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'A política influenciou ações da prefeitura no combate à Covid-19', critica pesquisador

'Fechar áreas ao ar livre e abrir atividades em recintos fechados é inversão de prioridade', diz o especialista

Por Cláudio Rangel em 22/07/2020 às 14:40:05

Ônibus lotado: preocupação com o coronavírus. Foto do leitor.

Comparando com outros países no mundo, o resultado da covid-19 no Rio é catastrófico. Esta é a opinião de Daniel Soranz, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, acrescentando que a prefeitura do Rio de Janeiro inverteu prioridades ao abrir setores de atividade que não eram necessários e fechou os locais abertos.

"A Itália registrou 57 óbitos a cada 100 mil habitantes. No Rio, foram 112 óbitos para cada 100 mil habitantes. Bloquear ruas e reduzir o tempo de funcionamento de comércios e estabelecimentos foi uma decisão errada. O que deveria ter sido feito era ao contrário, como na Itália, que ao sair do isolamento ampliou horários de funcionamento justamente para evitar aglomerações", explicou.

O pesquisador acrescentou que resultado foi o avanço íngreme da curva epidemiológica da covid-19 até o mês de maio.

"Em 14 de maio, a curva (da contaminação) alcançou o pico catastrófico. No final de maio para cá o número de casos sofre redução constante, mesmo depois da fase 3 da abertura. Mas estamos vendo que a prefeitura faz coisas sem sentido. Tanto na Inglaterra, quanto na Espanha e na Alemanha, por exemplo, os primeiros locais a serem abertos foram as praias e os parques. A prefeitura carioca faz tudo ao contrário. O prefeito fechou os locais abertos a abriu os fechados. Os outros países, ao contrário, aumentaram e ampliaram o horário de funcionamento de lojas, restaurantes e comércio", afirmou Soranz.


Daniel Soranz, pesquisador da Fiocruz. Foto: Reprodução

Retomada sem critério

Para o especialista, as restrições adotadas no início da pandemia foram medidas importantes para conter o avanço da doença, porém, a retomada não poderia ter sido feita sem critério. Enquanto a areia está fechada, o calçadão conta com aglomerações. Ele cita os vendedores ambulantes que estão proibidos de atuar nas praias.

"Nesta fase 4, as pessoas que trabalham nas praias (os ambulantes) não contam com políticos apoiando. Mas preferem abrir igrejas. A política influenciou as ações da prefeitura. O tratamento dado ao setor de transportes foi um dos equívocos. Houve redução do número de coletivos. Diminuíram os trens. A prefeitura reduziu 40% da frota do BRT, o que aumentou a densidade de pessoas por veículo", observou Soranz.

De acordo com dados da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, desde 12 de julho não há pacientes de covid-19 esperando na fila dos hospitais. O número de novos casos de contaminação sofre queda de 50 pacientes por dia.

"Não há como prever se haverá uma segunda onda da doença. Como também não é possível dizer que existe no Rio a situação conhecida como 'imunidade de rebanho'", concluiu o pesquisador.

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