Hoje (8), quando o país chegou à triste estatística de 100 mil brasileiros mortos pela covid-19, a ONG Rio de Paz, em protesto, perguntou: porque somos o segundo país em número de mortos? A frase ficou a manhã inteira fixada num banner de dois metros fixado na areia da praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Filiada ao Departamento de Informação Pública da ONU, em apenas dois meses, a ONG voltou a um dos cenários mais famosos do país para protestar contra a forma como o poder público tem conduzido a administração da crise sanitária.
Homenagem aos 100 mil mortos
O ato também foi uma homenagem aos 100 mil brasileiros mortos pelo coronavírus. Mil balões de gás vermelhos biodegradáveis foram espalhados pelas areias da praia. Cem deles, fixados em cem cruzes pretas.
A manifestação foi encerrada com a soltura dos balões, simbolizando as vidas que se foram. A dramatização foi conduzida pelo taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva que, no último ato público realizado pelo Rio de Paz, em junho, fixou novamente nas areias de Copacabana as cruzes que haviam sido derrubadas por um senhor que passava pelo local, contrário ao protesto.
Márcio Antônio teve um filho morto pela covid-19. Por isso, sua atitude indignada naquela manifestação. Amanhã (10), pela primeira vez, ele não terá a companhia do filho no Dia dos Pais. Na época, o Brasil ainda contabilizava 40 mil mortos pela covid-19.
"Poder público e sociedade precisam responder a uma questão para a qual nos remetem as 100 mil mortes por coronavírus: por que somos o segundo país em número de mortos? Da resposta racional, isenta e honesta a essa pergunta dependem as mudanças pelas quais o Brasil precisa passar a fim de vivermos num país no qual a santidade da vida humana seja respeitada", disse Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.