Mário Frias.
De acordo com nota enviada pela assessoria do Ministério do Turismo, pasta que abriga a secretaria da Cultura, o deputado federal Alexandre Frota foi notificado na segunda-feira (29/6) sobre a "impossibilidade de comparecimento do secretário Mario Frias em virtude da incompatibilidade de agenda".
O encontrou reuniu deputados da oposição, como Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Benedita da Silva (PT-RJ) e Alessandro Molon (PSB-RJ), que classificaram a ausência de Frias como "desrespeito ao Parlamento". Segundo os congressistas, a conversa seria importante para esclarecer os projetos de Frias para a cultura e para cobrar a edição da medida provisória que vai liberar os recursos para implementação da Lei Aldir Blanc.
Sancionada na segunda-feira 29/6 pelo presidente Jair Bolsonaro, a lei prevê um total de R$ 3 bilhões para auxílio emergencial no setor cultural, um dos mais afetados pela crise causada pela pandemia de Covid-19. O governo, porém, precisa liberar recursos do orçamento para que a implementação seja efetivada.